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(SÃO PAULO) – Poucas despesas são tão subestimadas pelos brasileiros quanto os custos de ter um carro na garagem. Em geral, as pessoas não percebem as diversas despesas que só tem quem possui um automóvel e simplificam o cálculo de forma que os gastos não pareçam tão salgados.
Mas vou detalhar nesse texto a fórmula que considero a mais correta para estimar os gastos gerados por um veículo para que você entenda como os “custos ocultos” podem facilmente elevar a despesa mensal de um carro comprado por R$ 50.000 para mais de R$ 2.500 mensais.
A fórmula é baseada na proposta apresentada pelo profissional CFP (certified financial planner) Valter Police no excelente livro “Meu Planejamento Financeiro”, com algumas adaptações feitas por mim mesmo.
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Inicialmente considere um veículo com as seguintes características:
Custo de compra do carro | R$ 50.000 |
Valor pago à vista | R$ 25.000 |
Valor financiado | R$ 25.000 |
Taxa efetiva de juros do financiamento ao mês | 1,50% |
Prazo do financiamento (em meses) | 60 |
Alíquota de IPVA no seu Estado para seu carro | 4,00% |
CDI | 12,60% |
Um carro como esse vai gerar algumas despesas que independem do valor pago pelo automóvel e são mais perceptíveis. Considerando meu próprio caso, descrevo abaixo as despesas que tinha quando ainda possuía um veículo:
Combustível | R$ 300 |
Multas | R$ 20 |
Manutenção / revisão / pequenos reparos | R$ 150 |
Pedágio | R$ 30 |
Estacionamento | R$ 200 |
Lavagem | R$ 40 |
Custo de oportunidade do aluguel da sua garagem a um terceiro se você não tivesse carro | R$ 200 |
Total | R$ 940 |
A seguir é preciso considerar os gastos que dependem do valor do carro – muitos deles não são notados pela maioria das pessoas.
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Considerei que o seguro custa 3% do preço de compra do veículo ao ano, o IPVA é de 4%, o dinheiro pago à vista renderia CDI se ficasse no banco aplicado, o valor do automóvel se deprecia a um ritmo de 10% ao ano e o custo das parcelas do financiamento inclui os juros mais a amortização:
Seguro | R$ 125,00 |
IPVA + DPVAT + licenciamento | R$ 181,67 |
Custo de oportunidade por não deixar o dinheiro no banco | R$ 248 |
Depreciação (ou perda de valor do veículo ao longo do tempo) | R$ 416,67 |
Parcela mensal do financiamento | R$ 634,84 |
Total | R$ 1.607 |
Pronto. Somando as duas contas, alguém que tenha comprado um carro de R$ 50.000 terá uma despesa total de R$ 2.547 por mês nessas condições.
Está surpreso? Acredito que as pessoas não percebam esse custo como tão elevado por três motivos:
1) poucos brasileiros fazem um controle mensal dos próprios gastos;
2) algumas despesas, como de manutenção, não são regulares e acabam não entrando na conta mesmo quando a pessoa possui uma planilha de orçamento pessoal; e
3) quase ninguém incluiria nessa conta “gastos ocultos” como o custo de oportunidade por não alugar a garagem no prédio onde mora, o custo de oportunidade por não deixar o dinheiro no banco rendendo juros ou a depreciação do veículo. Mas saiba que o diretor financeiro de qualquer empresa levaria tudo isso em consideração na hora de fechar o balanço da companhia.
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Você pode estar pensando que esse post não serve para você porque o custo de compra do seu carro é bem diferente de R$ 50.000, você nunca toma multas, não há despesas com estacionamento no seu caso, seu carro não é financiado, etc.
Eu já contava com isso. Por isso desenvolvi uma planilha (clique aqui para baixar) que calcula o custo mensal do seu veículo considerando seus gastos. A ideia é que você tenha uma ferramenta de decisão para avaliar se faz mesmo sentido ter um carro ou seria melhor usar o transporte público.
Não tenho a pretensão de mudar os hábitos de vida das pessoas. Entendo que carro é essencial para quem tem filhos pequenos, para pessoas de idade, para quem faz vários deslocamentos ao dia e para quem mora longe do trabalho, entre outros exemplos. Também sei que o transporte público deixa muito a desejar em quase todo Brasil.
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Mas convido os leitores a baixar a planilha, gastar um ou dois minutos preenchendo os campos com suas próprias estimativas de gastos, deixar a planilha fazer os cálculos observar a despesa total gerada por um carro ao mês e depois refletir se realmente faz sentido ter esse bem.
Lembre-se que esse dinheiro poupado e bem aplicado poderia ser suficiente para comprar uma casa – sim, um imóvel – ou antecipar em 10 anos sua aposentadoria.
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