Biden deve ter nova conversa com líderes do Congresso sobre teto da dívida dos EUA

Negociações seguiram nos últimos dias, mas presidente fez forte discurso em Nova York contra ala radical do Partido Republicano

Roberto de Lira

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O presidente do Estados Unidos, Joe Biden, deve se reunir novamente com os líderes os partidos Republicano e Democrata nesta terça-feira (16) para dar andamento às negociações me relação ao pedido de elevação do teto da dívida americana. A janela de tempo para que saia algum tipo de acordo está ficando apertada, uma vez que a última projeção feita pelo Departamento do Tesouro é que o governo fique sem recursos para pagar os serviços e obrigações de sua dívida já em 1° de junho.

Caso o tempo se esgote, os Estados Unidos ficariam inadimplentes pela primeira vez em sua história, com implicações nefastas tanto para a economia doméstica como para a global.

Biden e os quatro principais líderes do Congresso conversaram sobre o limite da dívida na semana passada na Casa Branca, mas um novo encontro previsto para a última sexta-feira não aconteceu. O presidente deveria seguir ainda nesta semana para a reunião de cúpula do G-7 no Japão, mas ainda existe uma possibilidade de cancelar a viagem devido ao impasse sobre a dívida.

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O vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo, disse ontem em entrevista à CNN que as negociações entre os dois lados foram “construtivas” nos últimos dias, mas Biden fez  no domingo um discurso em Nova York no qual atacou a posição intransigente dos republicanos, especialmente a ala mais radical do partido, que ele chamou de “MAGA”. A sigla é um referência ao slogan de Donald Trump: Make America Great Again.

“Há uma ala muito extremista do Partido Republicano na Câmara dos Representantes. Eles tomaram o controle da Casa. Eles têm um presidente que tem seu emprego porque o cedeu ao, entre aspas, elemento ‘MAGA’ do partido”, disse Biden.

O presidente acusou essa ala do partido de estar mantendo a economia americana como refém ao ameaçar com a inadimplência da dívida. Biden afirmou que a exigência dos republicanos é que o orçamento volte aos níveis de 2022, mas mantendo os gastos com a Defesa e também os cortes de impostos praticados pela administração de Donald Trump, que obrigaria cortes extremos em áreas sociais.

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À plateia novaiorquina, Biden disse que o projeto de lei republicano colocaria 21 milhões de pessoas em risco de perder o Medicaid, incluindo 2,3 milhões de pessoas no estado de Nova York. “É devastador. Não está certo.”

Ele ainda disse que o plano cortaria 30 mil policiais federais, incluindo 11.000 agentes do FBI, 2.000 agentes de fronteira, além de agentes da DEA. Outro impacto direto seria a redução de 375 torres de controle de tráfego aéreo em todo o país.

Segundo o site Político, o Departamento do Tesouro tinha quase US$ 360 bilhões em poder de empréstimo na sexta-feira. Isso inclui US$ 316 bilhões em dinheiro, mais US$ 41 bilhões da “medida extraordinária” que os funcionários do governo podem usar para reforçar o colchão de empréstimos quando o governo estiver perto de atingir a chamada “Data X”.

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A estimativa é que o governo provavelmente precisará de algo entre US$ 200 bilhões e US$ 300 bilhões este mês para fazer todos os seus pagamentos. Ou seja, para junho, o Tesouro provavelmente precisará de entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões, com a maioria dos pagamentos adiantados para o início do mês.

Os republicanos querem 10 anos de limites rígidos de gastos e US$ 130 bilhões em cortes de despesas no ano que vem em troca do aumento do teto da dívida. O governo está pressionando por um acordo orçamentário muito mais curto e até uma autorização temporária de elevação do teto para prosseguir nas negociações ao longo do ano.

Tudo o que a Casa Branca não quer é reverter as conquistas legislativas de Biden, obtida quando ele tinha a maioria nas duas Casas legislativas, como benefícios federais para energias renováveis e alívio de empréstimos estudantis.

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A opção de o presidente invocar a 14ª da Constituição e elevar o teto da dívida sem a autorização do Congresso, admitida até por Biden na semana passada, poderá levar o caso para Suprema Corte americana.