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Segmento considerado resiliente em meio ao cenário desafiador para o varejo, bancos e casas de análise têm olhado de perto para as empresas operadoras de supermercados e atacarejo de alimentos.
Neste cenário, o JPMorgan e o Bradesco BBI revisaram suas recomendações para o setor. O JP vê uma perspectiva de crescimento de lucros mais desafiadora à frente para as companhias de varejo alimentar, tendo vista a desaceleração da inflação de alimentos, o que provavelmente deve prejudicar as vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) e a alavancagem operacional das varejistas.
Embora inflação de alimentos deva continuar desacelerando, os “consumidores continuarão sob fortes pressões inflacionárias, limitando a renda disponível e fomentando a queda contínua do comércio”, destacou o banco.
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Esse fatores, segundo analistas, provavelmente levarão a um mercado competitivo mais acirrado com potenciais pressões para a lucratividade. À medida que a inflação de alimentos desacelera, o SSS pode sofrer um impacto, provavelmente levando a investimentos de margem mais alta para manter o impulso da receita.
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Nesse contexto, o JPMorgan rebaixou Assaí (ASAI3) de compra para neutro com preço-alvo de R$ 22,50 (potencial de valorização de 17% frente o fechamento da véspera), pois vê risco-recompensa equilibrado e potencial de valorização limitado. No entanto, o banco prefere o atacarejo puro ao Carrefour Brasil (CRFB3) , também com recomendação neutra, dada a visibilidade limitada sobre a integração do Grupo Big e avaliação ligeiramente superior ao Assaí.
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No geral, o banco diz continuar gostando do perfil de crescimento do Assaí aproveitando seu modelo puro de atacarejo (cash&carry), especialmente quando as conversões dos hipermercados começam a entrar em ação. Ainda assim, analistas veem isso capturado nos preços atuais e gatilhos limitados à frente, pois acreditam que o mercado já precificou a orientação de receita de R$ 100 bilhões até 2024.
Além disso, o time análise do banco aponta que o Assaí teria que sustentar níveis de margem elevados, em um momento em que a inflação de alimentos continua desacelerando e seu principal concorrente – o Atacadão – renova a presença do Grupo Big.
Para Carrefour Brasil, analistas veem drivers de médio prazo atraentes provenientes da integração do Grupo Big com suas plataformas digitais e financeiras. “Também, ao mesmo tempo, os segmentos de legado Atacadão e Varejo continuam a imprimir resultados sólidos, em meio a negócios financeiros mais fracos do que o esperado.”
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No entanto, os resultados de curto prazo devem continuar a ser afetados pelos custos de integração. Assim, a visibilidade sobre as tendências recorrentes no Grupo Big – que foi visto como o próximo gatilho – caiu significativamente, colocando um ponto de interrogação na margem e nos níveis de produtividade a serem atingidos após a conclusão da integração.
O JPMorgan cortou preço-alvo do Carrefor Brasil de R$ 23 para R$ 18 (upside de 18%).
Carrefour é top pick do BBI
Para Bradesco BBI, o atacarejo Assaí e Carrefour Brasil são as melhores opções de investimentos no setores de Varejo e Bens de Consumo, pois ambos são os mais expostos a bens de consumo básicos e negociados a múltiplos razoáveis. Nesse sentindo, o banco sugere uma abordagem semelhante a uma barra onde, em vez de títulos de vencimento no curto e no longo, recomenda o Assaí para o curto prazo e o Carrefour Brasil para o longo.
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Na visão do banco, o Assaí deve ser a melhor escolha no curto prazo, pois as novas lojas convertidas de Extra (hipermercados) para cash & carry impulsionarão a receita e o crescimento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) para mais de 40% no primeiro semestre de 2023. Daqui para frente, no entanto, analistas esperam normalização do crescimento e expansão de margem limitada.
Para o longo prazo, o investimento no Carrefour é a melhor jogada devido ao seu maior crescimento sustentado e expansão de margem nos próximos anos.
Segundo relatório, o Carrefour é o ativo de varejo de alimentos mais completo da América Latina depois do Walmex, uma vez que ambas as empresas têm exposição a lojas cash & carry e até pequenos formatos de conveniência, juntamente com operações de e-commerce.
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O BBI vê essa característica como uma vantagem competitiva distinta no longo prazo, à medida que os consumidores mudam seus hábitos de compra e exploram opções baratas ou convenientes ao longo do tempo. Além disso, o Carrefour Brasil deve ser o líder absoluto do varejo de alimentos no Brasil, a exemplo do Walmex no México.
Diante disso, o Carrefour Brasil deve negociar com um prêmio para o Assaí em sua exposição a diferentes formatos de varejo de alimentos que devem levar a uma margem consolidada maior no longo prazo.
Analistas estimam que o Carrefour alcance uma margem Ebitda (Ebitda sobre receita) de aproximadamente 7,5% devido ao mix de margens mais altas do Sam’s Club e do Carrefour Varejo. Com isso, a margem líquida consolidada deve ficar em 4,5%, contra 4,0% do Assaí.
Além disso, assumindo premissas semelhantes para retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) e payout, analista projetam um P/L (preço/lucro) de 18,6 vezes para Carrefour, contra 16,8 vezes do Assaí. Portanto, o atual desconto de 25% no Carrefour, liderado por uma dinâmica de resultados de curto prazo mais fraco, parece injustificado.
No futuro, segundo o BBI, para que as ações do Carrefour reclassifiquem de acordo com o P/L encontrado, a administração terá que provar a sustentabilidade do modelo de negócios de hipermercados no Brasil, bem como margens superiores aos resultados atuais. O banco vê as primeiras iniciativas, como operações digitais, marca própria e Banco Carrefour, que ajudam em margens mais altas, mas o Carrefour Brasil terá que manter a melhoria da margem ao longo de 2023 para merecer a reclassificação.
Por fim, o BBI manteve classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) em ambos e preço-alvo de R$ 26,00 para Carrefour e R$ 25,00 para Assaí.