Para analistas, ata mostra Fed vigilante com inflação, mas reduz chance de nova aceleração de juros

Documento informou que “quase todos” os integrantes do colegiado apoiaram a decisão de elevar os juros em 25 pontos-base

Roberto de Lira

(Getty Images)
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A divulgação da ata da reunião do comitê de política monetária (Fomc) realizada entre os dias 31 de janeiro e 1° de fevereiro pelos integrantes do Federal Reserve manteve o tom levemente “hawkish” captado pelo mercado quando do anúncio da redução do ritmo de alta dos juros para 25 pontos-base, mas não indicou que exista algum risco de uma nova aceleração, para 50 pbs, na opinião de analistas.

Angelo Polydoro, economista da ASA Investments, disse que a grande dúvida do mercado, que já estava destacada na reprecificação da curva de juros nos EUA, era que um grupo significativo de diretores estivessem dispostos a manter o ritmo em 50 pontos na reunião, mas que isso foi afastado.

Na semana passada, Loretta Meste e James Bullard, presidentes respectivamente do Fed de Cleveland e St. Louis, disseram que apoiaram aumentos de meio ponto na taxa básica . A ata divulgada hoje disse que “quase todos” os integrantes do colegiado apoiaram a decisão de elevar os juros em 25 pontos-base e que apenas “alguns” queriam um aumento maior.

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“A ata foi serena e tranquila. O Fed é um transatlântico, você vê para onde ele está se mexendo. Ele já vê melhora na inflação, mas está preocupado que parte de serviços, tirando os de residência, como aluguéis, não está melhorando”, comentou Polydoro.

O estrategista-chefe global da LPL Financial, Quincy Krosby, disse à CNBC que a divulgação da ata não muda a trajetória do mercado, já que os investidores continuam firmes em sua crença de que o Fed não continuará muito mais com seus aumentos de juros.

“Não é um mercado que pensa que o Fed terá que continuar além de junho com aumentos de juros”, disse Krosby. “É um mercado que tem se preocupado com ganhos sobre margens, pressão de margens e compressão de margens.”

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Já Mike Loewengart, do Morgan Stanley Global Investment Office, alertou que, embora a inflação esteja diminuindo, é muito cedo para esperar uma mudança na política. “O pior da inflação pode estar no retrovisor, mas continua bem acima da meta do Fed”, afirmou, destacando que a volatilidade deve permanecer nesse período.

O economista Mohamed A. El-Erian twitter, no entanto, escreveu em sua conta no Twitter que o tom e o conteúdo da ata pareceu mais agressivos do que a coletiva de imprensa de Jerome Powell em 1º de fevereiro. “O que não está claro para mim é se este texto foi influenciado pelos dados divulgados após aquela reunião do Fomc”, afirmou.

Ainda tem prevalecido entre as casas de análise e corretoras, como Goldman Sachs e Citigroup, a expectativa que o Fed vai promover três novas altas de 25 pontos base em suas reuniões de março, maio e junho. O Citigroup afirmou em relatório divulgado ontem que vê uma aterrissagem “menos difícil”, mas ainda espera que a economia mundial cresça no ritmo mais lento em 40 anos.