Após explosão em ponte na Crimeia, Rússia ameaça não renovar acordo de exportação de grãos da Ucrânia

Presidente turco Erdogan tenta convencer aliados russos a renovar acordo para escoar grãos por um corredor do Mar Negro

Roberto de Lira

(Getty Images)
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Uma explosão nesta segunda-feira (17) danificou a ponte de Kerch, a principal rota para a Rússia continental saindo da Crimeia. Segundo órgãos de comunicação russos, um casal morreu e sua filha adolescente ficou ferida num ataque atribuído a forças especiais da Ucrânia. O incidente aconteceu no mesmo dia em que iria expirar o acordo fechado no ano passado para a exportação de grãos ucranianos por meio de um corredor no Mar Negro.

Segundo informações oficiais, os alicerces da ponte não foram afetados pela explosão, apenas o pavimento.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse à agência de notícias estatal russa RIA que seu já notificou oficialmente a Turquia, a Ucrânia e a Organização das Nações Unidas (ONU) de que de que seu país não vai estender o acordo.

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À mesma agência, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o acordo de grãos com a Ucrânia havia “terminado de fato” horas antes de expirar. “O negócio de grãos cessou. Assim que as condições forem cumpridas, o lado russo retornará imediatamente ao negócio de grãos”, informou a BBC.

Na sexta-feira (14), depois de falar com Vladimir Putin ao telefone, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que ajudou a negociar o acordo no ano passado, disse estar otimista sobre as perspectivas de renovação. Erdogan disse que seu “amigo” Putin queria “continuar este corredor humanitário, apesar da declaração de Moscou esta manhã”.

Segundo a BBC, em 2022, mais da metade do trigo comprado pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas veio da Ucrânia. Segundo dados da ONU, dos grãos exportados no período,  47% foram para países de alta renda (incluindo Espanha, Itália e Holanda), 26% foram para “países de renda média alta (Turquia e China) e 27% foram para países de renda baixa e média-baixa (como Egito, Quênia e Sudão)

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Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, seus navios bloquearam os portos locais, retendo cerca de 20 milhões de toneladas de grãos que fizeram disparar os preços globais dos alimentos.

Os russo também ameaçaram o fornecimento de alimentos a vários países do Oriente Médio e da África, que dependem fortemente dos grãos ucranianos. Na ocasião, a ONU alertou que 44 milhões de pessoas em 38 países estavam enfrentando níveis de fome de emergência.

Desde que o acordo de grãos foi assinado em julho passado, os preços mundiais dos alimentos caíram cerca de 20%, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).