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Em 2002, o obelisco do parque do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado em cor-de-rosa. As idealizadoras dessa que foi a primeira campanha do Outubro Rosa contaram com o apoio de uma empresa de cosméticos européia. Em 2018, através da Lei n°13.733, outubro foi sancionado no calendário nacional como o mês destinado à conscientização da necessidade de prevenção ao câncer de mama.
“O Outubro Rosa vem de uma campanha grande dos Estados Unidos, que linkou a causa do câncer de mama com a cor pink e, a partir disso, criou um convite para que marcas, empresas e toda a sociedade aderissem ao rosa pensando numa ampliação da conscientização em torno do problema. Acho que esse é o ponto: a conexão é muito importante quando a gente está juntando uma cor, um ícone, com a causa que a gente quer ampliar a conscientização. Eu não tenho dúvida do quanto isso facilita, do quanto ajuda a ampliar a conscientização, a chamar mais atenção das pessoas. Parece que faz uma conexão mais rápida”, explica Luciana Holtz, fundadora e presidente do Oncoguia.
Mas não é só outubro que ganhou um colorido especial. O podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, produzido pelo Instituto MOL com apoio de Movimento Bem Maior, Morro do Conselho Participações e Ambev, e divulgação do Infomoney, conversou com a Luciana e outros representantes de algumas causas que também se ligam a determinadas cores e meses.
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“Na verdade é uma concentração de esforços para tratar bastante desse assunto, tentar falar muito desse assunto nesse período. Porque a campanha tem que ser 365 dias ao ano”, comenta Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. Ele está envolvido na campanha do Setembro Amarelo, relacionado à prevenção ao suicídio.
Além do tema da saúde mental, setembro se pinta também de roxo, pela fibrose cística; e de verde, pela luta pela inclusão das pessoas com deficiência. Mas será que tantas cores em um mesmo mês não cria confusão?
“Eu não vejo como concorrência inúmeras campanhas de meses coloridos, falando de determinadas doenças. Eu os vejo como complementares. É um grande sinal de alerta para que todos tenhamos um olhar um pouco mais cuidadoso e cauteloso com a nossa própria saúde”, garante Verônica Stasiak, fundadora e diretora executiva do Instituto Unidos pela Vida, que há oito anos promove o Setembro Roxo — Mês Nacional de Conscientização sobre a Fibrose Cística.
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Contudo, mais do que apostar no sucesso de campanhas específicas nos meses coloridos, Cristiany de Castro, diretora social da Federação das Apaes do Estado de São Paulo levanta a questão da necessidade de fomento à uma cultura de doação no Brasil: “A solução não está na organização de agenda, haja vista que tal ação seria praticamente impossível pelo número de instituições que utilizam esse tipo de campanha. Nós percebemos que o que precisa ser reforçado no nosso país é a cultura da doação, muito mais forte em outros países do que no Brasil. Se mais gente doasse, mais instituições receberiam recursos para continuar suas atividades.”