Impasse sobre envio de tanques pesados à Ucrânia permanece

Alemanha e França temem que liberação de veículos pesados de combate levem a Otan a uma participação direta na guerra contra a Rússia

Roberto de Lira

(Reuters)
(Reuters)

Publicidade

O impasse sobre o envio de tanques pesados para a Ucrânia por aliados ocidentais permaneceu neste final de semana, quando o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente da França, Emmanuel Macron, se reuniram para uma cúpula periódica franco-alemã, que acontece desde 1963. Os dois líderes têm evitado se comprometer com a ajuda pedida por Volodymyr Zelensky por temores de que isso possa levar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a um envolvimento direto no conflito contra a Rússia.

No momento, a polêmica envolve o envio dos modernos tanques de batalha Leopard 2 (com armamento e blindagem pesadas), de fabricação alemã, ou apenas a liberação para que nações que fazem uso do equipamento possam participar da ajuda à Ucrânia. Segundo análise do Financial Times, mais de 2.000 desses tanques estão em serviço na Europa, mas os contratos firmados com a Alemanha impedem sua cessão para terceiros.

O FT diz que tanques ocidentais – como o americano M1 Abrams, o britânico Challenger 2 ou o alemão Leopard 2 –  dariam ao exército ucraniano poder de fogo adicional para romper as linhas defensivas russas ou tomar a iniciativa militar antes de Moscou pudesse. Eles também seriam úteis para defender as linhas ucranianas contra uma possível retomada da ofensiva russa ainda neste ano.

Continua depois da publicidade

De acordo com reportagem da Deutsche Welle, Scholz manteve ao final do encontro com Macron a disposição de enviar equipamentos mais leves, como os veículos de infantaria do tipo Marder e os blindados de combate antiaéreo Gepard, além de sistemas de defesa Patriot.

Macron também evitou um compromisso de envio de tanques de combate do tipo Leclerc, embora tenha dito à imprensa que a opção não está excluída. Mas ele sujeitou a ajuda a três condições: que isso não signifique uma escalada do conflito, que haja soldados ucranianos prontos para usá-los e que isso não afete as capacidades da defesa francesa.

A França disse neste mês que enviaria um número não especificado de veículos blindados AMX-10, os “assassinos de tanques” , que são considerados por alguns analistas como tanques leves.

Continua depois da publicidade

Na última sexta-feira (20), representantes da Otan se reuniram na base área de Ramstein, na Alemanha, para discutir os pedidos de envio de equipamentos pesados para a Ucrânia, mas não conseguiram chegar a um consenso.

Grã-Bretanha, Polônia e vários governos europeus já disseram que estão preparados para armar Kiev com tanques modernos, ideia que tem o apoio dos Estados Unidos. O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, escreveu ontem no Twitter que seu país não quer ficar de braços cruzados e “assistir a Ucrânia sangrar até a morte.”

Ele afirmou que, se a Polônia não conseguir um com a Alemanha a liberação dos Leopards 2, tentará uma ‘coalizão menor’ de países prontos para doar alguns de seus tanques.

Continua depois da publicidade

Um acordo nesse sentido pode estar próximo. A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, disse em entrevista à emissora de TV francesa LCI que, se o pedido for feito à Alemanha, Berlim não se irá opor.