Guindos, do BCE, não se compromete com tamanho de novas altas de juros

Vice-presidente do BCE disse que inflação deve se aproximar da meta de 2% em 2024; cortes no gás russo podem piorar previsão

Roberto de Lira

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O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luís de Guindos, admite que novas altas de juros podem vir nos próximos meses, reforçando a determinação em fazer a inflação na Europa convergir para uma patamar de estabilidade de preços. Mas não quer se comprometer em antecipar quantas vezes isso pode acontecer, nem em qual intensidade.

“No Conselho do BCE não temos quaisquer estimativas da taxa final – o nível máximo para o qual as taxas podem subir – ou de taxa neutra – a que equilibra a economia em pleno emprego com inflação estável. Não decidimos nada”, disse em entrevista ao jornal português Expresso publicada neste final de semana.

Na semana retrasada, após o BCE ter elevado as taxas em 75 pontos-base, declarações mais fortes da presidente do banco, Christine Lagarde, levaram o mercado a projetar outro aumento da mesma magnitude na reunião de outubro.

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Projeção

Guindos reconheceu na entrevista que a inflação no bloco ainda está muito elevada – a taxa anual chegou a 9,1% em agosto – e que as projeções indicam que continuará alta pelo restante do ano. “Ela vai cair eventualmente, mas ainda permanecerá acima da nossa meta de 2% no médio prazo. Em 2024, projeta-se que a inflação seja de 2,3% em média na área do euro”, afirmou.

Essa projeção pode piorar e ficar em 2,7% caso ocorra um corte total das entregas de gás pela Rússia. Mesmo assim, o vice-presidente do BCE apontou que a inflação deve começar a cair para uma média de 5,5% em 2023.

“Há um alto nível de incerteza e a evolução da invasão russa da Ucrânia também desempenhará um papel fundamental. É por isso que queremos manter a flexibilidade o mais ampla possível para poder reagir a esse tipo de situação”, ponderou.

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Recessão

Sobre a possibilidade de recessão no continente, Guindos lembrou que as forças que estão por trás da desaceleração econômica são muito semelhantes às que empurram a inflação para cima.

“Temos um choque de oferta que está reduzindo o crescimento e simultaneamente aumentando a inflação. O que queremos evitar é o tipo de situação que tivemos na década de 1970, que também começou com um choque de energia seguido por efeitos de segunda ordem que tornaram as coisas muito piores”, lembrou.

Para ele, no entanto, a desaceleração da economia reduzirá as pressões de demanda, o que reduzirá a inflação, simultaneamente.

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(Com agências)