Saldo do crédito ampliado cresce 0,2% em maio; concessões para empresas sobem 1,5%

Inadimplência da carteira de pessoas jurídicas teve ligeiro aumento, para 2,5%; inadimplência de pessoas físicas se manteve em 4,2%.

Roberto de Lira

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O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro no Brasil ficou R$ 15,1 trilhões em maio, o equivalente a 146,9% do PIB e representando um crescimento de 0,2% em bases mensais, informou nesta quarta-feira (28) o Banco Central. A alta no mês foi atribuída, principalmente, ao crescimento de 1,5% dos empréstimos da dívida externa.

Na comparação interanual, o crédito ampliado aumentou 9,9%, com destaque para as elevações na carteira de empréstimos (10,3%) e nos títulos de dívida (9,3%).

O crédito ampliado para empresas cresceu 0,4% em maio, totalizando R$ 5,2 trilhões (51,1% do PIB), influenciado principalmente pela elevação de 1,6% nos empréstimos da dívida externa, decorrente da depreciação cambial de 1,9%.

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Na comparação com maio de 2022, a expansão de 13,0% do crédito ampliado a empresas refletiu principalmente os aumentos de 29,7% em títulos de dívida e de 11,1% no total da dívida externa.

Já o crédito ampliado às famílias subiu 0,5% na comparação mensal, totalizando R$ 3,5 trilhões (34,4% do PIB) em maio. Em 12 meses, a alta é de 14,0%, refletindo, principalmente, o incremento nos empréstimos do SFN.

Estoque

O estoque das operações de crédito do SFN somou R$ 5,4 trilhões em maio, com crescimento mensal de 0,3%. Esse resultado decorreu, basicamente, do incremento de 0,5% no estoque de crédito das operações com pessoas físicas, R$ 3,3 trilhões, enquanto o estoque de crédito às pessoas jurídicas permaneceu estável no período, em R$2,1 trilhões.

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Na comparação com o maior de 2022, o crédito total cresceu 10,4%, desacelerando em relação ao crescimento em doze meses observado em abril, de 11,3%.

Por segmento, na mesma base de comparação, o saldo de crédito com as pessoas jurídicas e com as pessoas físicas também desaceleraram, com aumentos de 4,4%, ante 4,8%, e de 14,6%, ante 15,8%.

O estoque de crédito com recursos livres para as empresas atingiu R$ 1,3 trilhão em maio, com recuo de 0,4% no mês e expansão de 1,8% em doze meses. Segundo o BC, esse desempenho decorreu, basicamente, da redução do estoque das operações de desconto de duplicatas e outros recebíveis, -8,2%, e de capital de giro com prazo superior a 365 dias, -1,3%.

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O estoque de crédito com recursos livres às pessoas físicas atingiu R$ 1,8 trilhão em maio, incremento de 0,8% no mês e de 12,9% em doze meses. Para esse resultado contribuíram as carteiras de cartão de crédito à vista, 2,4%, os financiamentos para aquisição de veículos, 0,9%, e o crédito consignado para trabalhadores do setor público, 0,6%.

Já o crédito direcionado cresceu 0,4% no mês e 14,1% em doze meses ao atingir R$2,2 trilhões em maio. Por segmento, o crédito para as empresas cresceu 0,8% no mês e 9,4% em doze meses. O crédito às famílias aumentou 0,1% no mês e 16,8% em doze meses.

Concessões de crédito

As concessões nominais de crédito somaram R$ 503,3 bilhões em maio. Nas séries sazonalmente ajustadas, o total de novas contratações aumentou 1,5% no mês, com incremento de 4,2% nas operações pactuadas com empresas e diminuição de 0,5% nas operações com as famílias.

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Nos doze meses até maio, as concessões nominais aumentaram 10,5%, com elevações de 6,3% nas contratações com pessoas jurídicas e de 14,0% com pessoas físicas. A média diária de novas contratações diminuiu 5,5% em maio, ressaltando-se a ocorrência de quatro dias úteis a mais que no mês anterior.

Juros e spread

A taxa de juros das novas contratações alcançou 32,5% a.a. em maio, com incrementos de 0,4 ponto percentual no mês e de 4,7 p.p. em doze meses. O spread bancário das novas contratações atingiu 22,3 p.p., com alta de 0,5 p.p. no mês e de 4,8 p.p. comparativamente a maio de 2022.

Nas operações de crédito com recursos livres, a taxa de juros alcançou 45,4% a.a. em maio, com incrementos de 0,3 p.p. no mês e de 7,4 p.p. em doze meses. Nas contratações com o segmento empresarial, a taxa de juros atingiu 23,8% a.a., assinalando estabilidade no mês e incremento de 1,9 p.p. em doze meses.

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No crédito às famílias, a taxa de juros atingiu 59,9%, com elevações de 0,3 p.p. no mês e de 9,5 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior.

Custo do crédito e inadimplência

O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, caiu para 22,4% a.a., diminuindo 0,1 p.p. no mês e elevando-se 2,3 p.p. em 12 meses.

A inadimplência das operações de crédito do SFN aumentou 0,1 p.p. em maio, alcançando 3,6%. A inadimplência da carteira de pessoas jurídicas aumentou 0,1 p.p. no mês e 1,0 p.p. em relação a maio do ano anterior, atingindo 2,5%.

Na carteira de pessoas físicas, a inadimplência manteve-se estável no mês, com alta de 0,6 p.p. em doze meses, situando-se em 4,2%.

No crédito livre, a inadimplência alcançou 4,9%, com elevações de 0,1 p.p. no mês e de 1,2 p.p. na comparação interanual. Nas operações com pessoas jurídicas, o indicador alcançou 3,0%, altas de 0,2 p.p. no mês e de 1,3 p.p. em doze meses. Na carteira de pessoas físicas, a inadimplência atingiu 6,3%, com elevação de 0,1 p.p. e de 1,0 p.p. nas mesmas bases de comparação.

Endividamento das famílias

O endividamento das famílias permaneceu em 48,5% em abril, estável no mês e com recuo de 1,4 p.p. em doze meses. Nas mesmas bases de comparação, o comprometimento de renda aumentou 0,3 p.p. no mês e 1,7 p.p. em doze meses, situando-se em 27,9%.

Base monetária

A base monetária somou R$ 396,3 bilhões em maio, o que representou uma diminuição de 3,4% no mês e de 0,5% em doze meses. No mês, o volume de papel-moeda em circulação retraiu 0,4% e as reservas bancárias caíram 15,2%.

Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, apresentaram impactos contracionistas: as operações com títulos públicos federais, R$ 31,9 bilhões (resgates líquidos de R$ 78,2 bilhões no mercado primário e vendas líquidas de R$ 110,1 bilhões no mercado secundário); as de Redesconto e de Linhas de Liquidez, R$ 43 milhões; e os depósitos de instituições financeiras, R$ 10,8 bilhões.

No sentido expansionista, contribuíram as operações do Tesouro Nacional, R$ 15,8 bilhões; do setor externo, R$6,4 bilhões; e com derivativos, R$3 bilhões.

Os meios de pagamento restritos (M1) atingiram R$ 578,1 bilhões, decréscimo de 2,1% no mês, resultado da diminuição do papel-moeda em poder do público de 0,2% e dos depósitos à vista em 3,8%, respectivamente. Considerando-se dados dessazonalizados, o M1 recuou 1,4% no mês.

O M2 cresceu 1,2% no mês, com saldo total de R$ 5,3 trilhões, refletindo o aumento de 2,1% no saldo de títulos emitidos por instituições financeiras, que alcançou R$ 3,8 trilhões, resultado da expansão de 2,8% no saldo das letras de crédito (LCA e LCI).

O saldo dos depósitos a prazo aumentou 2,3% no período, após captações líquidas de R$ 30,8 bilhões no período, enquanto o saldo dos depósitos de poupança recuou 0,6%, totalizando R$ 960 bilhões, após resgates líquidos de R$ 11,7 bilhões.

O M3 aumentou 0,9% no período, totalizando R$ 10,0 trilhões, reflexo da elevação do M2 e do aumento do saldo das operações compromissadas com títulos públicos (14,4%) e com títulos privados (12,5%). O saldo das quotas de fundos do mercado monetário manteve-se praticamente estável (R$ 4,5 trilhões), com variação positiva de 0,1%. O M4 avançou 0,8% no mês, totalizando R$ 11,1 trilhões. Em 12 meses a variação foi de 10,3%.