Preços ao produtor em queda vão manter tendência de desinflação para consumidores

Deflação mais forte no IGP-M e queda do IPP divulgadas hoje vão pressionar para baixo preços de industriais e de alimentos

Roberto de Lira

(Getty Images)
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Os preços ao produtor continuam a mostrar desempenho benigno e isso vai manter a tendência de desinflação na inflação ao consumidor, embora os serviços ainda estejam cedendo mais gradualmente, segundo analistas. Nesta terça-feira (30), o FGV/Ibre informou nova queda forte do IGP-M, indicador com forte presença de bens industriais, e o IBGE anunciou que Índice de Preços ao Produtor (IPP) também recuou entre abriu e março.

O IGP-M de maio apresentou deflação de 1,84%, ante consenso de mercado de -1,7% e de uma queda de 0,94% no mês anterior, e o IPP caiu 0,35% em abril, acumulando retração de 4,63% em 12 meses, maior queda da série histórica para esse indicador.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, destaca que o IGP-M já mostra deflação de 4,47% em 12 meses, o que é importante por esse indicador ´ser usado como indexador de alguns contratos na economia.

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Mas ela afirma que é melhor utilizar quebras do número cheio, como IPA industrial e o IPA agrícola para a inflação ao consumidor. “O núcleo do IPA industrial teve uma queda de 0,16%. Há vários meses ele está mais fraco em função da queda dos preços de commodities e já temos visto repasse dessa queda para o segmento de bens industriais do IPCA”, comenta.

Ao mesmo tempo, a parcela dos preços agrícolas dentro IGP-M teve queda de 4,37%, o que tende a influenciar o comportamento do segmento de alimentos no domicílio dentro do IPCA, completa.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, também cita a importância da queda do IPA agrícola em maio, que já acumulada recuo de 11% em 12 meses. “Vai dar bom alívio na inflação de alimentos à frente”, afirmou em post em sua conta no Twitter.

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Ela comenta ainda que o IPC de maio, que faz parte do cálculo do IGP-M, ainda não capturou a queda da gasolina no mês e ficou em 0,48% em maio, acumulando 3,37% em 12 meses. Ela diz que isso contribuir para uma menor inércia nos próximos meses.

O IPC ainda não capturou a queda da gasolina no mês e ficou em 0,48% em maio, acumulando 3,37% em 12 meses, mas pode contribuir para uma menor inércia nos próximos meses. Já o INCC acelerou, refletindo o preço da mão de obra, que segue o mercado de trabalho apertado.

Para Rafaela, o IPCA em 12 meses deve seguir em tendência de queda até junho, mas a alta que era esperada para o 2° semestre pode ser menor com a inflação ao produtor mais fraca e a política monetária extremamente restritiva. Isso mesmo com os cortes de juros esperados a partir de agosto.

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No comentário do Morning Call da Genial Investimentos, o estrategista Roberto Motta, afirma que já está contratada no mundo uma queda da inflação de bens duráveis e de commodities. “O que está dificultando é aquela inflação de pegajosa de serviços, com o mercado de trabalho apertado. A direção é essa, mas a velocidade não é a ideal”, afirma.

No Morning Call do BTG Pactual, o economista Álvaro Frasson, lembrou que, além do IGP-M de hoje,  o IPCA-15 divulgado na semana passada também trouxe surpresas positivas, não apenas no índice principal como no seu núcleo, o que ajudou o mercado a precificar mais cortes na curva de juros.