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O horizonte é de alta de custos para as operadoras de planos de saúde. De acordo com analistas que acompanham as empresas do setor, a pressão tende a aumentar com uma maior cobertura de procedimentos pelos convênios médicos. Ontem (29), o Senado aprovou o projeto de lei (PL) 2.033, que derruba o chamado “rol taxativo” da Agência Nacional de Saúde (ANS). Na prática, os planos teriam de cobrir tratamentos e exames que antes estavam de fora da lista de cobertura obrigatória. O PL ainda precisa da sanção presidencial para se tornar lei.
Contudo, na avaliação do Goldman Sachs, as empresas tendem a sentir a medida de formas diferentes. “Acreditamos que empresas de plano de saúde integradas verticalmente, como Hapvida (HAPV3) devem enfrentar menos pressão de custo do que o restante do setor, dada sua habilidade histórica de controle bem definido de protocolos e alinhamento de incentivos”, escreveram os analistas.
Por outro lado, o Goldman acredita que, no longo prazo, a proposta de ampliação da cobertura de procedimentos deve impactar a sustentabilidade de algumas companhias. Diante disso, a consolidação do setor poderá acelerar em favor de modelos de negócio com custos baixos e larga escala, que é o caso de Hapvida. Por conta disso, os analistas avaliam a medida como neutra para empresa, que tem recomendação de compra pelo Goldman Sachs e preço-alvo de R$ 10 (potencial de valorização de 30,3% na comparação com o fechamento de ontem).
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“Ainda que a companhia vivencie uma pequena pressão de custos no curto prazo, o impacto em potencial para os competidores deve ser maior, levando a uma maior consolidação do setor”, diz a análise do banco. O Goldman, porém, ressalta que o efeito da medida sobre a lucratividade das empresas ainda é incerta, mas afirma que espera repasse de custos. “Esperamos preços de plano de saúde mais altos para compensar, parcialmente, esse ambiente de custos mais altos”.
De qualquer força, a empresa está exposta ao risco da deterioração do cenário macroeconômico e um cenário de alta do desemprego, o que poderia impactar as adições líquidas de beneficiários.
O Credit Suisse também acredita que as operadoras não-verticalizadas tendem a ser mais impactadas negativamente. “[A medida] torna a lista obrigatória na ANS inócua, fazendo que os operadores privados assumam a cobertura de qualquer tratamento eficaz”, ressaltaram os analistas.
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Para o Credit, derrubar o rol taxativo da ANS adiciona uma camada de incertezas nos cálculos atuariais das operadoras, agravado por uma possível preferência por opções terapêuticas de maior custo. “Uma compensação seria necessária levando a um aumento no nível dos tíquetes, que já estão sob pressão”, diz o relatório do banco.
Setor já vem enfrentando pressão de custos
A Levante Ideia de investimentos lembra que o segmento de saúde já trabalhava com uma perspectiva de custos mais altos, com o aumento do salário-base dos profissionais de enfermagem. O piso nacional já foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro e por enquanto não há medidas de compensação.
“Apesar de a medida estar sendo judicializada e buscando aprovar projetos de lei que desonerem a folha de pagamento, as incertezas sobre os rumos do setor aumentaram com o novo parecer do Senado”, escreveram os analistas. A Levante explica que a maior parte das operadoras (aproximadamente 80%) não possui recursos para arcar com um novo rol de procedimentos e o projeto aprovado pelo Congresso enfraquece o trabalho da ANS.
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“Recentemente destacamos que o aumento ao piso-base dos enfermeiros, apesar de afetar o setor como um todo, pode aumentar a concentração em empresas que possuam maior verticalização. Entretanto, associando essa ao recém-aprovado (simbolicamente) [fim do rol taxativo], os níveis de incerteza quanto aos rumos do setor aumentam”, diz o relatório.
Ainda na avaliação da Levante, as medidas tendem a retrair os efeitos positivos do recente reajuste no preço dos planos de saúde e os bons resultados do segundo trimestre, divulgados pelas operadoras. Na visão dos analistas, um eventual repasse de custos na mensalidade dos planos também tende a contribuir com uma redução de base de usuários de planos individuais, que corresponde a cerca de 20% da base de beneficiários das empresas.
“O principal player que delineamos em perspectiva mais sólida ao período foi Hapvida, mas, em contraposição, seus pares, Rede D’or (RDOR3) e Fleury (FLRY3), forneceram resultados pouco favoráveis”, afirmam os analistas.
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“Com a nova conjuntura, essa dinâmica pode ser alterada. E isso porque, enquanto a elevação ao salário-base de enfermeiros afeta o setor como um todo, o rol taxativo afeta operadoras de saúde e beneficia hospitais pelo aumento no número de procedimentos. Dessa forma, a circunstância prejudica o primeiro e beneficia os dois últimos”, conclui a Levante.
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