Relatório Focus: mercado eleva projeção para inflação de 2023 e 2024

Expectativa para os próximos anos indica desancoragem em relação à meta do BC, que tenta encerrar ciclo de alta da Selic em 13,75% ao ano

Lucas Sampaio

(BC/Montagem Canva)
(BC/Montagem Canva)

Publicidade

O mercado financeiro continua o movimento de revisar para baixo a projeção para a inflação deste ano, mas subir a do próximo (e agora passou a ver um IPCA maior inclusive em 2024), mostram dados do Relatório Focus divulgados nesta segunda-feira (15).

A estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 caiu de 7,11% para 7,02% em uma semana, mas a de 2023 subiu de 5,36% para 5,38% e a de 2024, de 3,30% para 3,41%. Há um mês, as previsões eram de 7,54%, 5,20% e 3,30%, respectivamente.

É a 7ª semana seguida de queda na projeção para a inflação deste ano e a 18ª de alta para a do próximo. Já a elevação para a de 2024 indica uma desancoragem de expectativas do mercado em relação à meta do Banco Central.

Continua depois da publicidade

Inflação fora da meta

A projeção do mercado para o IPCA deste e do próximo ano está fora da meta do BC, que é de 3,5% para 2022 e de 3,25% para 2023, com tolerância de 1,5 ponto percentual (ou seja: ela será cumprida se o índice ficar entre 2% a 5% neste ano e entre 1,75% e 4,75% no próximo).

Caso o cenário projetado ocorra, a meta será descumprida por três anos consecutivos (em 2021, o índice oficial de inflação do Brasil fechou o ano em 10,06%). Além disso, o mercado também prevê um IPCA acima do centro da meta em 2024, pois a meta é de 3,00%, também com margem de 1,5 ponto porcentual, e será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%).

As projeções estão desalinhadas em relação às do Banco Central, que estima uma inflação de 6,8% em 2022, 4,6% em 2023 e 2,7% para 2024. Ou seja: ao contrário do mercado, a autoridade monetária acredita em uma IPCA dentro da meta no próximo ano e abaixo do centro da meta no seguinte.

Continua depois da publicidade

Previsão para o IPCA 2022 2023 2024
Mercado 7,02% 5,38% 3,41%
Banco Central 6,8% 4,6% 2,7%
Meta do BC 3,5% (de 2% a 5%) 3,25% (de 1,75% a 4,75%) 3% (de 1,5% a 4,5%)

PIB, Selic e dólar

Já a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) subiu marginalmente para 2022, 2023 e 2024: de 1,98% para 2,00% neste ano, de 0,40% para 0,41% no próximo e de 1,70% para 1,80% no seguinte, aponta o levantamento semanal do Banco Central com mais de 100 instituições financeiras.

Ao mesmo tempo em que prevê uma inflação maior em 2023 e 2024, o mercado manteve as estimativas para a Selic dos próximos anos: 13,75% no fim de 2022, 11% no fim de 2023 e 8,00% no fim de 2024, em linha com as projeções do BC.

Isso indica que o mercado prevê um IPCA mais forte que a autoridade monetária nos próximos anos se a atual política de juros for mantida (o BC indicou na ata do Copom que pode continuar subindo a Selic na próxima reunião do comitê, em setembro, mas que pretende encerrar o ciclo de alta no patamar atual).

Continua depois da publicidade

Para o câmbio, as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central mantiveram as previsões para dezembro de 2022, 2023 e 2024 em US$ 1 = R$ 5,20, R$ 5,10 e R$ 5,10, respectivamente, pela terceira semana seguida.

Relatório Focus divulgado em 15/08/2022 (com dados de 12/08/2022)

Procurando uma boa oportunidade de compra? Estrategista da XP revela 6 ações baratas para comprar hoje.

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.