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Após um ligeiro “respiro” na sexta-feira (13) depois de uma queda de 77% na quinta-feira (12) e com baixa de mais de 70% na semana passada, as ações da Americanas (AMER3) tiveram um novo dia extremo na Bolsa brasileira.
Em uma nova sessão marcada por leilões, os ativos AMER3 fecharam em queda de 38,41%, a R$ 1,94, após chegarem a cair mais de 40% mais cedo, enquanto Via (VIIA3) disparou 10,55% (R$ 2,62) e Magalu saltou 12,24% (R$ 3,85).
Cabe destacar que as ações da concorrentes tiveram alta após o governo decidir manter reduzidas as alíquotas do IPI. Segundo Fernando Haddad, ministro da Fazenda, a medida é para sinalizar à indústria que pretende avançar com a reforma tributária, ressaltando que o objetivo é aprovar a mudança no sistema de tributos sobre consumo ainda neste semestre.
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Um pouco antes das 15h, os papéis da Americanas tiveram a negociação suspensa pela iminência de fato relevante. A companhia informou que seu Conselho de Administração, em reunião nesta segunda, deliberou sobre a contratação do Rothschild & Co, que atuará como interlocutor da Companhia na renegociação da dívida, a nível Brasil e internacional.
No radar da Americanas, está a suspensão por 30 dias do vencimento antecipado de suas dívidas (o que desagradou os credores) e o impasse entre representantes da Americanas e dos bancos credores após o trio de investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência da empresa, indicarem na sexta uma injeção de R$ 6 bilhões na empresa, o que foi visto como um valor baixo pelas instituições financeiras.
O BTG Pactual (BPAC11) recuou 3,38%, a R$ 21,46, em meio a receios sobre a exposição do banco de investimentos às dívidas da Americanas. No fim de semana, o BTG recorreu da liminar que protege a varejista de credores e subiu o tom contra os acionistas de referência da Americanas. Analistas vinham chamando a atenção para a exposição do banco e de outras instituições financeiras à companhia. No setor, Santander (SANB11) caiu 4,41%, Itaú (ITUB4) teve baixa de 1,08% e Bradesco (BBDC4) perdeu 3,07%.
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De acordo com Lauro Jardim, do jornal O Globo, como já esperado — e seguindo o exemplo do BTG — mais dois bancos questionam na Justiça do Rio de Janeiro o bloqueio das execuções de dívidas por 30 dias obtido pela Americanas. São eles o Bank of America e o Banco Votorantim (BV) cujos recursos foram impetrados hoje na 4ª Vara Empresarial.
Para a Genial Investimentos, todos os pontos de valor da Americanas estão indo “ralo abaixo”. Eles destacaram piora na alavancagem financeira, encarecimento do custo de capital, compressão de margens e dúvida sobre crescimento de receita, conforme nota a clientes.
“Essa será mais uma semana turbulenta para os acionistas de Americanas e reiteramos nossa recomendação de ‘não pegar a faca caindo'”, afirmaram. Eles avaliam que, para ganhar liquidez, além de uma capitalização de acionistas de referência, a varejista poderá colocar à venda dois de seus ativos valiosos para a tese de investimento nas ações – sua parceria com a Vibra, Vem Conveniência, e o Hortifruti Natural da Terra.
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Analistas de algumas casas, como XP e JPMorgan, veem grandes chances de que a empresa dê início ao processo de recuperação judicial.
Com base em dados passados de recuperação judicial, a XP disse ver quatro principais implicações não muito positivas para a Americanas (e para as suas ações) frente a essa possibilidade.
A empresa ficaria nesse estado delicado por um período longo, de no mínimo três anos, afirma. Sairia do Índice Bovespa (Ibovespa), porque deixaria de cumprir exigências para pertencer ao principal índice da B3, o que pode impactar negativamente a liquidez.
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A “arrumação da casa”, ou seja, o rebalanceamento da estrutura de capital pode ser feito por venda de ativos, renegociação de dívidas, conversões de dívidas em ações e aumento de capital. No entanto, a dissolução da companhia não é descartada.
Em meio a tudo isso, espera-se muita volatilidade. “As ações tendem a sofrer durante processos de recuperação judicial, uma vez que as medidas são focadas nos credores e são geralmente diluitivas aos acionistas”, escrevem os analistas Daniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.
Os analistas do JP citam as notícias de que os acionistas de referência, que possuem 29,93% do capital e investem na empresa há quase 40 anos, – estariam dispostos a injetar cerca R$ 6 bilhões em novo capital, enquanto os bancos credores solicitaram algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões contra um valor de mercado de R$ 2,85 bilhões no último fechamento.
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“Nesse contexto, antes das inconsistências anunciadas, já estimávamos a necessidade de uma injeção de capital entre R$ 4 bilhões e R$ 6 bilhões para reequilibrar a estrutura de capital da Americanas em meio à queima de caixa. E, com o acréscimo de R$ 20 bilhões em passivos em um cenário em que (i) as taxas de juros devam permanecer em território de dois dígitos por mais de 18 meses e (ii) as operações da empresa devam enfrentar dificuldades de crescimento devido à maior alavancagem mais limitações de crédito, acreditamos que os R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões solicitados não devem ser suficientes para sustentar o negócio mesmo no contexto de potenciais vendas de ativos”, destacam os analistas.
Impactos em participação de mercado
O Morgan Stanley também comentou a liminar obtida pela Americanas para suspender temporariamente o pagamento que pode chegar a ser de cerca de R$ 40 bilhões de dívidas — valor superior aos R$ 21 bilhões de dívidas e R$ 32 bilhões de passivos do balanço do 3T22 (terceiro trimestre de 2022), segundo aponta o banco.
De acordo com os analistas, enquanto a call do ex-CEO Sergio Rial com o mercado ainda deixou os analistas com dúvidas sobre a natureza das inconsistências contábeis, o pedido de liminar sugere que as obrigações totais da Americanas (cerca de R$ 40 bilhões) são maiores do que as apresentadas anteriormente.
O processo judicial cita que ‘quase todos os contratos financeiros’ da Americanas haviam permitido aos credores o direito de solicitar pagamentos antecipados (tendo em vista o descumprimento contábil), e que alguns credores já pediram essa antecipação (caso do BTG Pactual BPAC11).
Após o prazo improrrogável de 30 dias, a empresa terá que entrar com pedido de recuperação judicial, ou entrar em acordo com os credores, reforça o Morgan.
“Na recuperação judicial, as empresas podem continuar operando, mas entram em um processo que acaba resultando em uma reestruturação financeira. (…) Acreditamos que uma recuperação judicial pode acelerar o ritmo em que a Americanas cede participação no e-commerce nacional (cerca de 15%, segundo projeção para 2022)”, aponta o banco. O Morgan Stanley vê o Mercado Livre (MELI34) provavelmente sendo o que capturará a maior participação de mercado deixada pela Americanas, enquanto Magazine Luiza e Via também aparecem entre as potenciais beneficiárias.