Ações de Vale e CSN caem com disputa EUA-China; Eletrobras salta 4% após CEO falar em dividendos para 2020

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (16)

Lara Rizério

(Divulgação/Cemig)
(Divulgação/Cemig)

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SÃO PAULO – A sessão foi de ganhos para o Ibovespa na sessão desta quarta-feira (16), com os investidores acompanhando o noticiário sobre reformas, mas também os desdobramentos no campo da guerra comercial. A China prometeu contra-atacar os EUA caso o Congresso americano aprove um projeto que favorece os manifestantes de Hong Kong. Isso, somado à queda de quase 3% do minério de ferro negociado em Dalian, faz com que papéis como da Vale (VALE3, R$ 46,80, -2,32% ) e CSN (CSNA3, R$ 13,21, -3,01%) fechassem entre as maiores quedas do benchmark da bolsa.

As ações da MRV (MRVE3, R$ 17,58, +0,80%), que abriram em baixa de cerca de 2% com prévia operacional fraca, acabaram virando os ganhos durante o pregão e fecharam em alta. Já a Cemig (CMIG4) fechou em leve queda após o pedido de recuperação judicial da sua controlada, a Renova Energia (RNEW11), que teve queda de 20,68%. Em relatório, a Fitch Ratings apontou que os ratings da Cemig não são afetados pelo processo de recuperação da Renova.

Já a Eletrobras (ELET3, R$ 36,37, +4,33%;ELET6, R$ 37,90, +4,01%) fechou em forte alta após Wilson Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras, afirmar que a proposta de aumento de capital de até R$ 9,98 bilhões, aprovada nesta semana pelo conselho de administração prepara a companhia de forma definitiva para a sua privatização.

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Júnior destaca que o sucesso da operação de privatização da empresa via aumento de capital levaria Eletrobras a avaliar o pagamento, em 2020, da reserva especial de dividendos retidos, no valor de R$ 2,29 bilhões. “Não há pressão para gerar recursos ao governo”, destacou o CEO. Ferreira Jr. diz não ter informações sobre os planos do BNDES no aumento de capital, pois proposta foi costurada apenas com o controlador. No limite, BNDES e BNDESPAR entrariam com R$ 1,87 bilhão, os fundos entrariam com R$ 341 milhões, e minoritários R$ 3,73 bilhões, considerando que todos participassem. Isso significaria entrada potencial de novos recursos de R$
5,1 bilhões de outros acionistas, além de R$ 4,05 bilhões da União .

Confira os destaques:

Renova Energia (RNEW11)

A Renova Energia ajuizou pedido de recuperação judicial perante a Comarca da Capital do Estado de São Paulo. O pedido de recuperação contempla obrigações de cerca de R$ 3,1 bilhões totais, sendo R$ 11,7 milhões no âmbito trabalhista e R$ 3,1 bilhões para bancos (com e sem garantia real) e demais credores quirografários e/ou micro e pequena empresas. Deste total, R$ 834 milhões correspondem a débitos intercompany, e expressivos R$ 980 milhões a débitos com seus atuais acionistas.

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“A Companhia, por meio do Plano de Recuperação Judicial que será apresentado à apreciação da Assembleia Geral de Credores, dentro dos prazos legais previstos, pretende reestabelecer seu equilíbrio econômico-financeiro e honrar os compromissos assumidos com seus diversos stakeholders e, em um futuro próximo, retomar uma trajetória de crescimento sustentável, dentro das reais possibilidades operacionais e financeiras da Renova e de seus acionistas”, afirmou em fato relevante.

A Renova cita entra as razões para sua crise as dificuldades de caixa que impediram a conclusão do projeto eólico Alto Sertão III, paralisado desde 2016, e tentativas frustradas de alienação de ativos relevantes, segundo cópia do pedido de recuperação.

A Light já havia informado essa semana que vendeu suas ações na Renova Energia, equivalentes a 17,17% do capital social dessa companhia, pelo valor simbólico de R$1,00, ao CG I Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia.

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A Cemig, outra sócia, havia informado que está avaliando o negócio e seus direitos decorrentes do acordo de acionistas da Renova. Veja mais clicando aqui. 

Vale (VALE3)

O Bradesco BBI destacou em relatório que os preços do minério de ferro estão sendo negociados dentro de uma faixa estreita entre US$ 90-95 a tonelada, apoiada pela ainda forte produção de aço chinesa.

Hoje, os preços do minério de ferro, entretanto, enfrentam uma maior correção, com o índice de preços da Platts para 62% caindo 5,4%, “devido a um sentimento mais pessimista do mercado de aço e ao aumento crescente das ofertas disponíveis no mercado marítimo”.

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Os analistas Thiago Lofiego e Isabella Vasconcelos dizem esperar, porém, que ocorrra uma normalização continuada da oferta de minério de ferro no quarto trimestre.

Dessa forma, avaliam os especialistas do Bradesco BBI, os preços do minério de ferro devem ingressar na faixa de projeção estimada pela instituição de preços de US$ 90 a tonelada para 2019 e de US$ 75 a toneladas para 2020.

De acordo com Platts, as siderúrgicas chinesas não foram vistas comprando muitas cargas nos últimos dias, porque estavam preocupadas com o fato de o preço do minério de ferro ainda ter espaço para cair ainda mais.

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“Estamos bastante pessimistas com a demanda de aço durante o inverno. Não faz sentido aumentar o estoque de minério de ferro nos altos níveis atuais”, pontuou o Bradesco BBI no relatório, citando comentário de um participante do mercado.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras informou que assinou cartas de intenção com a empresa japonesa Modec (Unidade de Marlim 1) e a empresa malasiana Yinson (Unidade de Marlim 2), para o afretamento de duas plataformas do tipo FPSO. As unidades serão utilizadas no projeto de desenvolvimento da produção da revitalização dos campos de Marlim e Voador – módulos 1 e 2, localizados na Bacia de Campos.

Segundo a empresa, as plataformas serão instaladas a cerca de 150 km da costa brasileira, em lâminas d’água de aproximadamente 670 metros (FPSO Marlim 1) e 930 metros (FPSO Marlim 2). Os dois projetos terão capacidades de processar até 80 mil bpd (FPSO Marlim 1) e 70 mil bpd (FPSO Marlim 2) de petróleo e 7 milhões de m³/dia (FPSO Marlim 1) e 4 milhões de m³/dia (FPSO Marlim 2) de gás natural.

“O início da produção está previsto para os anos de 2022 e 2023, conforme Plano de Negócios e Gestão 2019-2023. As unidades serão operadas e afretadas por 25 anos”, destacou a empresa.

A Petrobras informou ainda que estendeu até o dia 21 de outubro o prazo de notificação para as empresas expressarem seu interesse na oportunidade referente à venda de oito blocos exploratórios em terra, localizados na Bacia do Recôncavo.

“Não há prejuízo para as empresas que já manifestaram seu interesse. O prazo para o envio do Acordo de Confidencialidade assinado e dos demais documentos previstos no Teaser passou para 25 de outubro”, afirmou.

Os oito blocos exploratórios em terra, no Estado da Bahia, compreendem as concessões REC-T32_R12, REC-T-40_R12, REC-T-50_R12, REC-T-51_R12, REC-T-52_R12, REC-T-60_R12, REC-T61_R12 e REC-T-70_R12.

Os blocos estão localizados em área com infraestrutura instalada e sistema petrolífero comprovado, próximos de campos em produção. A Petrobras detém 100% de participação nestas oito concessões. As ofertas deverão ser realizadas por bloco.

Pão de Açúcar (PCAR4)

As vendas totais do GPA somaram R$ 14,6 bilhões no terceiro trimestre, alta de 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o resultado foi obtido mesmo com a queda de 2,4 pontos porcentuais na inflação dos alimentos na comparação com o primeiro semestre deste ano. As vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês), por sua vez, avançaram 1,7%.

As vendas totais apenas do Assaí subiram 18,9%, para R$ 7,587 bilhões, enquanto em mesmas lojas avançaram 3,2%. O GPA destacou que a expressiva evolução da receita total foi impulsionado pela expansão de 19 lojas nos últimos 12 meses e continuidade do ganho de fluxo de clientes;

No Multivarejo, as vendas totais cresceram 0,8%, a R$ 6,982 bilhões, e em mesmas lojas subiram 0,3%. Apenas na bandeira Pão de Açúcar, as 28 lojas revitalizadas apresentaram desempenho de 12,0% e já representam aproximadamente 25% das vendas. O SSS teve alta de 0,2%.

As lojas de Proximidade registraram avanço de duplo dígito pelo quinto trimestre consecutivo, alcançando 17,5% de desempenho, mesmo com a forte base de comparação de 13,1% do terceiro trimestre de 2018. O SSS registrou avanço de 17,5%.

Na bandeira Extra Hiper, a empresa informa que houve retomada do crescimento da categoria de não alimentos, mas que o desempenho das vendas foi influenciado pela robusta base de comparação de 7,4% de um ano atrás. Entre as bandeiras de Multivarejo foi a única com queda no SSS (-1,6%).

No E-commerce alimentar, o GPA informa que houve expansão acima de 30%, resultado principalmente do avanço do modelo de entrega Express, a 107 lojas, e Clique & Retire a 113 lojas pontos de venda.

“O terceiro trimestre foi marcado pela evolução da nossa estratégia de expansão e adequação dos nossos formatos, que se reflete em um portfólio de lojas mais aderente ao cenário consumidor e preparado para capturar os movimentos da economia”, afirmou o CEO do GPA, Peter Estermann

Segundo ele, “a perspectiva de melhor tendência do ambiente de consumo, suportado pela liberação do saque do FGTS e possível concretização das reformas da previdência e tributária, aliada à continuidade das nossas estratégias, nos deixa confiantes para um quarto trimestre mais promissor”.

MRV (MRVE3)

A MRV teve alta de 18,8% nas vendas líquidas do terceiro trimestre. A companhia teve vendas de R$ 1,395 bilhão de julho ao fim de setembro, enquanto os distratos recuaram para R$ 95 milhões, ante R$ 279 milhões no terceiro trimestre do ano passado. Na comparação com o período de abril a junho deste ano, os distratos caíram 22%.

Em relatório, o Bradesco BBI avaliou que a MRV teve um volume consistente de lançamentos, que somou R$ 1,6 bilhão em novos projetos, elevando o total no ano em 8%, para R$ 4,5 bilhões. “Isso sugere um possível risco de queda nos nossos lançamentos para o ano de 2019, estimados em R$ 7 bilhões, devido a restrições de crédito do MCMV e à concorrência acirrada no mercado”, escreveram os analistas Victor Tapia e Roberto Waissmann.

Os especialistas do Bradesco BBI pontuaram ainda a queima significativa de caixa, de R$ 200 milhões, no terceiro trimestre, como consequência da aquisição de banco de terrenos; gargalos na transferência de recebíveis; e ritmo mais rápido de construção, incluindo unidades que ainda não foram transferidas. Em nove meses, a a MRV conseguiu construir cerca de 31 mil unidades, mas transferiu aproximadamente 25 mil.

“Reafirmando a classificação neutra. Embora a MRV esteja lançando volumes consideráveis, as vendas líquidas da empresa estão ficando para trás, como evidenciado em suas unidades de estoque crescentes e menor velocidade de vendas”, afirmaram, mantendo o preço-alvo para 2019 de R$ 18.

O Credit Suisse também ressaltou que os números da MRV tiveram mais destaques negativos do que positivos, com o destaque negativo sendo a queima de caixa. Mesmo considerando a queda dos repasses, os analistas avaliam que isso pode indicar que a necessidade de capital de giro para a compra de terrenos é maior do que o esperado e que a atividade de construção está acelerando em projetos que não estão sendo bem vendidos. A queda nos lançamentos já era esperada de alguma maneira e deve recuperar no quarto trimestre, mas as vendas sobre ofertas fracas de 15% faz questionar se essa é a estratégia correta.

EzTec (EZTC3)

A EzTec registrou no terceiro trimestre vendas líquidas de R$ 343,2 milhões (R$ 365,7 milhões de vendas brutas e R$ 22,5 milhões de distratos), o que implica uma queda de 7,8% em relação as vendas líquidas do segundo trimestre deste ano, mas alta de 2,8 vezes na comparação com o mesmo período do ano passado.

O Valor Geral de Vendas (VGV) lançado somou R$ 242 milhões no terceiro trimestre, queda ante o segundo trimestre (R$ 313 milhões), mas alta na comparação com o mesmo período do ano passado (R$ 106 milhões). No acumulado do ano, o VGV soma de forma agregada R$ 949 milhões – 47% do topo do guidance revisado de lançamentos de 2019.

Para o quarto trimestre, a empresa informou que já lançou um empreendimento com VGV de R$ 576,4 milhões. “O projeto é o maior e mais relevante lançamento residencial do ano, respondendo sozinho por 29% do VGV previsto no topo do guidance de lançamentos de 2019. Com ele, a Companhia atinge o limite inferior do guidance, com R$1.525 milhões de VGV lançado no ano até então”, informou.

Os analistas do Bradesco BBI Victor Tapia e Roberto Waissmann destacaram, em relatório, que a empresa já atingiu o “guidance” de lançamentos, de R$ 1,5 bilhão. “Acreditamos que a empresa poderia até ultrapassar o limite superior de R$ 2,0 bilhões. Isso sugere um potencial risco positivo de nossa previsão de lançamentos para 2019 de R$ 1,8 bilhão”, escreveram.

Os especialistas acrescentam que, embora os lançamentos ainda estejam sustentando a recuperação do segmento de renda alta, as vendas de estoques estão começando a mostrar sinais de melhoria. Já a queima de caixa ficou dentro esperado no terceiro trimestre, entretanto o fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) deve ser prejudicado no curto e médio prazos, pela construção e despesas com lançamentos.

“No entanto, entendemos que tudo isso faz parte da estratégia de crescimento da empresa e entendemos que lançamentos mais altos devem impulsionar o FCF no futuro.” O Bradesco mantém a recomendação neutra, com preço-alvo para 2019 de R$ 33,00.

Yduqs (YDUQ3)

A Yduqs, ex-Estácio, prestou esclarecimento sobre notícia de que estaria em fase final de negociação para compra da dona da Ibmec. “Até o momento, nenhuma decisão foi tomada a respeito de uma possível transação”, disse a empresa. A companhia afirmou que um de seus pilares estratégicos é crescer via aquisições e, por isso, está em tratativas com diversos grupos educacionais, dentre eles o grupo Adtalem (dono do Ibmec), sobre seus ativos no Brasil.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

A Eletrobras informou que o custo estimado do desligamento dos terceirizados da subsidiária Furnas Centrais Elétricas (Furnas), no âmbito do acordo firmado entre Furnas, Ministério Público do Trabalho (MPT) e Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), é de até R$ 437 milhões. Serão desligados 1.041 terceirizados, gerando uma economia de aproximadamente R$ 280 milhões/ano, o que representa um payback de 1,5 ano.

CCR (CCRO3)

A CCR anunciou o pagamento de R$ 940 milhões em dividendos. O valor corresponde a R$ 0,46534653466 por ação ordinária e o pagamento será feito a partir de 31 de outubro. Em nota, a empresa informou que terão direito ao provento os investidores com ações CCRO3 no dia 18 de outubro, ou seja, os papéis passam a operar “ex-dividendos” a partir de 21 de outubro.

Linx (LINX3)

A Linx anunciou a aquisição da SetaDigital Sistemas Gerenciais, que atua com soluções de ERP e POS para o setor calçadista. Pela aquisição, a Linx pagará o total de R$ 28,0 milhões à vista e, adicionalmente, sujeito ao atingimento de metas financeiras e operacionais para os anos entre 2019 a 2021, pagará o valor de até R$ 8,8 milhões.

O faturamento bruto da SetaDigital esperado para 2020 é de R$ 15 milhões. Segundo a Linx, a compra reforça a estratégia de cross selling, “que representa uma grande oportunidade de crescimento para a Companhia”.

Neste caso, o racional é reforçar a vertical de moda com um produto altamente especializado para varejo calçadista e oferecer os produtos relacionados à serviços financeiros (Linx Pay Hub) e da Linx Digital à base de aproximadamente 2.100 clientes da SetaDigital.

Telebras (TELB4)

A Telebras informou em fato relevante foi qualificada no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI) por meio do Decreto 10.067/2019, publicado hoje no Diário Oficial da União.

“Referido decreto informa ter a qualificação da Telebras no PPI o objetivo de possibilitar a realização de estudos e a avaliação de alternativas de parceria com a iniciativa privada e propor ganhos de eficiência e resultados para a empresa, com vistas a garantir sua sustentabilidade econômico-financeira”, diz.

Segundo o documento, o decreto institui Comitê Interministerial para acompanhar e opinar sobre os estudos referidos acima, composto por dois representantes da Casa Civil, do Ministério da Economia e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Serão convidadas para participar das reuniões do Comitê a Telebras e o BNDES, acrescenta. O prazo para conclusão dos trabalhos do Comitê será de 180 dias, contado da contratação dos estudos, prorrogável por igual período.

Hermes Pardini (PARD3)

O Instituto Hermes Pardini fará o pagamento de juros sobre capital próprio no dia 17 de outubro no montante total de R$ 9,.647 milhões, equivalentes a R$ 0,07411293327 por ação. O pagamento dos juros sobre capital próprio tem como data-base a posição acionária de 23 de setembro de 2019, sendo que, desde 24 de setembro de 2019, as ações da Companhia são negociadas “ex” esses juros.

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(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.