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Ecoando as palavras do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o diretor de Política Monetária da instituição, Gabriel Galípolo, reforçou nesta segunda-feira, 9, que a autoridade monetária não teria ganho em sinalizar neste momento qual seria a taxa terminal do atual ciclo de cortes de juros.
Em setembro, o Copom realizou o segundo corte consecutivo de 0,50 ponto porcentual na Selic, para 12,75% ao ano, e repetiu que deve seguir neste ritmo nas próximas reuniões.
“Fazer forward guidance costuma ser um esporte de altíssimo risco para autoridades monetárias de países emergentes. É sempre muito arriscado se aventurar neste tipo de lógico, porque você pode se machucar. Sou como um navegador do século XVI que vai vendo uma milha e meia na sua frente. Vamos aproveitar que existe espaço para fazer ajuste no nível de contração da política monetária, e ter tempo, com parcimônia e serenidade, para ver quais serão as reações”, afirmou Galípolo, mais cedo, em reunião do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
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Segundo o diretor, devido a uma possível limitação à política monetária brasileira pelo fato dos juros americanos estarem mais altos, os agentes de mercado passaram a apostar em uma Selic mais alta que a da Focus em 2024.
“Em função do que aconteceu lá fora, vemos uma elevação das taxas de juros futuras por parte dos traders. Quando olhamos a pesquisa Focus, ainda existe uma taxa de juros mais baixa que a colocada pelo mercado. O mecanismo de transmissão das taxas americanas para a política monetária é essencialmente a taxa de câmbio, e os economistas estão praticando cenários com taxas de câmbio diferentes para ver como a inflação se comporta”, completou ele.
Ao dar peso às expectativas para a condução da política monetária, Galípolo disse que há dificuldade em separar na economia o que é percepção e o que é realidade. “O BC tem tentado criar interlocuções distintas com sociedade e mercado. Tentamos não ficar restritos no diálogo apenas com o mercado financeiro”, acrescentou.
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Para o diretor, mesmo com a alta dos juros norte-americanos, o Brasil ainda conserva atratividade para os investidores financeiros em função do diferencial de juros com os EUA. “A questão é como dar atratividade também para investimentos produtivos de longo prazo que demandam maior prazo de maturação”, reconheceu.
A transmissão ao vivo foi cortada após a fala inicial de Galípolo no evento pela manhã. No período da tarde, a Firjan divulgou a íntegra do debate.