Olist se torna mais novo unicórnio brasileiro, incluindo empreendedores no e-commerce

Startups cresceu três vezes em 2021, conectando vendendores a marketplaces como Amazon e Mercado Livre. Futuro é de expansão de soluções e de geografias

Mariana Fonseca

Tiago Dalvi, da Olist (Divulgação)
Tiago Dalvi, da Olist (Divulgação)

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SÃO PAULO – O Olist se tornou nesta quarta-feira (15) o mais novo unicórnio brasileiro. A startup conquistou uma avaliação de mercado em dólares bilionária após ter captado R$ 1 bilhão com investidores. O valuation exato não foi divulgado.

A série E foi liderada pelo fundo americano de private equity Wellington Management, que tem no portfólio empresas como Airbnb e Coinbase. Esse é o primeiro aporte do fundo em uma empresa privada na América Latina. Também participaram da rodada bancos e fundos como Corton Capital, Globo Ventures, Goldman Sachs, SoftBank e Valor Capital Group, além do investidor Kevin Efrusy (que aportou nos negócios latino-americanos Nuvemshop, Hubla e Sami).

O Olist foi criado há seis anos, com o objetivo de digitalizar donos de negócios. A startup começou com o Olist Store, um serviço para colocar lojistas nos marketplaces. A startup conecta vendedores a sites como Amazon (AMZO34), Americanas (BTOW3), Carrefour (CRFB3), Casas Bahia (VVAR3), Extra (PCAR3), Submarino, MadeiraMadeira e Mercado Livre (MELI34).

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A startup expandiu para a criação de lojas online em 2020. O Olist Shops permite abrir um e-commerce próprio gratuitamente e em três minutos, com compartilhamento do link da loja nas redes sociais e sistemas integrados de estoque, logística.

“O Olist sempre esteve na vanguarda do varejo digital, muito antes do hype em torno do crescimento do e-commerce nos últimos anos, que impulsionou ainda mais a busca pelas nossas soluções. Com o novo aporte, pretendemos ir muito além do que fazemos hoje e entregar cada vez mais valor ao nosso cliente”, afirmou Tiago Dalvi, CEO e fundador do Olist, em comunicado sobre o status de unicórnio.

Crescimento e concorrência

Dalvi começou a empreender ao ajudar seus pais com uma loja de shopping center. Estudando administração na Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi voluntário na Aliança Empreendedora, organização que fomenta novos negócios em comunidades de baixa renda. Dalvi entrou em contato com artesãos que tinham bons produtos, mas não sabiam como vender.

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O empreendedor abriu sua própria loja de shopping com esses produtos artesanais aos 19 anos de idade. Depois, colocou os artesanatos em quase 500 lojas de varejistas para ganhar escala. Dalvi estudou cases americanos, como eBay e Etsy, e transformou seu modelo em um marketplace online.

Chamado Solidarium, o empreendimento chegou a ter 15 mil lojistas e 80 mil produtos. Mas a concorrência de outros marketplaces de maior porte levou Dalvi a mudar o modelo de negócio. O Olist surgiu em 2015, com a ideia de ser a “maior loja de departamentos dentro das lojas de departamento”.

No primeiro mês de operação, o Olist superou toda a história da Solidarium. O negócio atende desde microempreendedores até empresários de médio porte. Ao todo, são mais de 100 mil lojistas atendidos pelas soluções da startup hoje. “O empreendedor não é apenas pouco sofisticado digitalmente. Ele precisa conseguir crédito, gerenciar catálogo, saber precificar e contratar o melhor operador logístico”, exemplificou Dalvi em uma entrevista anterior ao Do Zero Ao Topo.

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A concorrência é forte: existem outros players no setor de e-commerce construindo seus próprios ecossistemas, como Locaweb (LWSA3) e TOTVS (TOTS3). “Temos algumas sobreposições com essas empresas porque todo mundo quer construir o próprio ecossistema, mas temos um posicionamento um pouco diferente. Vejo como diferencial a conexão com o mercado amplo de e-commerce. Os marketplaces são grandes parceiros, por exemplo, porque entendem que digitalizamos o empreendedor pouco sofisticado e dependente do comércio físico”, disse Dalvi na mesma entrevista.

O futuro do Olist

O Olist realizou diversas aquisições de negócios desde abril deste ano, quando captou R$ 174 milhões em seu série D. Um exemplo foi a Tiny. O software inclui gestão operacional, financeira, contábil e comercial dos diversos canais de venda em um único sistema ERP. Novos M&As para fazer frente à concorrência e agregar ao ecossistema do Olist não estão descartados.

“As PMEs no Brasil enfrentam uma série de desafios para fazerem seus negócios darem certo. Temos um mercado fragmentado, que impõe um nível de complexidade extra para as empresas. Nosso objetivo é construir um ecossistema de soluções completo e integrado, seja desenvolvendo essas soluções internamente ou incorporando produtos já relevantes no segmento”, afirmou Dalvi no comunicado sobre o status de unicórnio.

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Também em abril deste ano, o Olist tinha colocado como meta crescer 2,5 vezes na comparação entre 2020 e 2021. A projeção foi superada: a startup já cresceu três vezes neste ano.

No começo de 2022, a startup vai inaugurar um centro de distribuição em Barueri, no interior de São Paulo. O objetivo é que os produtos dos vendedores cheguem rápido aos centros menores de distribuição da startup espalhados pelo país. Outra meta para o próximo ano é fornecer mais serviços financeiros. Os vendedores já podem contratar crédito para capital de giro e a Olist pretende lançar mais tipos de crédito que “acelerem vendas a partir do ecossistema da Olist.”

A expansão internacional é uma última frente de ataque do Olist em 2022. A startup já começou a operar no México e pretende ir a outros países da América Latina.

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“Estamos em um momento em que não há limites para inovar dentro do e-commerce (…). Somos fiéis à nossa essência e vamos continuar focados em acelerar as vendas dos nossos clientes, independente de onde elas aconteçam. No futuro, a dualidade entre online e offline não existirá. A multicanalidade passará a ser a regra”, disse Dalvi no comunicado.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.