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Os dados das pesquisas que captam a percepção dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) divulgados nesta semana mostraram diferentes estágios da defasagem da política monetária contracionista na atividade econômica dos países. Houve sinais, por exemplo, de que a baixa procura global por bens, que vem deprimindo os PMIs da indústria nos últimos meses, começaram a se espalhar para o setor de serviços. Mas a intensidade desse processo é desigual, dependendo da região
Segundo análise da Julius Baer, é possível observar um abrandamento nas condições na zona do euro, um desaquecimento nos EUA e um aquecimento no Japão. Mas no Reino Unido, as perspectivas são ruins.
“Isso confirma a nossa expectativa de abrandamento do dinamismo de crescimento nas economias desenvolvidas no segundo semestre de 2023, que provavelmente será mais pronunciado na Europa, enquanto os EUA e o Japão poderão crescer a velocidades moderadas”, comentou a consultoria em análise.
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Na zona do euro, por exemplo, o PMI de serviços ficou em 48,3 em agosto, sendo a primeira vez que o indicador apareceu abaixo da linha de 50,0 desde janeiro. Já o indicador industrial ficou em 43,7 e, embora tenha crescido em relação a julho, permanece na zona de retração da atividade desde junho de 2022.
A consultoria comentou que esse último conjunto preliminar de dados mostra uma Europa sofrendo como baixo volume de encomendas, preços de produção mais elevados e aumento dos custos salariais. Isso se mostrou mais pronunciado na Alemanha, cujo PMI de serviços caiu acentuadamente e entrou em território contracionista, ante um crescimento moderado do mês anterior.
Já na França, houve abrandamento do PMI de serviços continuou a um ritmo constante. O setor industrial, por sua vez, permaneceu deprimido, mas com maior confiança de que a produção poderá ser mais elevada dentro de um ano.
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O Reino Unido, no entanto, tem uma situação mais desanimadora. O PMI composto, que agrega serviço e indústria, caiu de 50,8 em julho para 47,9 em agosto, devido a encomendas mais baixas e custos de financiamento mais elevados para as empresas britânicas.
Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence, comentou que a luta contra a inflação por meio de taxas de juros mais altas estava acarretando um “custo pesado” em termos de maiores riscos de recessão e previu que uma nova contração da economia parece inevitável. Williamson estimou que o PIB cairá 0,2% no segundo trimestre.
Nos Estados Unidos, por sua vez, a atividade manteve a tendências de abrandamento, mas o indicador ainda ficou no campo considerado como de expansão: o PMI composto recuou de 52,0 para 50,4. A atividade de serviços caiu de 52,3 para 51,0 e a industrial recuou para 57,0. Mas a economista Susan Joho, da Julius Baer, destacou que as empresas dos EUA continuam optimistas quanto ao futuro, aliviadas com a possível estabilização das taxas de juro.
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Nesse quadro geral o Japão ainda destoou, registrando aumentos nos seus PMIs, impulsionados por um boom contínuo no setor dos serviços e nas contratações. “No entanto, as empresas citaram custos mais elevados dos fatores de produção, devido aos preços mais elevados do petróleo, o que poderá contribuir para a inflação através de aumentos nos custos dos serviços”, comentou a consultoria. A avaliação é que as empresas não estão confiantes de que a atual atividade econômica mais forte possa ser sustentada.