No FMI, Haddad defende fiscal mais restritivo para auxiliar política monetária

Ministro da Fazenda destacou a importância de consolidação fiscal para garantir que a dívida pública permaneça em trajetória sustentável

Reuters

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em audiência pública na Câmara dos Deputados (Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em audiência pública na Câmara dos Deputados (Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

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BRASÍLIA (Reuters) -O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quarta-feira uma política fiscal mais restritiva nos países para auxiliar o trabalho de política monetária e reduzir o risco de instabilidade financeira, ressaltando que o esforço feito pelo Brasil nesse sentido levou a uma melhora na confiança.

Em declaração durante reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, no Marrocos, Haddad destacou a importância de consolidação fiscal para garantir que a dívida pública permaneça em trajetória sustentável, citando níveis elevados de endividamento em diversos países após a pandemia.

“No atual ambiente de inflação, uma política fiscal mais restritiva pode ajudar a política monetária a reequilibrar a oferta e a demanda, reduzindo a necessidade de taxas mais elevadas durante mais tempo e, portanto, o risco de instabilidade financeira”, disse Haddad, na declaração disponibilizada no site do FMI.

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O ministro mencionou a aprovação do novo arcabouço fiscal e a apresentação de medidas de receita que têm como finalidade zerar o déficit primário do governo brasileiro em 2024, argumentando que o objetivo das iniciativas não é aumentar a carga tributária, mas recuperar o nível de arrecadação ao patamar que prevaleceu nos últimos anos, de 19% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Como resultado destas e de outras medidas, a confiança na sustentabilidade da dívida do Brasil melhorou”, afirmou.

Na declaração, Haddad afirmou que a atividade global parece ter perdido dinamismo nos últimos meses e deve desacelerar ainda mais nos próximos anos, com risco para mercados emergentes.

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Para ele, o enfrentamento desse cenário deve ser feito a partir de uma ampliação da integração econômica entre os países.

“Um passo essencial é garantir que a representação dos mercados emergentes e as economias em desenvolvimento — onde vive a maior parte da população mundial — na governança das principais organizações multilaterais reflita seu peso crescente na economia global”, disse.

Nesse sentido, o ministro defendeu uma ampliação da participação acionária de países em desenvolvimento no FMI para espelhar a atual realidade econômica global, afirmando que há membros sub-representados. Ele afirmou que fechar prematuramente um acordo de governança do FMI poderia enviar um sinal equivocado.

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“A não realização de quaisquer progressos no sentido do realinhamento das cotas e de uma governança mais representativa do FMI abriria um precedente perigoso e enviaria um sinal muito negativo sobre o compromisso dos membros em reforçar o multilateralismo”, declarou.