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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta sexta-feira (23) que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,52% em dezembro ante o mês de novembro, dentro do que era esperado. Mas, ao analisar o número com mais atenção, analistas destacaram algumas surpresas.
De forma geral, houve uma desaceleração considerável, e até mesmo certa deflação, nos produtos e serviços com maior valor agregado, enquanto outros, mais básicos, registraram alta.
Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, aponta que os bens não duráveis desaceleraram de 0,92% para 0,78%, revertendo o movimento de forte aceleração observado em novembro, quando saiu de 0,13% para os 0,92%. No caso dos bens duráveis, o movimento de queda foi ainda mais intenso, com a alta de 0,18% de novembro sofrendo reversão para uma deflação de 0,33%. Em outubro, o segmento havia registrado deflação de 0,23%..
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A economista defende que esses produtos, em outubro e em novembro, tiveram forte influência pela recomposição de renda, e até mesmo a concessão de crédito, disponibilizada aos beneficiários do Auxílio Brasil.
“Em termos de política monetária, esta é uma boa sinalização, indicando que, passado o efeito de impactos sazonais do indicador e mesmo as distorções causadas por políticas econômicas recentemente implementadas, o aperto monetário atualmente em curso deverá ter ainda mais eficácia no conjunto da economia brasileira, contribuindo para que o próximo ano seja de uma inflação mais amena”, comenta Laiz.
O Itau BBA, em relatório, foi no mesmo sentido.
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“O IPCA-15 de dezembro ficou praticamente em linha com o esperado, mas com composição diferenciada”, diz o banco brasileiro. “As medidas subjacentes de serviços e de industriais continuaram a desacelerar em relação aos picos recentes, apesar de alguns industriais terem subido, indicando que o processo de desinflação está em andamento, mas que será gradual”.
Certos bens industriais tiveram leve alta, segundo o banco, também por conta de resquícios da Black Friday.
IPCA-15 registra alta de preços em grupos importantes
Do lado mais negativo, a especialista do BNP destaca que alguns grupos com peso importante tiveram seus preços subindo – e até mesmo acelerando. Caso do grupo de alimentação e bebidas, com a alta saindo de 0,54% em novembro para 0,69% em dezembro, e o de transportes, que saltou de 0,49% para 0,85% – principalmente por conta das passagens aéreas.
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O Goldman Sachs chama atenção também para o setor de combustíveis, com os preços subindo em 3,3% em novembro e 1,8% em dezembro.
“A dinâmica da inflação subjacente ainda é desafiadora, dadas as pressões ainda disseminadas sobre a inflação básica e de serviços em um cenário de aperto no mercado de trabalho, e a expectativa de deterioração do mix de políticas macro e micro, com uma grande expansão fiscal em 2023 (e possivelmente além)”, avalia. “A inflação pode se mostrar inercial devido à intensificação dos mecanismos retroativos de fixação de preços e salários (com reajuste de contratos salariais incorporando ajustes de custo de vida).
Para o banco, o cenário de preços doméstico ainda é desafiador e a perspectiva de que os principais bancos centrais do mundo continuarão com políticas monetárias conservadoras deve pressionar o Banco Central brasileiro.
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Laíz Carvalho, apesar do tom mais otimista, também defende que o cenário de redução dos juros depende desses fatores. “É importante ressaltar que este cenário depende também da evolução do cenário interno, com destaque para a construção da política fiscal do novo governo, assim como a dinâmica da economia internacional, sendo que a desaceleração esperada nas economias ocidentais contrasta com um comportamento ainda incerto por parte da China, que deve apresentar desempenho superior ao de 2022 e pode impactar a trajetória da inflação brasileira no próximo ano”, termina.
A Eleven destaca que o IPCA-15 teve uma composição majoritariamente benigna, com desacelerações relevantes nas medidas subjacentes que retiram parte da pressão acumulada ao longo do ano. “Ainda que os núcleos sigam em processo de alívio, as medidas seguem operando em patamar acima do compatível com o regime de metas”, aponta.
Mas, como agravante, as perspectivas de deterioração fiscal pressionam desfavoravelmente as expectativas, com impactos altistas para a inflação prospectiva. “Desta forma, o dado do IPCA-15 é neutro para a nossa projeção de 12,25% para a Selic para o ano que vem. Por fim, mantemos nossa projeção de IPCA em 5,7% para 2023”, avalia a casa de análise.