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As ações da Natura&Co (NTCO3) recuaram 8,90%, a R$ 16,48, na sessão desta quarta-feira (16), entre as maiores baixas do Ibovespa no dia.
O movimento ocorre após a companhia fornecer mais detalhes sobre a integração entre as marcas Natura e Avon na América Latina, processo chamado de Onda 2, apresentando resultados iniciais no Peru e na Colômbia e expectativas sobre o Brasil.
Na visão de analistas do Bradesco BBI, o mercado tinha expectativas mais altas em relação ao apresentado pela empresa mais cedo, dada a reação na ação.
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“A empresa não forneceu ‘guidance’ de margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações sobre receita] para a região e indicou problemas de curto prazo relacionados à integração na América Latina…”, avaliou o BBI.
Além disso, a gestão da Natura&Co não divulgou um valor específico para os custos de integração.
“A mensagem foi de que devemos esperar altos custos pontuais de integração devido à aceleração da estratégia nos próximos dois trimestres”, observaram, ressaltando, contudo, aspectos positivos no anúncio, como o detalhamento do caminho para reduzir a diferença de margem Ebitda entre as marcas na região.
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De acordo com a apresentação da fabricante de cosméticos a analistas no que chamou de “kick-off da Onda 2”, a Natura afirmou que o processo busca capturar oportunidades de “cross-selling” com melhorias na produtividade, “o que deve resultar em uma expansão de margem significativa”.
A nova estratégia consiste na criação de um único canal, com mais de 4,1 milhões de consultoras, bem como redução de 23% no número de produtos (SKUs) combinados em cosméticos, perfumaria e higiene pessoal (CFT), além de redimensionamento contínuo da categoria Casa e Estilo, focando em rentabilidade.
Também busca uma estrutura simples e enxuta, bem como incentivos alinhados com o desempenho regional geral. Marketing e pesquisa e desenvolvimento (P&D), contudo, permanecem separados para manter as identidades das marcas.
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Na visão de analistas do Citi, o destaque mais importante foi a economia potencial, logo, a perspectiva de expansão de margem, decorrente da integração.
A Natura&Co citou na apresentação um efeito de 9 pontos nas vendas como percentual da receita líquida decorrentes da estrutura comercial (1 ponto), dos sistemas de TI (2 pontos) e da integração logística (6 pontos).
“O timing não está 100% claro, mas a administração indicou que o processo não é rápido – mais do que 6 meses – nem longo – menos do que dois anos, mas algum ‘tempo intermediário'”, afirmaram os analistas do Citi em relatório a clientes.
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“Isso é bom porque dá maior visibilidade de onde a empresa espera que as margens da Natura&Co Latam cheguem após a conclusão do processo.”
Mas, de acordo com a equipe do banco norte-americano, a companhia indicou custos extraordinários de transformação que a empresa ainda incorrerá durante esse processo e potencial impacto negativo nas vendas.
RESULTADOS PRELIMINARES, BRASIL
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No Brasil, que responde por 60% das vendas da Natura, a integração logística tende a ser mais desafiadora e há maior sobreposição de consultoras – cerca de 40% -, a Onda 2 será dividida em duas etapas.
A primeira compreende a integração de parte dos sistemas de TI, da equipe comercial e das consultoras, prevista para o terceiro trimestre deste ano. A segunda, dos demais sistemas de TI e dos processos logísticos, é estimada para o primeiro semestre de 2024.
A equipe do Bradesco BBI chamou a atenção para a existência de altos riscos na integração logística, TI e canibalização do portfólio, mas afirmam ver a administração confiante na implementação gradual do plano nos próximos 6 a 24 meses.
“No geral, estamos confiantes na trajetória para atingir nossa estimativa de margem Ebitda da Natura&Co LatAm de 16,5% em 2025, implicando expansão de margem de 6,5 pontos percentuais desde 2022”, afirmaram os analistas em relatório enviado a clientes nesta quarta-feira.
Também na primeira metade do próximo ano é esperada a implementação da Onda 2 no Chile, enquanto no México e na Argentina a expectativa é de que ocorra no segundo semestre de 2024.
Na véspera, as ações da Natura&Co fecharam em alta de 5,48%, após a divulgação do balanço do segundo trimestre na noite de segunda-feira, com prejuízo líquido de R$ 732 milhões, praticamente estável ante o resultado negativo sofrido no mesmo período do ano passado.
A companhia também apresentou resultados preliminares sobre a integração das marcas no Peru e na Côlombia.
No caso peruano, todos os indicadores de desempenho apontam para aumento da produtividade de CFT, “o que deve melhorar as margens de contribuição”. Os dados da Colômbia apontam na mesma direção, mas em magnitude diferente, segundo os dados apresentados.
Embora a estratégia seja diferente em cada uma das regiões, o Citi destacou que os números preliminares mostram rápido aumento na sobreposição de consultores (para +70%, de -10% antes da Onda 2) e queda na base de representantes no Peru (-11%).
O Citi também chamou a atenção para a maior produtividade de CFT no Peru (+26% ano a ano versus +15% para a Onda 2) e na Colômbia (+55% ano a ano de +21% anteriormente).
O Citi tem recomendação neutra para NTCO3, com preço-alvo de R$ 15 para os ativos. Já o Bradesco BBI apontou seguir otimista com a Natura&Co, apesar das pressões de curto prazo e da volatilidade dos resultados, mantendo assim recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação, com preço-alvo de R$ 24 para 2024.
(com Reuters)