Otan reforça defesa pela integridade territorial da Ucrânia, após declarações dúbias

Na terça-feira, chefe do Estado-Maior da organização admitiu que Ucrânia poderia ceder algum território à Rússia em troca da adesão ao grupo

Roberto de Lira

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O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, teve de vir a público nesta quinta-feira (17) para reafirmar a defesa da inviolabilidade total do território da Ucrânia, negando qualquer intenção de trocar uma adesão do país à aliança a negociações para ceder regiões à Rússia.

Segundo o secretário-geral, “somente os ucranianos podem decidir as condições para as negociações (de paz)”. A declaração tenta reduzir os estragos feitos pelo chefe do Estado-Maior da Otan, Stian Jenssen, que sugeriu na terça-feira que a Ucrânia poderia se tornar membro da aliança em troca de ceder algum território à Rússia.

“Acho que uma possível solução para a Ucrânia seria desistir do território em troca da adesão à Otan”, disse Jenssen ao jornal norueguês Verdens Gang. Jenssen posteriormente disse que lamentava seus comentários.

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Stoltenberg, no entanto, reafirmou que cabe à Ucrânia decidir quais condições seriam adequadas para participar de quaisquer negociações após a invasão russa, segundo  a Reuters. “São os ucranianos, e apenas os ucranianos, que podem decidir quando há condições para negociações e quem pode decidir na mesa de negociações qual é uma solução aceitável”, repetiu.

Falando em uma conferência na cidade norueguesa de Arendal, ele acrescentou que o papel da Otan é apoiar a Ucrânia. “A mensagem dele (de Jenssen), que é a minha mensagem principal, e que é a mensagem principal da Otan, é, em primeiro lugar, que a política da Otan permanece inalterada: nós apoiamos a Ucrânia”, disse Stoltenberg.

Em sua reunião de cúpula em julho, a aliança disse que estenderá um convite à Ucrânia para se juntar ao grupo de defesa quando “os membros concordarem e as condições forem atendidas”, e que o país tem o direito de escolher seu próprio caminho, independentemente da Rússia.

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À época, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy , disse que embora o resultado da cúpula de julho tenha sido bom, teria sido ideal se Kiev recebesse um convite direto para ingressar na aliança militar ocidental.

Zelenskyy também tem enfatizado repetidamente que a Ucrânia não está disposta a ceder nenhum território à Rússia em troca do fim da guerra.