Agências pedem suspensão de aplicação de vacina da Johnson & Johnson nos EUA após casos de trombose

Seis mulheres que tomaram o imunizante desenvolveram coágulos duas semanas após serem inoculadas e uma faleceu

Érico Lotufo

Frascos rotulados como de vacina contra Covid-19 em frente ao logo da Johnson & Johnson em foto de ilustração (REUTERS/Dado Ruvic)
Frascos rotulados como de vacina contra Covid-19 em frente ao logo da Johnson & Johnson em foto de ilustração (REUTERS/Dado Ruvic)

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SÃO PAULO — A Food and Drug Administration (FDA) e Center for Disease Control (CDC), agências do governo americano, pediram a suspensão imediata da aplicação da vacina Johnson & Johnson contra a Covid-19 após seis mulheres terem desenvolvido trombose. Elas haviam tomado o imunizante duas semanas antes de apresentarem os sintomas.

A medida, por enquanto, afeta apenas o uso federal da vacina e não precisa ser aceita pelos estados. No entanto, agências estaduais, como a do Massachusetts, já estão acatando o pedido.

Segundo a FDA, o pedido é apenas uma precaução para analisar melhor os efeitos da vacina. As seis mulheres que desenvolveram coágulos sanguíneos têm entre 18 e 48 anos de idade. Uma delas faleceu decorrente da trombose e outra está em estado crítico.

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“Nós estamos recomendando a pausa no uso desta vacina como uma forma excessiva de cautela,” disse Peter Marks, diretor do centro de avaliação e pesquisa biológica do FDA, em nota conjunta com Anne Schuchat, diretor do CDC. “Por enquanto, esses efeitos adversos aparentam ser extremamente raros.”

Mais de 7 milhões de pessoas já receberam a vacina da Johnson & Johnson nos Estados Unidos.

“Estamos cientes dos eventos tromboembólicos, incluindo os de trombocitopenia (queda do número de plaquetas no sangue) que estão sendo identificados com as vacinas de Covid-19. Até agora, nenhuma relação causal clara tem sido feita entre esses raros eventos e a vacina de Covid-19 da Janssen,” disse a empresa em nota.

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Questão logística

A vacina Johnson & Johnson, desenvolvida pelo setor farmacêutico do conglomerado chamada Janssen, é a única atualmente no mercado que necessita apenas uma única dose para garantir a imunização completa. Com isso, ela se torna importantíssima para a estratégia de vacinação dos Estados Unidos, por demandar logística menor.

Por exemplo, a vacina Janssen se tornou a principal forma de imunizar jovens que estudam nas universidades americanas. Com o fim do ano letivo em maio, uma vacina em dose única ajuda a garantir a vacinação dos jovens que daqui a pouco estarão retornando às suas cidades de origem para o verão. Os campi universitários, em geral, fecham os alojamentos estudantis entre meados de maio e agosto.

Com os problemas de distribuição da vacina da Johnson & Johnson, alguns estados já estudam coordenar entre si a aplicação das vacinas de duas doses. Por exemplo, Connecticut quer dar a primeira dose da vacina da Moderna ou Pfizer para os alunos antes do fim do ano letivo e garantir que depois recebam a segunda dose em seu estado natal.

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AstraZeneca também teve vacina suspensa

A vacina da AstraZeneca, empresa italiana, desenvolvida junto da Oxford, também chegou a ter sua aplicação suspensa por conta de suspeitas de ligação com casos de trombose na Europa. Em meados de março, cerca de 20 países, a maioria na União Europeia, suspenderam a aplicação da vacina.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), na época, deixou claro que não acreditava que havia riscos enormes na vacina. Segundo a agência, os benefícios da vacina eram muito maiores que os riscos.

Após garantirem que não havia ligação entre a vacina e casos de trombose, a EMA voltou atrás e afirmou na última semana que havia um elo claro entre os casos. Foram cerca de 44 casos de trombose entre os 9,2 milhões de europeus que receberam a vacina.

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