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A divulgação da expansão do PIB chinês no último trimestre de 2022 acima das expectativas surpreendeu os analistas de mercado porque este foi o período no qual a nova onda de infecções por covid-19 atingiu seu pico no país. O melhor desempenho trimestral foi atribuído às vendas no varejo fortes em dezembro, à produção industrial ainda em alta e ao crescimento do investimento em ativos fixos (FAI, na sigla em inglês). Por conta disso, as projeções para 2023 foram elevadas.
A economia do país cresceu 3% em todo o ano de 2022, que representou a segunda taxa de crescimento mais lenta desde 1976 (só perdeu para os 2,2% de 2020, no início da pandemia). Mas a economia avançou 2,9% no quarto trimestre do ano passado ante o mesmo período de 2021, acima da estimativa de 1,8% do consenso Refinitiv.
O JP Morgan destacou em relatório especialmente as vendas no varejo de dezembro, que subiram 4,9% na comparação mensal em termos sequenciais. O dado nominal mostrou uma retração de 1,8%, ainda assim muito melhor que a contração de 5,9% observada em novembro.
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Um detalhe é que as vendas de automóveis voltaram a apresentar crescimento positivo de 4,6% em dezembro na comparação anual, ante uma queda de 4,2% em novembro. “Excluindo automóveis, as vendas no varejo cresceram 2,7%, o que foi surpreendente, dado o aumento de infecções e restrições de mobilidade autoimpostas”, comentou o banco de investimentos.
Para o banco, dada a significativa surpresa positiva no PIB do quarto trimestre de 2022, a previsão de crescimento do PIB para 2023 subiu dos 4,4% anteriores para 5,6% no ano.
O Morgan Stanley não alterou sua projeção do PIB chinês para 2023 porque já estava com uma estimativas acima do consenso, de 5,7%. “Uma recuperação cíclica de crescimento mais forte está tomando forma, com a normalização contínua de viagens e negócios, apoio político contínuo e flexibilização da habitação”, comentou o banco em relatório.
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Para o banco, o crescimento de dezembro ficou melhor do que o consenso e o nível implícito pelos dados iniciais, como PMIs e crescimento do crédito, sugerindo que o crescimento provavelmente se recuperou de forma robusta no final de dezembro, em linha com uma rápida recuperação da mobilidade e do sentimento do consumidor.
Segundo o Morgan Stanley, o investimento em ativos fixos (FAI) também se recuperou em dezembro, com crescimento de 3,1% na comparação anula (ante 0,8% em novembro) liderado pelo setor de manufatura, além de uma contração menor no investimento imobiliário. O FAI de infraestrutura se manteve em alta 10,4% no mês, apesar da base alta de novembro (+13,9%).
Mobilidade
O banco destacou ainda que a mobilidade nos centros urbanos continuou a melhorar em janeiro, atingindo 85% dos níveis pré-Omicron. O volume de passageiros durante os primeiros 10 dias da corrida de turistas para o Festival da Primavera foi 46% maior do que no ano passado, atingindo 52% do nível de 2019.
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O Morgan Stanley mantém sua previsão de um crescimento trimestral robusto no primeiro trimestre deste ano, o que deve sustentar a expansão anula de 3% observada no fechamento de 2022. A análise é que o consumo em algumas subcategorias, como restaurantes, pode se recuperar fortemente devido à redução dos gargalos e à liberação parcial do excesso de poupança da população.
Apesar disso, a normalização do crescimento e do consumo deve ocorrer apenas no segundo semestre, em meio a uma maior recuperação do mercado de trabalho. “Combinado com ventos contrários das exportações, isso significa que a flexibilização anticíclica provavelmente permanecerá no 1° semestre, sustentando a força do investimento público.”
Para o Goldman Sachs, a “onda de saída” em andamento devido à reabertura mais rápida do que o esperado da China afetou fortemente a atividade econômica nos últimos meses, devido ao aumento de infecções, escassez temporária de mão de obra e interrupções na cadeia de suprimentos.
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O banco também destacou a melhora nas vendas varejistas, mas fez a ressalva que as vendas de catering, mais sensíveis à covid, contraíram mais acentuadamente em 14,1% no comparativo anual em dezembro, devido à menor mobilidade.
O Goldman Sachs disse que foi uma surpresa que os números relatados para dezembro não tenham sido piores, dada a grande onda de covid no mês e o fato de que muitos indicadores de alta frequência foram ainda piores do que durante o bloqueio de Xangai, no início de 2022.
Para Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, os dados superaram as expectativas e já sofreram impacto da nova a política mais flexível de combate à covid. Para ela, o resultado do PIB no final do ano passado volta a criar expectativa de que a China possa crescer em 2023 mais que o esperado anteriormente.
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Para a frente, Ariane acredita que o investimento focado em qualidade – que foi anunciado pelo presidente Xi Jinping ao ser eleito para um terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista Chinês em 2022 – trará para a China uma maior competitividade, principalmente na medições de indústria e o varejo.
Sobre a projeção para este ano, a economista disse não acreditar numa expansão similar à de 2021 (+8,1%), quando o mundo todo cresceu muito por causa da recuperação pós pandemia. “Um crescimento de 3,8% do PIB chinês para 2023 é factível nas condições de hoje. E disso para melhor”, estimou, destacando que uma recuperação forte da indústria deve acarretar melhora na renda.