OCDE eleva previsão para crescimento do PIB do Brasil em 2023 de 1,0% para 1,7%

Impulso forte da produção agrícola no 1° trimestre motivou revisão; para o próximo ano, estimativa passou de 1,1% para 1,2%

Estadão Conteúdo

(shutterstock)
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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elevou as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023 e 2024, seguindo impulso forte da produção agrícola no primeiro trimestre deste ano. No entanto, a tendência é de moderação no ritmo de expansão do PIB, à medida que taxas de juros restritivas e fraco crescimento do crédito limitam a demanda doméstica. A análise faz parte do relatório preliminar de perspectivas econômicas da OCDE, divulgado nesta quarta-feira (7).

A organização informou que elevou a projeção de crescimento do PIB brasileiro de 1,0% para 1,7% em 2023, enquanto a previsão para o próximo ano passou de 1,1% para 1,2%.

Os números ainda representam uma desaceleração em comparação a 2022, quando a atividade econômica do país cresceu 2,9%. A OCDE analisa que este movimento ocorre devido ao consumo privado e às exportações mais fracas neste ano.

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No caso do consumo doméstico, a atividade deve ser limitada pelo baixo crescimento de empregos, inflação alta e condições de crédito restritivo. Já as exportações serão afetadas por preços menores das commodities e demanda global reduzida, enquanto o investimento privado deve crescer em ritmo mais lento, avalia a OCDE.

A organização projeta que a inflação deve permanecer acima da meta definida pelo Banco Central do Brasil, de 3,25% em 2023, com intervalo de tolerância de 1,50 ponto percentual, levando os dirigentes a manter a taxa Selic em 13,75% até pelo menos o terceiro trimestre deste ano.

Porém, essas condições devem reduzir de forma sustentada o núcleo da inflação, permitindo cortes nas taxas brasileiras ainda em 2023, conforme o relatório.

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Em relação a pares globais, a OCDE destaca que a recuperação da atividade econômica no Brasil acompanhou a de outras economias, como China, Índia e Japão.

Sobre o fluxo de investimento privado, a organização nota que o investimento estrangeiro direto permaneceu amplo o suficiente para cobrir déficits em contas correntes do Brasil e de diversos outros países latinos, apesar de demonstrar queda de 35% nas economias emergentes do G20 em 2022.

Reformas

O relatório pontuou que reformas, como a adoção do arcabouço fiscal e da reforma tributária, poderiam ter efeitos positivos e mais fortes do que o esperado sobre a atividade econômica no Brasil. Além disso, a OCDE defende que incentivos para o setor de agricultura e combate ao desmatamento ilegal ajudariam a tornar este crescimento mais sustentável.

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A organização detalha que implementar com sucesso as novas regras fiscais poderia “aumentar a confiança nas finanças públicas e sustentar investimento mais forte”, ao estabelecer uma estrutura “crível” no médio prazo. Já a aprovação e adoção da reforma tributária ainda neste ano teria potencial de impulsionar a produtividade no país.

“Uma melhor gestão do investimento em infraestruturas públicas, a simplificação dos impostos indiretos e transferências sociais mais eficazes podem impulsionar o crescimento e a inclusão social, ao mesmo tempo que melhoram as finanças públicas”, conclui a OCDE.