SP tem recorde de internações e de ocupação em UTI por Covid-19; mais restrições estão em análise

O estado de São Paulo está com 73,2% de leitos de UTI ocupados; nova variante e redução do isolamento têm contribuído para o avanço do contágio, diz governo

Mariana Fonseca

Governador João Doria (Sérgio Andrade/Governo do Estado de São Paulo)
Governador João Doria (Sérgio Andrade/Governo do Estado de São Paulo)

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SÃO PAULO – O estado de São Paulo atingiu um novo recorde de internações por Covid-19. A informação foi dada em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (1º) no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.

Jean Gorichteyn, secretário estadual da Saúde, resumiu o quadro atual em maior número de casos, maior gravidade da doença e maior número e tempo de permanência nas internações. A presença da P.1, variante brasileira do novo coronavírus, é um dos fatores que influenciam a piora da pandemia no estado de São Paulo, segundo o secretário. Mas ele também ressaltou que a população deve mudar seu comportamento.

“É vergonhoso o que vimos no último final de semana [27 e 28 de fevereiro]. O número de autuações. A forma como as pessoas se expõem ao risco e levam o vírus para dentro de casa. Matando suas mães, tios, avós. Por fim, também se matando”. Na comparação entre a última semana epidemiológica com a anterior, o número de casos aumentou 9,7%. Já o número de novas internações subiu 18,3%, entre enfermarias e UTIs.

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O estado de São Paulo está com 73,2% de leitos ocupados. O número de internados em UTI chegou a 7.137, novo recorde e uma alta de 14,7% em relação ao pico visto na primeira onda (julho de 2020). Na cidade de São Paulo, há ocupação de 74,3%. Na segunda-feira anterior (22), a ocupação era de 67,9% no estado paulista. Na cidade, 67,8%. O número de internados em UTI era de 6.410.

“A pandemia retomou com uma velocidade e uma característica clínica diferente do que observamos na primeira onda. São pacientes mais jovens, mas que têm sua condição clínica muito mais comprometida e acabam permanecendo por um período mais prolongado nas unidades de terapia intensiva [UTIs]”, afirmou Gorinchteyn.

Gorinchteyn especificou que, na primeira onda, mais de 80% dos pacientes internados eram idosos e pessoas portadoras de doenças crônicas (comorbidades). Nesta segunda onda, cerca de 60% dos internados são jovens entre 30 e 50 anos de idade. Muitos não têm doenças prévias. “São pessoas que se sentem à vontade para sair, e acham que no máximo vão perder o paladar e o olfato. Mas acabam perdendo a própria vida, ou comprometendo a dos outros”, disse o secretário.

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“Vemos uma ocupação crescente de leitos, especialmente de terapia intensiva. Hoje, 60% dos pacientes estão ocupando UTIs. Antes, era o contrário: essa mesma porcentagem ocupava enfermarias. (…) Há uma média de 100 novos pacientes internados diariamente nas unidades de terapia intensiva no estado de São Paulo”, completa o secretário.

Ainda de acordo com o secretário, o governo de São Paulo irá divulgar na próxima quarta-feira (3) novas ações para expansão de leitos no estado.

Mais restrições em estudo

Perguntado sobre um possível decreto de lockdown, João Doria (PSDB), governador do estado de São Paulo, afirmou que tal decisão depende da deliberação do Centro de Contingência do Covid-19. Paulo Menezes, coordenador do centro, afirmou que está estudando quais recomendações fará ao governo nos próximos dias.

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“Acredito que será no sentido de maior restrição para a maioria do estado de São Paulo. Estamos discutindo a possibilidade de ter uma classificação mais restritiva do que a Fase Vermelha. Mas adianto que a Fase Vermelha é bastante restritiva, e está de acordo com as orientações de outros estados e de outros países”, disse Menezes. Há especulações sobre a criação de uma Fase Roxa, mas nada foi confirmado na coletiva.

Regiões que estejam na Fase Vermelha devem fechar todos os comércios e manter em funcionamento apenas serviços considerados essenciais, como farmácias, mercados, padarias, açougues, postos de combustíveis e hospitais.

Essa é a fase mais restritiva imposta pelo Plano São Paulo, programa de controle da pandemia imposto pelo governo estadual, que condiciona a reabertura econômica aos índices de novos casos, internações e óbitos por Covid-19 nas regiões do estado.

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O Plano SP divide o estado em regiões e cada uma delas é classificada em uma fase. São cinco, que vão do nível máximo de restrição de atividades não essenciais (Vermelha) a etapas identificadas como controle (Laranja), flexibilização (Amarela), abertura parcial (Verde) e normal controlado (Azul).

Vacinação em São Paulo

O governo paulista iniciou sua campanha de imunização no dia 17 de janeiro, vacinando primeiro trabalhadores da saúde, indígenas e quilombolas. Ainda segundo o governador, a primeira dose já foi aplicada em todos os indígenas e quilombolas do estado. Depois dos idosos com 90 anos de idade ou mais e dos idosos com 85 anos de idade ou mais, os idosos entre 80 e 84 anos começaram a ser vacinados no último sábado (27) em todos os municípios do estado.

A partir da próxima quarta-feira (3), o estado começa a imunizar a população com 77 a 79 anos de idade. Segundo informações do estado, essa será a quinta fase de vacinação e tem um quantitativo estimado em 430 mil pessoas.

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Segundo os últimos números do Vacinômetro, ferramenta digital desenvolvida em parceria com a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) que permite a qualquer pessoa acompanhar em tempo real o número vacinas aplicadas no estado, 2.414.037 pessoas já foram imunizadas até as 13h05. 1.884.997 receberam apenas a primeira dose, enquanto 529.060 já receberam a segunda aplicação.

CoronaVac: mais vacinas para o Brasil

O Instituto Butantan vai entregar mais 21 milhões de doses da CoronaVac até o final de março. A CoronaVac é a vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo instituto em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

Segundo Doria, a entrega está 17% acima do previsto anteriormente para este mês. “Estamos aumentando o tempo de trabalho. O Instituto Butantan agora trabalha 24 horas por dia, 7 dias por semana, para agilizar produção e entrega de doses.”

Até o momento, o Butantan entregou 13,7 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde para serem usadas no Programa Nacional de Imunização (PNI). O Instituto pretende chegar a 15,4 milhões de doses entregues até a próxima sexta-feira (5), com entrega de mais 1,7 milhão de doses “prevista para o início de março”.

Mais vacinas poderão ser produzidas com a chegada de mais litros do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA). A matéria-prima para a produção dos imunizantes é importada da China. Na próxima quinta-feira (4), oito mil litros devem chegar a São Paulo, vindos do laboratório Sinovac. Esses litros representam a produção de 14 milhões de vacinas.

Até o final de abril, serão 46 milhões de doses entregues ao Ministério da Saúde – número previsto no primeiro acordo firmado entre o Instituto Butantan e a pasta. O Ministério da Saúde também comprou outras 54 milhões de doses, totalizando 100 milhões de doses da CoronaVac para o país. Essas 54 milhões de doses deverão ser entregues até 30 de agosto, informou Doria nesta segunda-feira. O prazo anterior era até 30 de setembro.

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Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.