Com prazo apertado, Câmara e Senado dos EUA discutem como evitar paralisação do governo

Prazo para "shutdown" é 1° de outubro e agência Moody's afirma que impasse pode levar a rebaixamento da nota de crédito do país

Roberto de Lira

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Políticos da Câmara e do Senado dos Estados Unidos têm estratégias divergentes nesta terça-feira (26) para aprovarem legislações de curto prazo sobre o orçamento federal que impeçam a paralisação (“shutdown”) do governo por falta de recursos. Ele correm contra o tempo porque à meia-noite do próximo sábado o governo terá de interromper vários serviços públicos e orientar que servidores fiquem em suas casas.

Segundo informa a Reuters, o Senado controlado pelos democratas planeja votar um projeto de lei provisório de financiamento, com apoio bipartidário, que daria ao menos mais um mês de folga para que uma solução definitiva seja adotada.

No entanto, o presidente republicano da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, pressionado pela parcela mais radical de seu partido, tenta avançar com quatro projetos com cortes nas despesas anuais que os especialistas acreditam não terem chances de virar lei porque refletem prioridades conservadoras.

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O Congresso fechou o governo 14 vezes desde 1981, mas a maioria dessas paralisações durou apenas um ou dois dias, sem um impacto significativo na maior economia do mundo.

Mas a agência de classificação de risco Moody’s alertou na segunda-feira (25) que um “shutdown”  desta vez teria implicações negativas para a classificação de crédito Aaa do governo dos EUA. O motivo é que há polarização política acentuada, há pouco mais de um ano da próxima eleição presidencial.

A Moody’s é a última das chamada “Três Grandes” empresas de crédito que ainda atribui aos EUA uma classificação Aaa com uma perspectiva estável – o padrão ouro para a qualidade do crédito.

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Os serviços governamentais dos EUA que poderiam ser interrompidos, envolvendo centenas de milhares de trabalhadores federais que ficariam ​​sem remuneração, abrangem desde a divulgação de dados econômicos sensíveis até o pagamento de benefícios sociais. Também incluem outras áreas menos cruciais. Em Washington, por exemplo, o Zoológico Nacional afirmou que teria de reduzir a festa de despedida de três pandas gigantes, que devem regressarem à China.

Segundo o analista da Moody’s, William Foster, se não houver uma resposta de política fiscal eficaz para tentar compensar essas pressões, existe a possibilidade de um impacto cada vez mais negativo no perfil de crédito do país. “E isso poderia levar a uma perspectiva negativa, potencialmente a um rebaixamento em algum momento, se essas pressões não forem abordadas”.

Após a divulgação do relatório da Moody´s, a principal conselheira econômica do presidente Joe Biden, Lael Brainard, alertou para os riscos causados ​​pelas manobras do Congresso. “A declaração de hoje da Moody’s sublinha que uma paralisação republicana seria imprudente, criaria riscos completamente desnecessários para a nossa economia e levaria a perturbações para comunidades e famílias em todo o país”, disse a diretora do Conselho Econômico Nacional, em comunicado.