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Tem sido cada vez mais comum ver empresas que oferecem produtos e serviços com o objetivo de gerar soluções para problemas sociais e ambientais e, ao mesmo tempo, gerar lucro. Além de vender, elas doam, reciclam, reflorestam, capacitam, empregam pessoas em situação de vulnerabilidade, entre outras diversas ações — porque um leque muito grande de desafios demanda diversidade de soluções.
Essas iniciativas estão inseridas no chamado “setor 2.5”: apresentam características tanto do segundo setor, que tem como foco o retorno financeiro, quanto do terceiro setor, que são as organizações sem fins lucrativos, com foco em gerar impacto socioambiental.
Negócios de impacto são empreendimentos que têm a clara intenção de solucionar um problema socioambiental por meio de sua atividade principal — seja seu produto/serviço e/ou sua forma de operação — de acordo com a lógica de mercado, com um modelo de negócio que busca retornos financeiros, e se comprometendo a medir o impacto que geram.
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A ideia vem dos anos 1970, quando o bengalês Muhammad Yunus desenvolveu o modelo de microcrédito para atender às famílias de pequenos produtores rurais em Bangladesh. Esse modelo focava no empréstimo às mães de família e, ao longo das décadas seguintes, foi replicado por diversos outros países. Yunus foi quem criou o termo “negócios sociais”, usado para descrever iniciativas empreendedoras que buscam solução para uma questão social ou ambiental.
Por sua proximidade com o setor social, surgem as dúvidas: o quão distante essas empresas estão das organizações da sociedade civil? Essas e outras perguntas vieram à tona na conversa com Rodrigo Cavalcante, CEO da certificadora Phomenta e entrevistado do podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, produzido pelo Instituto MOL com apoio de Movimento Bem Maior, Morro do Conselho Participações e Ambev, e divulgação do Infomoney.
“Temos pautas que dependem de doações: por exemplo, uma organização que defende os direitos humanos. Não dá para criar um modelo de negócio que financie sua operação, ela sempre vai depender de doações. Ao mesmo tempo, se olhamos para uma série de objetos, alimentos, necessários para a vida humana, aí vemos possibilidades de negócios sociais”, explica Cavalcante.
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A ideia ganha força em um contexto em que consumidores e colaboradores buscam empresas que olhem para o seu impacto de forma coerente e transparente, trazendo soluções para questões sociais complexas.
Segundo o Mapa de Negócios de Impacto Social e Ambiental, lançado em 2021 pela Pipe.Social, porém, ainda existem muitos desafios para as empresas que olham para o impacto social. O levantamento identificou que 8 em cada 10 negócios continuam entre os estágios de desenvolvimento da solução até organização de negócio, especialmente na busca por um modelo que gere alguma sustentabilidade financeira.
“A gente tem um DNA que fala pouco de negócios, fala pouco de dinheiro, fala pouco da viabilidade das soluções nesse olhar de negócios, e por isso isso esse reflexo também obviamente em negócios de impacto, ou até mais especialmente, porque a gente tá falando também de um mercado que traz muitas pessoas em busca de um propósito, em busca de uma realização de negócios com mais sentido pro mundo, e que não necessariamente vêm de um background de negócios”, diz Mariana Fonseca, cofundadora da Pipe.Social , também entrevistada para o episódio.
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O horizonte, no entanto, é animador. Uma das conclusões do estudo foi que, apesar de 58% dos negócios de impacto social ainda serem da região Sudeste, em seis anos — desde a primeira edição da pesquisa — houve um fortalecimento de outras regiões do país nesta agenda. Também caminhamos para uma maior equidade de gênero entre os empreendedores à frente dos negócios: 54% homens e 47% mulheres.