10 motivos para acreditar que chegou a hora da virada da bolsa brasileira

BofA acredita que País chegou a um ponto de inflexão em termos de crescimento, lucros e confiança e seleciona 3 blue chips para se aproveitar dessa reviravolta

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – O viés negativo dos grandes investidores para a bolsa brasileira, algo que ficou explícito nos últimos meses, parece cada vez mais se distanciar da realidade atual. É a percepção que se tem com os relatórios elaborados pelos analistas de bancos internacionais, que possuem como grande maioria de clientes investidores internacionais e institucionais – ambos responsáveis por movimentar uma enorme quantia de dinheiro.

Jutando-se aos últimos relatórios divulgados nas últimas semanas por casas de research renomadas, como Credit Suisse, HSBC e Santander, o time de analistas do Bank of America Merrill Lynch divulgou na manhã desta terça-feira (30) um relatório entitulado “10 reasons not to be so bearish on Brazil”, ou 10 motivos para não estar “bearish” (com viés baixista) para o Brasil, na tradução livre.

O estudo, assinado por Felipe Hirai, David Beker e Marina Valle, conclui que, após um longo período de pessimismo por parte dos investidores, o Brasil finalmente chegou a um ponto de inflexão em termos de crescimento, lucros e confiança, apostando que agora é a hora da retomada. Além disso, os analistas do BofA afirmam que a melhor forma de se posicionar no País é por meio das ações das blue chips Itaú Unibanco (ITUB4), Petrobras (PETR3, PETR4) e Vale (VALE3, VALE5), que têm performado abaixo da média em 40% desde 2009.

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Os 10 motivos:

1. Crescimento em 2013 muito mais forte do que de 2012: a atividade econômica vem mostrando sinais de retomada, com a atividade industrial retornando para o campo positivo em fevereiro, ao passo que as vendas de varejo apresentaram um crescimento de 19,7% entre o primeiro trimestre de 2012 e 2013. 

No lado da oferta, as perspectivas para a agricultura estão bastante otimistas, apontando para um crescimento de 8,6% neste ano. Já no setor industrial, o menor “spread” dos financiamentos neste ano deve amenizar os impactos na saúde financeira das empresas. Ainda sobre os spreads, o BofA avalia que os bancos sofreram menos com as medidas anunciadas pelo governo em 2012 nesse âmbito.

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2. Necessidade “desesperada” de investimento privado: para o BofA, o ponto-chave para resolver o enigma “baixo crescimento + alta inflação” é aumentar o investimento privado. E o governo já começou a se mobilizar neste sentido, apontam os analistas do banco, destacando o aumento na TIR (Taxa Interna de Retorno) oferecida nas novas concessões rodoviárias, de um patamar entre 5% e 5,5% para 7% e 8%. Além disso, diversos pacotes de estímulo engatilhados pela presidente Dilma e o aumento das PPPs (Parcerias Público Privada) também trazem uma expectativa favorável para o País.

3. Consenso do mercado está “bearish” demais: segundo dados da pesquisa de gestores realizada pelo próprio BofA, os investidores seguem “underweight” (com exposição abaixo da média) com o Brasil, com o fluxo dos fundos mostrando uma saída líquida de US$ 1,6 bilhão desde o começo do ano – no resto do mundo, houve uma entrada líquida de US$ 105 bilhões em ações. “Na nossa visão, o sentimento sombrio em torno do Brasil parece já estar precificado em seu mercado de ações”, concluem Hirai, Beker e Valle.

4. O sinal de otimismo por trás da alta dos juros: diante da crescente preocupação com a inflação, o Banco Central do Brasil tem iniciado o ciclo de alta dos juros. Além da alta de 25 pontos-base anunciada neste mês, o time do BofA espera mais três aumentos nesta mesma intensidade, levando a Selic para 8,25% ao ano no fim de 2013. “A percepção é que o processo de aperto irá provavelmente manter a inflação dentro da banda tida como meta [entre 2,5% e 6,5%] e ajuda a reforçar a credibilidade da política econômica”, afirma a equipe do banco.

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5. Proteção bilionária contra ataque especulativo: os analistas do BofA destacam ainda a luta do governo brasileiro para impedir a valorização do real diante do cenário atual de alta liquidez global e baixas taxas de juros nas principais economias do mundo, o que estimula a migração de investimentos para cá, tendo em vista nossas taxas de juros ainda atrativas. Para essa “batalha”, o País possui em torno de US$ 380 bilhões em reservas, o que lhe permite se prevenir de um ataque especulativo mais forte, acredita o banco.

6. Reformas estruturais a caminho: “desde as mudanças na Constituição em 1988, a carga tributária aumentou fortemente no Brasil, o que ajuda a explicar o baixo nível de investimentos na economia”. Diante disso, o trio de analistas do BofA ressalta que, apesar do viés mais intervencionista do governo atual, é louvável as recentes movimentações para mudar o sistema de tributação de impostos, com a redução do PIS/COFINS e a unificação do ICMS.

7. Apoio na demografia brasileira: nos últimos 10 anos, a população brasileira cresceu 1,1% ao ano. Contudo, mais importante do que o aumento de brasileiros, o BofA enfatiza a mudança de classes sociais no País, com a classe C apresentando uma expansão de 44% entre 2003 e 2009 – o equivalente a 30 milhões duplicando sua renda mensal de R$ 1.000,00 para R$ 2.000,00. No mesmo período, a classe E recuou 42%.

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Dentre os diversos fatores que contribuíram para essa mudança de classes – tais como estabilidade de emprego, aumento de renda e subsídios governamentais -, o BofA coloca em destaque o maior ingresso da população brasileira ao ensino superior, tendência esta que deve aumentar ainda mais nos próximos anos, à medida que o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) começar a ganhar ainda mais importância.

8. Superpotência na agricultura: “o País tem 90 milhões de hectares de terra disponível, clima agradável e abundância em água”, afirmam Hirai, Beker e Valle. Para eles, o setor agrário permanecerá em evidência nos próximos anos e continuará sendo fundamental para a agricultura global, principalmente pela expectativa de aumento no consumo de alimentos nos GEMs (Global Emerging Markets). O setor agrário representa 7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

9. Produção de commodities deve crescer significativamente: desde 2010 a produção de commodities não-agrárias tem se mantido estável, representando cerca de US$ 140 bilhões de valor. Para o BofA, a volta do crescimento econômico estimulará a produção destes materiais básicos nos próximos anos. “Com as companhias focando na execução de projetos, a produção deve crescer em média 6,5% ao ano até 2020“, afirmam os analistas.

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10. Análise “bottom-up” mostra-se mais convincente: partindo da análise “bottom-up” (do microeconômico para o macroeconômico, ou seja, analisa primeiro a empresa e depois a economia como um todo), os analistas do BofA afirmam que as estimativas mostraram boa melhora nos últimos meses.

De forma a reforçar essa visão mais otimistas, a equipe do banco destacou 7 eventos nessa linha: a nova TIR das concessões rodoviárias; aumento na taxa de juros; aceleração no crescimento de crédito no 1º trimestre; melhores retornos nos novos leilões de energia; benefícios tributários no novo marco regulatório de mineração; o resultado melhor que o esperado de Vale e Petrobras (as duas empresas que possuem a maior participação no Ibovespa); e o valuation atrativo do mercado brasileiro.

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Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers