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SÃO PAULO – Com um cenário de crescimento mais fraco das economias ao redor do mundo, juros mais altos, real desvalorizado e maior volatilidade diante da proximidade das eleições presidenciais no Brasil, o Itaú BBA diz esperar um ambiente mais desafiador para o mercado de renda variável nos próximos 12 meses.
No ano, o Ibovespa acumula queda de 7% e segue sem apresentar sinais de alívio por parte do mercado. Na terça-feira (19), diante dos ruídos em relação ao Auxílio Brasil fora do teto de gastos, o Ibovespa amargou perdas de 3,28%, encerrando o pregão abaixo dos 111 mil pontos.
Neste cenário, o banco escolheu cinco nomes que podem navegar bem o ambiente mais turbulento, dada uma menor exposição à economia brasileira, ou então, que se beneficiem, de alguma forma, da alta da inflação e de um dólar mais elevado. São eles: Carrefour (CRFB3), Eneva (ENEV3), Gerdau (GGBR4), JBS (JBSS3) e WEG (WEGE3).
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Em um ambiente mais desafiador para ativos de risco, os analistas Marcelo Sá e Matheus Marques, do Itaú BBA, que assinam o relatório, escrevem que o negócio de “Cash and Carry” (ou atacarejo) do Carrefour deve superar o desempenho dos supermercados tradicionais à medida que os consumidores se tornem mais sensíveis aos preços.
“Esse negócio também pode se beneficiar de um cenário de inflação elevada, visto que seus clientes pagam em sua maioria à vista, enquanto a empresa paga seus fornecedores em parcelas”, escrevem os analistas. “Acreditamos que o Carrefour é um bom veículo para absorver essa tendência.”
O banco tem recomendação outperform (performance acima da média do mercado) para as ações CRFB3 e preço-alvo de R$ 30 – o que implica potencial de alta da ordem de 66% ante o fechamento de terça-feira (19).
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Com relação à Eneva, a dupla de analistas avalia que a companhia é o melhor veículo para enfrentar a desafiadora crise hídrica, devido ao seu impacto zero no GSF (risco hidrológico) e ao fato de que seus volumes não contratados se beneficiarão dos preços extremamente altos da energia em 2021 e 2022.
A casa cita ainda as “enormes oportunidades” de crescimento para a empresa, com relativamente pouca competição. Além disso, o time destaca que a Eneva se beneficia do real fraco, dado o impacto positivo nas receitas variáveis, e está protegida contra o Produto Interno Bruto (PIB) mais fraco, dados os contratos de longo prazo com vencimentos pré-definidos.
O Itaú BBA também tem recomendação outperform para os papéis ENEV3 e preço-alvo de R$ 18,60, o que implica upside de 26%.
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Assim como Eneva, WEG é mais um nome defensivo na carteira do Itaú BBA. Segundo Sá e Marques, isso deve-se ao histórico “impecável” da companhia, com sólidos resultados e altos retornos, impulsionado por uma estratégia clara de longo prazo e balanço patrimonial “saudável”.
“Apesar do baixo potencial de valorização, acreditamos que a WEG é um grande nome para se ter neste ambiente turbulento. Mais de 50% de suas receitas vêm de mercados externos, beneficiando-se de um real mais fraco e exposição limitada às fracas perspectivas de crescimento do PIB”, avaliam.
Ainda que o BBA espere um menor crescimento pela frente, a companhia segue superando as estimativas de analistas do mercado, com fortes resultados nas divisões mais novas e nas tradicionais, escrevem, em relatório.
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“A divisão GTD tem sido o principal destaque, com grandes investimentos em renováveis no Brasil, crescente demanda por transmissão nos EUA e energia eólica na Índia. Outras divisões provavelmente continuarão a apresentar crescimento de dois dígitos nos próximos anos”, aponta o BBA.
Com recomendação marketperform (em linha com a performance do mercado), o Itaú BBA estima um preço-alvo de R$ 46 para as ações WEGE3.
Exposição ao mercado americano
Dada a maior incerteza com relação à economia chinesa, o Itaú BBA diz preferir nomes com menor exposição aos preços do minério de ferro e maior exposição ao mercado dos Estados Unidos, que é o caso da Gerdau.
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“Para a próxima temporada de resultados, esperamos que a Gerdau seja uma vencedora relativa no setor, uma vez que os spreads de metal mais elevados da divisão da América do Norte provavelmente levarão o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) a subir 6% no trimestre. Já seus pares provavelmente sofrerão com os preços mais baixos do minério de ferro. Esperamos que cerca de 30% a 40% de seu Ebitda venha de mercados externos em 2021”, escrevem os analistas.
O banco tem recomendação outperform para os papéis GGBR4 e preço-alvo de R$ 40, o que implica potencial de alta de 43,7%.
Uma maior exposição ao mercado norte-americano e menor participação no mercado brasileiro (da ordem de 25% das receitas) também coloca a gigante de proteínas JBS no caminho para se beneficiar de um real mais desvalorizado e fraca atividade econômica em 2022.
No relatório, Sá e Marques contam que fizeram uma leitura positiva dos resultados da companhia no segundo trimestre, com o Ebitda alcançando R$ 11,7 bilhões em meio às margens positivas de carnes na divisão da companhia nos EUA.
“Para o próximo ano em diante, esperamos que o ciclo do gado piore. No entanto, o portfólio diversificado da JBS provavelmente manterá seu balanço patrimonial saudável”, apontam.
Nas divisões domésticas da companhia (Seara e JBS Brasil Beef), o BBA afirma que, embora as margens possam sofrer com a alta da inflação, quase metade de sua receita é proveniente de exportações, o que faz com que a empresa também se beneficie de um real mais fraco, reduzindo ainda mais sua exposição aos mercados locais.
O Itaú BBA tem recomendação outperform para as ações JBSS3 e preço-alvo de R$ 47, o que implica um potencial de alta de 23,9% ante os patamares atuais.
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