BC vê perspectiva de desaceleração do crescimento global e pressão inflacionária, diz ata do Copom

No âmbito doméstico, Copom diz que inflação ao consumidor segue levada, apesar da queda recente em itens mais voláteis e dos efeitos das medidas tributárias

Roberto de Lira

Logo do Banco Central na fachada da sede (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Logo do Banco Central na fachada da sede (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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O Banco Central avalia que o mercado de trabalho americano, assim como de outras economias avançadas, segue aquecido. No entanto, a reversão de políticas contracíclicas nas principais economias, os efeitos nos preços de energia na Europa por conta da guerra na Ucrânia e a política de combate à covod-19 na China reforçam a perspectiva de desaceleração do crescimento global nos próximos trimestres.

A projeção está na ata do Comitê de Política Monetária publicada nesta terça-feira (27), referente à reunião da semana passada, quando o Copom decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, interrompendo um ciclo de alta que perdurava desde março de 2021.

O BC vê uma normalização incipiente nas cadeias de suprimento e uma acomodação nos preços das principais commodities no período, o que deve levar a uma moderação nas pressões inflacionárias globais ligadas a bens.

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Por outro lado, o baixo grau de ociosidade do mercado de trabalho nessas economias sugere que pressões inflacionárias no setor de serviços podem demorar a se dissipar.

Ambiente doméstico

No âmbito doméstico, a divulgação do PIB apontou ritmo de crescimento acima do esperado no segundo trimestre.

Para o Copom, o conjunto de indicadores divulgados desde a reunião de agosto do Comitê indica crescimento ao longo do segundo trimestre, com uma retomada na margem, ainda que mais moderado, e o mercado de trabalho ainda em expansão.

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Segundo a ata,  a inflação ao consumidor, apesar da queda recente em itens mais voláteis e dos efeitos das medidas tributárias, segue elevada. As divulgações recentes foram fortemente influenciadas pela redução de preços administrados, em função tanto da queda de impostos quanto, em menor medida, das quedas dos preços internacionais de combustíveis.

“Além disso, itens relacionados a bens industriais, refletindo a queda de preços ao produtor e a distensão das pressões nas cadeias globais de valor, também apresentaram uma incipiente queda.”

2023 e 2024

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A ata do último encontro do Copom indicou ainda que a projeção para o IPCA de 2023 está em 4,6% no cenário de referência. Para 2024, a projeção para o IPCA está em 2,8%.

Atualmente, o horizonte relevante do Copom inclui os anos de 2023 e, em menor grau, de 2024, mas o BC optou por dar ênfase ao primeiro trimestre de 2024, cuja projeção é de 3,5% em 12 meses, para eliminar ruídos relacionados às desonerações tributárias adotadas este ano.

“O Comitê optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, que reflete o horizonte relevante, suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, mas incorpora os seus impactos secundários.”

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Para 2022, a estimativa de IPCA do BC é de 5,8%. “O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, repetiu na ata.

A projeção para 2023 está acima do centro da meta (3,25%), mas levemente abaixo do limite superior, de 4,75%. No caso de 2024, a estimativa está aquém do alvo central (3,00%, banda de 1,50% a 4,50%). Já para este ano, mesmo após as desonerações, a projeção segue indicando novo rompimento da meta, uma vez que supera o teto de 5,00%.

O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,20 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência.

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As projeções de IPCA do BC já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano, encerrando o mais longo ciclo de alta de juros da sua história.

Ata anterior

Na ata da reunião anterior, em agosto, as projeções de inflação no cenário que considerava juros do Focus e câmbio PPC eram de 6,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,7% para 2024.

(Com agências)