De olho em um exército de influenciadores, startup recebe R$ 60 milhões

Hubla ajuda criadores de conteúdo a administrar grupos fechados no Whatsapp. Faturamento sextuplicou em 12 meses

Mariana Fonseca

Arthur Alvarenga, cofundador da Hubla (Divulgação)
Arthur Alvarenga, cofundador da Hubla (Divulgação)

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SÃO PAULO – A sensação de encontrar um criador de conteúdo a cada esquina não é apenas uma sensação. O mundo já tem mais de 50 milhões dos chamados creators e eles acumulam um faturamento anual de US$ 100 bilhões por meio de plataformas como Instagram, Twitch e YouTube, segundo estimativas da consultoria Signal Fire.

Esses influenciadores apostam cada vez mais em levar seus maiores fãs para comunidades próprias – onde os criadores têm maior controle sobre contato dos fãs, exposição dos conteúdos e monetização. A Hubla é uma startup brasileira que está de olho nessa transição para grupos fechadosm e acabou de conquistar R$ 60 milhões para expandir o número de criadores atendidos por seu software de criação e gestão de comunidades.

Os fundos Big Bets (que investiu em startups como Lemon, Justos, Único), FJ Labs (Enjoei, Instacarro, Loft) e Kaszek (Dr. Consulta, GetNinjas, Quinto Andar) participaram da rodada. Kevin Efrusy, sócio na gestora Accel e um dos investidores no Facebook, também aportou nessa série A.

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O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, conversou com o cofundador Arthur Alvarenga sobre o modelo de negócio da plataforma de comunidades pagas e sobre o presente e o futuro do mercado de criadores de conteúdo.

A “economia dos criadores”

A Hubla foi criada por Arthur Alvarenga, Bernardo Reis, Breno Oliveira, João Alvarenga e Raphael Capelão no começo de 2020. Porém, as origens do negócio datam de 2014.

Em uma temporada no Vale do Silício (Estados Unidos), os empreendedores conheceram o aplicativo para reunir vizinhos Nextdoor e tentaram replicar a ideia no Brasil. Não funcionou.

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“Ficamos apaixonados pelos chats que reúnem comunidades e trabalhamos cinco anos nessa solução. Mas essa dor de comunicação entre a vizinhança foi suprida pelo WhatsApp no Brasil”, diz Alvarenga.

Em 2019, os empreendedores ajudaram a amiga e influenciadora fitness Alessanda Marquiori no gerenciamento de seus grupos fechados. A criadora de conteúdo tinha desafios de emagrecimento e musculação que duravam 30 dias, e precisava cuidar manualmente da inserção e exclusão dos membros, do controle dos pagamentos e da moderação das mensagens trocadas pelos participantes. Alessandra economizou seis horas diárias do seu tempo, e o faturamento mensal cresceu 7,5 vezes em seis meses.

A influenciadora foi a primeira cliente da startup, que se chamava ChatPay e depois virou Hubla. “Ainda que ela fosse uma profissional, a plataforma não validava seu negócio e isso fazia sua administração ser amadora. Com essa experiência, vimos o conceito de chats que reúnem comunidades acontecendo e com potencial de monetização”, afirma Alvarenga. Uma segunda etapa de validação importante para o negócio foi sua aceleração na Y Combinator em agosto de 2020. A instituição americana já acelerou negócios como Airbnb, Coinbase, Rappi e Twitch.

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Uma terceira etapa de validação veio com o aprofundamento da pandemia. “Mais consumidores passaram a adotar tecnologia e ver valor em contratar uma aula pelo Zoom ou em comprar um produto exclusivamente pela internet. Foi essa massificação do consumo de produtos e serviços online que motivou mais pessoas a procurarem uma forma de monetização online. Agora, profissionais como chefs de cozinha, professores e psicólogos já redefiniram sua forma de trabalhar para um modelo mais escalável.”

A Hubla fornece uma infraestrutura que inclui página de vendas (landing page); sistema de pagamentos e de emissão de notas fiscais; gerenciamento integrado dos aplicativos de mensagens, como Telegram e WhatsApp; e dados financeiros do negócio.

Os criadores fazem conteúdo em áreas como educação, finanças, fitness, gastronomia, música e saúde. A startup se monetiza por meio de uma taxa de 10,9% sobre cada transação. A Hubla administra atualmente mil comunidades, que somam 60 mil assinantes mensais, e não divulga o volume de transações mediadas.

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Investimento e ampliação de criadores

Este não foi o primeiro investimento da Hubla. A startup recebeu US$ 125 mil da Y Combinator (R$ 700 mil na cotação atual). Também fez uma rodada semente de US$ 2,1 milhões (R$ 11,7 milhões) em 2020, que contou novamente com a Y Combinator e com os participantes da rodada atual Big Bets, Kaszek e Kevin Efrusy. O aporte de R$ 60 milhões será usado para melhorar a plataforma.

“O objetivo é ser a melhor plataforma para criadores de conteúdo ganharem dinheiro. Estamos reforçando as frentes de pagamento e de visualização de métricas financeiras. Os pagamentos devem ser processados de forma mais rápida e mais segura, e os empreendedores devem entender de forma mais simples se estão indo bem e quanto vão faturar nos próximos meses”, diz Alvarenga.

A Hubla cresceu seu faturamento em seis vezes nos últimos 12 meses. Também quadruplicou sua equipe ao longo deste ano, para 60 pessoas. Nos próximos 12 meses, espera quintuplicar sua receita e aumentar em 10 vezes o número de criadores em sua plataforma. “A economia dos criadores está em um cenário parecido com o do comércio eletrônico na década de 2000. Antes achávamos que seria um espaço apenas para os grandes, mas foi o momento de pequenos e médios ganharem uma participação relevante. Agora, criadores se monetizam a partir de suas pequenas comunidades”, analisa o cofundador.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.