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Os dados macroeconômicos divulgados hoje nos Estados Unidos mostram que a atividade continua forte e que os núcleos da inflação experimentaram uma inesperada reaceleração no início de 2023. O núcleo o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) ante projeção de 0,4% e ante indicador de 0,3% em dezembro -, a renda e a despesa pessoas também cresceram e o sentimento do consumidor bateu a máxima de um ano. Para analistas, as preocupações do Federal Reserve só aumentaram e a extensão do ciclo de alta de juros é cada vez mais provável.
O Citi afirmou em análise interna que a atividade mais forte que o esperado em janeiro e inflação persistente mantém a expectativa de que o Fed deve levar suas taxa para uma faixa entre 5,25% e 5,50% até junho, o que significa três altas de 25 pontos-base na próximas reuniões.
O banco lembra que o núcleo do PCE se mantém insistentemente na casa entre 4,5% e 5,5% desde meados de 2021, com alguma desaceleração, sugerindo que a política monetária ainda não está apertada o suficiente para pesar sobre a alta inflação.
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É essa dúvida sobre os próximos passos do comitê de política monetária (Fomc), declaradamente dependente de dados, que deve trazer forte volatilidade aos mercados nas próximas semanas, segundo Roberto Motta, estrategista da Genial Investimentos.
Ele comentou no resumo da manhã da corretora que os EUA estão passando agora por um estágio muito comum em países emergentes como o Brasil: o reconhecimento que a inflação de serviços e salários é a mais difícil de cair. “Quantas vezes o Brasil teve que colocar a economia em recessão para aliviar justamente essa inflação?”, perguntou.
Motta diz que o mercado americano não está preparado para isso porque a última vez que o Fed teve de se posicionar dessa maneira foi entre os anos 1970s e 1980s.
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Uma prova que muitos estão se preparando para uma política mais restritiva, destaca, é que os juros de títulos de dois anos nos EUA estão em 4,8%, o maior patamar desde 2007.
A ferramenta do CME Group que capta as expectativas do mercado financeiro para aumento da taxa de juros pelo Fed já elevou as apostas em uma alta de 50 pontos-base para a reunião de março. Há pouco, essa chance estava em 29,9%, ante 18,1% há uma semana e 2,8% há um mês.
O JP Morgan, em relatório assinado pelo analista Daniel Silver, destacou que os gastos do consumidor saltaram 1,1% em janeiro (1,8% em valores nominais). Embora admita que é cedo para dizer que o comportamento de janeiro represente uma tendência de crescimento subjacente, ele afirmou estar claro os consumidores começaram o trimestre com uma base mais forte do que o previsto.
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“Agora achamos que o consumo real pode aumentar cerca de 3,7 % no primeiro trimestre, acima de nossa estimativa de 3,1% antes do último relatório. No geral, agora vemos algum risco de alta para nossa previsão de crescimento real do PIB de 2,0% para o1° trimestre”, afirmou.
Sobre os dados do PCE, o analista do JP Morgan, embora pareça que a tendência de inflação subjacente tenha moderado até certo ponto ultimamente, os números recentes permanecem sólidos.
Sobre a remuneração empregados, o banco destacou que o dado subiu sólidos 0,9% em janeiro, refletindo a força do mercado de trabalho. Além isso, o BEA também relatou uma queda substancial nos impostos em janeiro, o que permitiu que o rendimento disponível saltasse 2,0% em janeiro e a taxa de poupança subisse 0,2%.