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Apesar do ritmo de aperto intensificado de alta de juros pelo Federal Reserve, a reta final da sessão desta quarta-feira (4) é de alívio para os mercados. Isso por conta da fala do chair do Fed, Jerome Powell, reduzir os temores do mercado sobre uma intensificação ainda maior no aperto monetário promovido pelo banco central americano.
Em coletiva após a reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), do Fed, Powell ressaltou que as autoridades do banco central dos Estados Unidos não estão “ativamente” considerando uma alta de 0,75 ponto percentual nos juros nas próximas reuniões de política monetária.
“Um aumento de 75 pontos-base não é algo que o Comitê (Federal de Mercado Aberto) esteja considerando ativamente”, afirmou Powell em resposta a uma pergunta em uma entrevista coletiva após a última reunião do Fed, que decidiu subir sua taxa básica em 0,50 ponto percentual, no maior avanço em 22 anos, e sinalizou mais ajustes à frente.
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Os mercados futuros de juros vinham apontando uma probabilidade significativa de que o banco central elevaria os juros em 0,75 ponto percentual em sua próxima reunião, em junho. Contudo, de acordo com a Reuters, após os desdobramentos pós-reunião do Fomc, os operadores elevaram a aposta de alta de juros em 0,5 ponto em junho de 56% para 90%.
Assim, em meio a essa fala de Powell, os mercados, tanto doméstico quanto internacionais, tiveram um movimento de alívio. O Ibovespa, que caía mais de 1% antes da coletiva de Powell, que começou às 15h30 (horário de Brasília), zerou as perdas por volta das 15h45 (horário de Brasília). O benchmark da Bolsa brasileira fechou em alta de 1,70%, a 108.343 pontos, próxima das máximas do dia, em meio às falas consideradas “dovish”, mais brandas em relação à alta de juros, do presidente do Fed.
O dólar, por sua vez, virou para queda, fechando em baixa de 1,21%, a R$ 4,903 na compra e R$ 4,904 na venda.
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Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, apontou que a decisão de política monetária nos EUA não trouxe muitas novidades, mas a fala de Powell animou os investidores.
Confira abaixo o movimento do Ibovespa no dia:
Em Wall Street, a sessão também foi de forte alta após as falas de Powell. As ações saltaram na reta final do pregão em um rali de alívio.
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O Dow Jones subiu 2,81%, a 34.061 pontos, o S&P 500 teve ganhos de 2,99%, a 4.300 pontos, enquanto o Nasdaq Composite avançou 3,19%, a 12.964 pontos.
O impacto do aperto do Fed no crescimento econômico tem sido uma das principais preocupações dos mercados nos últimos meses. A maioria dos consultados em pesquisa da CNBC em maio indicou que espera uma recessão no final do ciclo de aperto monetário.
“A alta inflação restringe o Fed, tornando menos provável a flexibilização da política monetária se o crescimento (ou mercados) cair. Há muito argumentamos de que a inflação elevada colocaria o Fed em um beco sem saída – quando o crescimento enfraquecer, eles não estariam dispostos ou seriam capazes de resgatara economia afrouxando a política monetária”, disse o estrategista quantitativo do Citi, Alexander Saunders, em nota aos clientes.
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Contudo, para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, o Federal Reserve poderá ter dificuldades para manter ritmo de alta de juros em 0,5 ponto percentual, sendo possível que os juros subam em ritmo mais acelerado.
“Jerome Powell abriu [a coletiva de imprensa] quase que fazendo um pedido de desculpas para a população americana por conta da inflação elevada e diz que vai combater isso. Na minha visão já é uma mensagem que a taxa de juros vai para uma taxa de juros mais elevado do que está sendo precificado”, afirma.
Para Cruz, com a taxa de desemprego baixa, o Fed “não vai ficar preocupado em levar a atividade para um nível mais baixo e priorizar, sim, elevar a taxa de juros para patamares elevados e levar a inflação para perto da meta”.
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Preocupação com inflação
Powell começou sua coletiva de imprensa após a decisão monetária do BC com uma mensagem à população dos EUA, reconhecendo os desafios impostos pela alta inflação no país e reforçando que a entidade está se movendo para reverter a pressão sobre os preços.
Segundo Powell, os EUA passou por muitas dificuldades e, ainda assim, sua economia se manteve firme. Para que essa tendência se mantenha, é fundamental controlar a inflação, de forma a prover estabilidade econômica.
Em adição ao cenário de forte inflação, o mercado de trabalho está “extremamente apertado” e as pressões nos preços, amplas, disse Powell.
A demanda interna dos EUA também está muito forte, e os gargalos na cadeia produtiva não permite que ela seja completamente atendida, ressaltou o banqueiro central.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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