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A economia brasileira deve ter crescimento real de 2,6% neste ano e 0,9% em 2023 e a previsão para o médio prazo é que o PIB cresça cerca de 2% ao ano, próximo de seu potencial. As estimativas foram divulgadas nesta sexta-feira (18) no Relatório de Acompanhamento Fiscal, elaborado pela Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado.
A IFI também prevê que inflação ao consumidor desacelere dos 10,1% registrados em 2021 para 5,6% em 2022 e para 4,6% em 2023, com convergência gradual para a meta perseguida pela Banco Central, de 3,0%.
Segundo o Relatório, na comparação com a edição anterior, publicada em maio, os desafios em relação ao ambiente externo se intensificaram. Alguns eventos de destaque desde então foram o aperto monetário rápido e sincronizado na maioria das economias avançadas para moderar as pressões inflacionárias, o prolongamento da guerra na Ucrânia (com a redução progressiva da oferta de energia para a Europa), e a manutenção de medidas de restrição à mobilidade para conter a transmissão de covid-19 na China. Tudo isso reforça uma perspectiva de desaceleração do crescimento global nos próximos trimestres, diz a IFI.
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Para o Brasil, os dados recentes de atividade econômica sugerem uma dinâmica de menor crescimento do consumo e do PIB no terceiro e quarto trimestres deste ano, apesar da recuperação do mercado de trabalho e dos estímulos fiscais em curso.
Embora o núcleo de inflação permaneça em patamar elevado, a instituição afirma que o IPCA surpreendeu favoravelmente com o efeito das medidas tributárias sobre combustíveis, energia e serviços de comunicação, adotadas em julho, e do repasse da queda das cotações internacionais de commodities para os preços domésticos.
No caso dos preços administrados, a variação acumulada em doze meses recuou de 11,7% em junho para -2,8% em outubro, refletindo sobretudo o comportamento dos preços da gasolina (+26,9% para -22,3%) e da energia elétrica (de +2,2% para -18,2%).
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Cenário fiscal
Sobre o cenário fiscal, a IFI comenta que o impacto da PEC da Transição, apenas para o ano que vem, pode chegar a R$ 173,1 bilhões, isso se apenas o espaço deixado no Teto de gastos for preenchido.
No cenário base da instituição, além do aumento do Auxílio Brasil e do reajuste real do salário-mínimo com base no crescimento econômico médio dos últimos 5 anos, as despesas discricionárias serão recompostas gradualmente, chegando em 2024 ao nível de antes da pandemia (1,8% do PIB).
Nesse cenário, a dívida bruta, que deve encerrar 2022 em 76,6% do PIB, passaria a 79,5% do PIB em 2023 e alcançaria 95,3% do PIB em 2031. “Não é um bom prognóstico. No cenário otimista, a principal diferença, no lado da despesa, é que a recomposição das despesas discricionárias se daria de forma ainda mais gradual, atingindo 1,8% do PIB apenas em 2026”, comenta a IFI. Combinado a hipóteses macroeconômicas mais favoráveis, esse cenário poderia levar a superávits primários já em 2024 e dívida bruta a 65,5% do PIB em 2031.
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No entanto, no cenário pessimista, as despesas discricionárias retornariam ao patamar médio de 2014-2016 (2,3% do PIB) a partir de 2024. Esse caso seria compatível com déficit primários crescentes e uma dívida de 147,6% do PIB em 2031.