Ações da Americanas (AMER3) fecham em queda de 9% em 1º pregão na Bolsa; LAME3 e LAME4 passam por forte ajuste nominal

AMER3 representa agora nova companhia resultado da união dos ativos físicos e digitais de Lojas Americanas e antiga B2W, agora chamada Americanas

Equipe InfoMoney

Fachada de loja física das Americanas
Fachada de loja física das Americanas

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SÃO PAULO – A estrutura organizacional dos ativos da B2W e da Lojas Americanas passou por uma importante mudança nesta segunda-feira (19) em meio à operação de fusão dos ativos físicos e digitais das companhias.

Com a nova estrutura, o papel AMER3, combinação entre B2W e ativos das Americanas, estreou na B3 nesta segunda, enquanto as Lojas Americanas viu o valor nominal de suas ações despencar na sessão, que também foi de forte aversão ao risco para o mercado acionário em geral com os temores sobre a disseminação da variante delta do coronavírus.

As perdas foram significativas, com AMER3 caindo 8,94%, também em ajuste após a última sexta-feira ter sido de alta de 4,15% para BTOW3 em sua última sessão na Bolsa. 

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Já para os ativos [ativo=LAME3] e [ativo=LAME4], houve um ajuste nominal muito forte para o preço das ações, ainda mais comparando com a cotação dos papéis no fechamento de sexta-feira (16), quando os ativos fecharam, respectivamente, a R$ 20,56 e R$ 20,90 na Bolsa.

Mesmo considerando os ajustes com a cisão de ativos, houve queda dos papéis: para LAME, foi de 6,61%, a R$ 7,77, enquanto LAME4 fechou em baixa de 8,78%, a R$ 7,90.

Porém, sem considerar os ajustes, a queda foi ainda mais expressiva: conforme site da B3, os papéis LAME3 caíram 62,21% e os ativos LAME4 fecharam em queda de 62,20%, levando apenas a comparação com o fechamento de sexta. Consultada pelo InfoMoney, a B3 afirmou que a base de ativos será ajustada posteriormente.

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Confira o gráfico das ações LAME3 e LAME4 sem ajuste, segundo dados da B3: 

Porém, essa baixa nominal dos papéis era prevista, uma vez que a Lojas Americanas realizou a cisão de diversas lojas físicas e da fatia na Ame Digital. Essas operações passaram a ser da antiga B2W, agora Americanas s.a.

A Lojas Americanas, que segue sendo negociada na B3 com os tickers LAME3 e LAME4, agora é um “veículo de investimento” dos acionistas, ou uma “holding” da Americanas, passando a representar uma participação de 38,9% na nova companhia (AMER3). Com isso, os papéis sofreram tal ajuste de modo a refletir o novo valor de mercado companhia. Assim, a sessão da sexta-feira foi o último dia em que as ações de LAME4 operaram representando tanto a operação de lojas físicas da Lojas Americanas quanto a participação de 62,5% da empresa na B2W Digital.

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Por consequência, o valor de mercado da Lojas Americanas (somando LAME3 + LAME4) passou por uma forte queda nesta segunda. De um total de R$ 39,18 bilhões na sexta, a sessão de segunda-feira terminou com um market cap de cerca de R$ 14,8 bilhões (ou uma queda de 62,23%, em linha com a queda nominal dos ativos).

Porém, quem tinha ações LAME3 e LAME4, mesmo vendo queda de suas ações, não amargou uma queda tão expressiva de seus investimentos nos ativos. Isso porque foram recebidas 18 ações AMER3 para cada 100 papéis de LAME3 ou LAME4 que o investidor possuía na sexta – ou seja, ele passou a contar com um novo ativo na carteira além de LAME, a AMER3.

Por exemplo: quem tinha 100 ações LAME3 na sexta, totalizando uma posição de R$ 2.056 (100 ações a R$ 20,56), e manteve a posição, terminou a segunda-feira com 100 ações LAME3 valendo R$ 7,77 (R$ 777) e com 18 ações AMER3 valendo R$ 61,92 (R$ 1.114,56), totalizando R$ 1.891,56, um valor cerca de 8% em relação à sexta-feira.

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Na mesma linha, quem contava com uma posição de 100 ações LAME4 na sexta tinha uma posição de R$ 2.090 (100 ações a R$ 20,90) na sessão anterior. Já nesta segunda, contava com 100 ações LAME4 valendo R$ 7,90 (R$ 790) e também 18 papéis AMER3 valendo R$ 61,92, com uma posição de R$ 1.904,56, um valor 8,87% menor em relação ao fechamento de sexta.

Cabe destacar ainda que, por conta dos novos ativos contabilizados em Americanas s.a. (em meio à junção dos ativos digitais e físicos das companhias), a empresa teve um aumento do valor de mercado em comparação com o fechamento de B2W na sexta, isso mesmo com a queda das ações. O movimento aconteceu porque houve a emissão de 339.355.391 novas ações, passando de um total de 560.085.762 papéis emitidos pela B2W até sexta para 899.441.153 papéis AMER3 na segunda, refletindo os ativos incorporados à companhia. Desta forma, mesmo com a queda de quase 9% dos ativos AMER3 o valor de mercado passou de cerca de R$ 38,08 bilhões na sexta para R$ 55,69 bilhões na segunda, um aumento de 46%.

A partir dessa nova estrutura, um dos fatores que passa a ser reavaliado na precificação das ações da Americanas (AMER3), segundo a equipe da XP, é o múltiplo EV/GMV, ou relação entre valor da empresa e o volume bruto das mercadorias vendidas que o mercado irá atribuir à nova companhia.

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Já para os papéis de Lojas Americanas, além da reavaliação de múltiplo, os preços dependerão dos descontos entre LAME3 e LAME4 e de holding que o mercado irá incorporar nas ações.

“Em nossa visão, consideramos o atual desconto de holding de cerca de 20% como justo, enquanto não vemos mais motivos para a diferença entre as cotações de LAME4 e LAME3 existir com a efetivação da fusão dado que ambas as classes de ações receberão a mesma quantidade de ações da AMER3”, explicaram os analistas em relatório na última sexta-feira.

O atual desconto de holding de cerca de 20% até a semana passada era justo, na visão da XP, que também não enxergava mais motivos para a diferença entre as cotações de PNs e ONs dado que ambas receberiam a mesma quantidade de papéis da Americanas.

Os analistas da XP apontaram ainda que seguem otimistas com a perspectiva para Lojas Americanas e Americanas S.A. No relatório, eles destacaram terem recomendações de compra para AMER3 com um preço alvo de R$ 82 por ação e para Lojas Americanas (LAME3 e LAME4) com um preço-alvo de R$ 12 por ação.

Entenda a união de Lojas Americanas e B2W

A Lojas Americanas e a B2W anunciaram a união de suas operações em abril, sendo que união dos ativos físicos da primeira com os ativos digitais da segunda foi aprovada em junho.

A proposta já havia sido divulgada semanas antes pelos controladores das duas companhias, com os termos de troca e detalhes da operacionalização.

A ideia é que a B2W passe a ser uma plataforma de varejo completo, com físico e digital integrados, passando a se chamar Americanas S.A., enquanto a Lojas Americanas ainda existirá, mas sem mais incluir a participação que tinha até hoje de 62,5% na B2W.

Está em estudo ainda uma possível listagem nos Estados Unidos por meio de uma migração da base acionária da companhia, a ser chamada de Americanas Inc, mas ainda não existe nada concreto sobre isso.

Entre os objetivos da operação, as empresas destacam que a companhia combinada criará “um motor de fusões e aquisições ainda mais poderoso para avaliar, negociar e integrar novas aquisições”.

Juntas, as empresas possuem uma rede de cerca de 1.700 lojas físicas em 750 cidades do país e um marketplace online com mais de 87 mil vendedores e vendas totais de 40 bilhões de reais no ano passado.

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