Irã anuncia sanções contra UE; bloco vai aprovar novas punições após país executar 2º manifestante contrário ao governo

Para Teerã, europeus estão "apoiando grupos terroristas e encorajando a violência e o terrorismo que levaram à violação dos direitos humanos"

ANSA Brasil

Bandeira do Irã (Wikimedia Commons)
Bandeira do Irã (Wikimedia Commons)

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(ANSA) – O Irã anunciou nesta segunda-feira (12) a imposição de sanções contra 10 pessoas e seis organizações europeias como uma resposta às punições impostas pelos países europeus nos últimos dias.

Para Teerã, os europeus estão “apoiando grupos terroristas e encorajando a violência e o terrorismo que levaram à violação dos direitos humanos contra o povo iraniano”, diz o comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores.

A referência é por conta dos protestos populares que ocorrem no país desde setembro, quando a jovem Mahsa Amini, 22 anos, morreu sob custódia da polícia da moral e dos bons costumes por não usar o véu islâmico de forma correta.

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Desde então, milhares de pessoas foram às ruas de todo o país pedindo por justiça, por mais direitos para as mulheres e contra o regime.

Entre os punidos pelo Irã, estão o jornal satírico francês Charlie Hebdo e as rádios Farda, Free Europe e Zamaneh. Também foram sancionadas duas empresas alemãs acusadas de colaborar na produção de armas químicas usadas na guerra entre Irã e Iraque na década de 1980.

Já as pessoas atingidas pelas sanções são o comandante das forças aéreas alemãs, Michael Trautermann, o comandante das forças armadas alemãs no Iraque, Holger Kunkel, o advogado do grupo Mojahedin do Povo Iraniano (MKO), considerado terrorista pelo governo, Eric David, o diplomata francês Bernard Kouchner, a deputada alemã Hannah Neumann, a ex-presidente do Parlamento da Alemanha Rita Sussmuth e a ex-vice-presidente Clavdia Roth, os ex-deputados alemães Volker Beck e Norbert Lammert e o ex-ministro da Defesa da Alemanha Kramp Karrenbauer.

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Por sua vez, o alto comissário para a Política Externa do bloco, Josep Borrell, afirmou que a União Europeia vai anunciar ainda hoje “um pacote muito duro de sanções contra o Irã” por conta da repressão aos protestos populares e também pelo envio de drones para o exército russo utilizar na guerra na Ucrânia.

“Nesta manhã, vimos a segunda execução [de manifestante]. Na última sexta, tive uma longa conversa com o ministro das Relações Exteriores iraniano, expressei as preocupações da União Europeia e a condenação a essas execuções e expliquei a natureza das sanções que serão tomadas hoje seja por razões humanitárias, seja pelo apoio à Rússia contra a Ucrânia”, ressaltou. Borrell ainda pontuou que o Irã “precisa entender que a UE fará todas as ações possíveis para apoiar as mulheres iranianas, as manifestações pacíficas e rejeitará essas condenações à morte”.

A referência à segunda execução é pela morte de Majidreza Rahnavard, acusado por um tribunal iraniano de ter matado dois agentes da Basiji, a força paramilitar fundada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. Antes dele, na última quinta-feira (8), Teerã havia matado o jovem Mohsen Shekari, acusado de agredir policiais durante um protesto na capital.

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Tajani

Durante o fim de semana, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, que está em Bruxelas para a reunião que vai impor as sanções contra o Irã, lamentou a repressão aos protestos e as execuções.

“Em muitas áreas do mundo, homens, mulheres e jovens lutam pelos próprios direitos e pela liberdade, desafiando o rosto mais duro da repressão dos regimes autoritários e ditaduras. Assistimos com tristeza a violenta repressão dos jovens e das mulheres no Irã e no uso da pena capital”, disse Tajani.

O chanceler ainda ressaltou que a Itália “confirma sua incondicional oposição à pena de morte, reforçando com máxima firmeza contra cada violação dos direitos e das liberdades fundamentais das pessoas”. (ANSA).