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Mais uma vez, suspeitas de ataques cibernéticos afetaram as operações virtuais de uma companhia de varejo. Desta vez, foi a Americanas (AMER3), que viu os impactos serem sentidos com força no mercado de ações.
As ações AMER3 fecharam em queda de 6,61%, a R$ 31,49, também refletindo o aumento da aversão ao risco com a tensão na Ucrânia, que fizeram o Ibovespa cair 1,02%, mas também com o impacto do possível ataque nas operações. Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), do mesmo segmento, fecharam com quedas respectivas de 5,35% e 4,57%.
A varejista teve que suspender parte dos servidores de sua plataforma de comércio eletrônico, depois de identificar riscos de “acesso não autorizado” no fim de semana, segundo informou ao mercado.
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A Americanas disse, em comunicados, que os servidores foram atingidos inicialmente na madrugada de sábado. Ela conseguiu restaurar o acesso a seus sites à tarde, mas teve que derrubá-los novamente no domingo após outro caso de acesso não autorizado, fazendo com que seus sites Americanas.com.br e Submarino ficassem fora do ar.
“A companhia atua com recursos técnicos e especialistas para avaliar a extensão do evento e normalizar com segurança o ambiente de e-commerce o mais rápido possível”, disse a Americanas, acrescentando que suas lojas físicas não foram afetadas.
Ainda não há previsão para que os sites sejam restabelecidos. Embora possa haver suspeitas, ainda não há confirmação oficial sobre ataque hacker.
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No submundo dos hackers, o grupo Lapsus$ reivindica o ataque. Quando no sábado, a americanas.com voltou ao ar, eles postaram em chats que haviam feito um novo ataque, desta vez também afetando o sistema de pagamentos, segundo informa a Veja: “round2 Americanas. This time we hacking the PCI (payment) environment also LOL”.
Os sites de propriedade da Americanas, Americanas.com.br e Submarino, ainda estavam fora do ar no início da tarde desta segunda-feira, com a seguinte mensagem:
comunicado importante pic.twitter.com/SuBxwSpxR3
— americanas (@americanas) February 21, 2022
A XP destacou ver a notícia como marginalmente negativa, uma vez que o canal online representa cerca de 60% das receitas da empresa. “Continuaremos a monitorar a instabilidade para termos maior visibilidade dos possíveis impactos financeiros para a Americanas”, apontam os analistas da casa, que mantiveram recomendação neutra e preço-alvo de R$ 40 por ativo, ou potencial de valorização de 18,62% em relação ao fechamento de sexta-feira (18).
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Já o Citi, citando também que o canal online representa 60% das vendas brutas vêm do digital, avalia que haverá um impacto considerável, embora espere que as operações sejam retomadas rapidamente.
“Ao longo de 2020-2021, notamos um aumento drástico nos ataques cibernéticos; Os ataques e a complexidade variam de acordo com cada caso, embora o mais comum seja o ransomware – invasores criptografando arquivos, tornando os sistemas inutilizáveis e pedindo um resgate em troca do sistema voltar a ficar on-line. Nosso entendimento é que os invasores se concentram mais em desligar a infraestrutura em vez de realmente roubar dados do usuário”, destacaram os analistas da casa em nota.
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O Citi ressalta que a empresa está avaliando a ‘extensão do evento’, mas ainda não compartilhou mais detalhes sobre o impacto nem suas expectativas de quando as operações online devem ser retomadas.
O banco tem recomendação de compra para a ação da Americanas, com preço-alvo de R$ 48 e potencial de alta de 42,3% em relação ao fechamento de sexta.
Enrico Cozzolino, especialista de ações da Levante Ideias de Investimentos, ressalta que os ataques cibernéticos são um novo desafio que qualquer e-commerce terá que enfrentar, seja voltado para o segmento de venda linha branca, vestuário ou mesmo laboratorial.
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Cabe ressaltar que os ataques cibernéticos aumentaram durante a pandemia, e algumas grandes empresas como JBS (JBSS3), Fleury (FLRY3) e Lojas Renner (LREN3), entre outras, sofreram com eles em 2021.
No caso da Americanas e outras empresas com grande exposição ao e-commerce, este é mais um fato para se atentarem em meio ao cenário que elas enfrentam, aponta Cozzolino, já que há um impacto direto nas margens. “As empresas podem ficar dias sem vender ou o consumidor acabar tendo algum receio entendendo de vazamento de dados, ainda que o vazamento não ocorra”, aponta o analista.
Ele ainda complementa: “Operar o e-commerce já é algo difícil, há margens menores, brigas por prazo [de entrega], tudo isso influencia. Agora tem a ‘questão hacker’ como sendo um novo problema que as companhias têm que enfrentar”.
Na mesma linha, Valeria Vieira, analista da RB investimentos, aponta os prejuízos para a empresa uma vez que o cliente não se sente seguro em usar o site com medo de vazamento de dados. Assim, a compra que ele pretendia efetuar neste período pode acabar sendo feita em outra loja virtual.
“Há o risco dessa outra loja fidelizar o cliente pelo atendimento e o mesmo não voltar a comprar mais no site”, aponta a analista, destacando: “quanto mais tempo demorar para resolver o problema, pior, são horas a menos de venda no site da Americanas e horas a mais na concorrência”.
Segundo estimativa feita por especialistas em varejo a pedido da Folha de S. Paulo, a empresa teria perdido cerca de R$ 220 milhões em vendas até o início da tarde. Eles destacam que, no terceiro trimestre, a Americanas atingiu R$ 9,9 bilhões de volume bruto de mercadorias vendidas na internet (GMV digital), incluindo produtos próprios (1P) e de terceiros (3P). Com isso, a venda média diária em portais do grupo no período foi de R$ 110 milhões.
O Goldman Sachs, em relatório do início do mês, destacou a estimativa de que as vendas digitais do grupo devessem somar R$ 39,8 bilhões em 2021 e, este ano, R$ 52,9 bilhões, sendo que a representatividade do digital nas vendas totais aumentaria de 75% para 77%, respectivamente.
Cabe ressaltar que a companhia divulga seus resultados do quarto trimestre de 2021 nesta semana, mais precisamente dia 24, após o fechamento do mercado, e a expectativa dos analistas é de que ela seja destaque no segmento de e-commerce em um período sem tanto brilho para o setor.
(com Reuters)
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