AgroGalaxy (AGXY3): com queda de mais de 50% das ações no ano, analistas recomendam compra, mas reforçam preocupações com caixa

A avaliação de analistas é que, apesar da recomendação de compra ser mantida, as perspectivas são desafiadores para o nome de agricultura

Camille Bocanegra

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De tese de consolidação para história de recuperação. Essa é a trajetória que a AgroGalaxy (AGXY3) estaria enfrentando, de acordo com relatório da XP.

“Estamos cortando nossas estimativas e preço alvo devido à posição sensível do balanço patrimonial, que limitará as perspectivas de crescimento da empresa”, dizem os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP. Apesar disso, a recomendação é mantida como compra, considerando o valuation ainda favorável, como “descontado”. A recomendação da XP é de compra, com preço-alvo sendo cortado de R$ 16,70 para R$ 16,10.

A visão do Citi é similar porque, mesmo com a manutenção da recomendação de compra, o banco faz a ressalva de “alto risco” e sugere que os próximos 12 meses serão “desafiadores para a tese de investimento”. O preço-alvo é mantido em R$ 12,00.

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Os papéis da companhia tem passado por forte queda em especial no último mês, com recuo de 19%. A variação só em 2023 é negativa em 59%.

Na sessão de quinta, as ações passaram por outro revés, em queda de 2,4%, cotadas a R$ 4,05.

Foco na entrega do guidance

O ano se apresenta como desafiador para o setor, considerando os altos estoques, gargalos logísticos e o adiamento da compra de produtos, segundo o Citi.

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“Em 2023, todo o setor de revenda agrícola enfrentou muitos desafios: (i) queda nos preços dos insumos agrícolas, (ii) ritmo mais lento na comercialização das safras e (iii) estoques altos de produtos químicos e fertilizantes”, concorda a XP.

Ainda assim, na análise do Citi, a administração entende que é possível cumprir as projeções e perspectivas para 2023 e não sugerem mudanças nesses números, conhecidos como guidance.

Entre as dificuldades que AgroGalaxy enfrenta, está a manutenção do caixa da companhia. A expectativa é que, no curto prazo, isso seja resolvido, trazendo mais tranquilidade para o balanço da companhia, analisa o banco.

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“Não é novidade que o capital de giro é uma das variáveis mais complicadas entre os players agrícolas, principalmente devido ao “prazo safra”. Já afirmamos anteriormente que a gestão do capital de giro da AGXY será fundamental para cumprir o covenant ND/Ebitda (valor esperado de dívida líquida sobre lucro antes de juros, depreciação e amortização) de 3,0 vezes (medido anualmente)”, reforça a análise da XP.

Um dos desafios enfrentados pela companhia é o alto volume de estoque, com cerca de 40% versus a média de 12%. A companhia pretende reduzir o volume através de negociações com fornecedores e fortalecendo vendas.

“Aumentar as margens permanece uma das maiores prioridades, impulsionando as vendas de produtos de alta margem, como especialidades (cerca de 40% da margem bruta) e sementes, e reduzindo a participação de fertilizantes nas vendas totais. Nós acreditamos que a companhia deve aumentar a participação de especialidades nas vendas em 10 a 17% no médio prazo”, sustenta o Citi.

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De acordo com o banco, a estratégia da empresa, hoje, se resume a preservar a posição atual de capital, entregar o guidance para 2023, cortar custos e cuidar de clientes e do time. O aumento do número de lojas, hoje, não se apresenta como um dos focos, mas sim o aumento de vendas em cada loja e o amadurecimento das unidades já abertas.

“Essa é a decisão correta, em nossa visão, e nós não descartamos o fechamento de lojas com menor performance no futuro”, reforça o Citi.

O banco mantém a visão, já apresentada em outros relatórios, que as mudanças na administração da companhia e o ambiente atual do mercado são desafios relevantes na tese de investimento da AgroGalaxy. Contudo, o Citi entende que a administração está focada nos pontos mais ligados com a entrega do guidance.