Analistas avaliam se já é hora de mudança na política dos BCs

Morgan Stanley e Société Générale abordam "estratégia de saída" e traçam panorama sobre possível aumento do juro nos EUA

Thiago Gomes Amorim

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SÃO PAULO – Percepções sobre o possível fim da crise internacional impulsionaram a renda variável desde o começo do ano, levando investidores a retomarem suas posições em ativos de risco. As bolsas voltaram a viver dias memoráveis, e o prejuízo visto em 2008 deu lugar aos ganhos. Seis meses depois do rali começar, o investidor mais atento percebe que a escalada pode ter sido excessiva e os sinais de fragilidade ainda são presentes, embora atenuados.

Diante dos sinais presentes na economia, será a vez de mudar a política econômica e, ao invés de pensar em estímulos, começar a se preocupar com a inflação? Os Bancos Centrais poderão voltar a subir o juro?

As respostas são difíceis de serem dadas e exigem certa dose de intuição, além de um bom banco de dados. Após uma semana marcada por reuniões do Fed e uma extensa agenda econômica, dois relatórios mostraram opiniões interessantes sobre o assunto: Société Générale e Morgan Stanley comentaram o que esperar dessa “saída da crise”, com ênfase nos passos dos norte-americanos.

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O que dizem os analistas?

Começando pelo banco francês, os especialistas indicaram que a autoridade monetária dos EUA está de fato enfrentando um desafio considerável ao tentar combinar estímulo econômico (com juro básico de 0% a 0,25% ao ano) com uma maneira eficiente de controlar os preços.

“Estratégias de saída consideradas críveis são importantes, pois ajudam a manter as expectativas de inflação, além de impedirem que os rendimentos dos títulos subam de forma exagerada. O BC já sinaliza que está preparando algo desse tipo, mas não achamos que será eminente”, comentou o Société Généralé.

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Segundo os especialistas do banco, o mercado está errado ao precificar uma reversão na política monetária para este ano, e há uma reação exagerada quanto aos temores de aumento na inflação – “ao menos no que se refere ao horizonte de curto prazo”, pesou o relatório.

Quando se olha para os números mais recentes sobre a economia norte-americana, o que é possível perceber, de acordo com o Société Générale, é que não houve melhora significativa na oferta dinheiro, sendo poucas as atividades de reabertura de financiamentos bancários e capitalização. “O Fed deverá ter muito tempo para mudar sua política e é improvável que ele se desate da busca por alívios quantitativos e de juros próximos de zero”.

Três passos até sair

Opinião parecida é sustentada pela equipe do Morgan Stanley, que na sexta-feira (26) se mostrou favorável à visão de que bancos centrais deverão começar a adotar uma “estratégia de saída”, diante dos atuais sinais de recuperação.

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“Nós achamos que há três fases em uma estratégia de saída: a passiva, a ativa e o aumento do juro. O Fed se aproxima mais da primeira”, informou o banco, que completou: “mas é possível que ele caminhe até a segunda em um horizonte não tão distante”.

De acordo com o time de especialistas, o próximo passo rumo à mudança na política depende de sinais mais evidentes de melhora econômica, que ainda são contestáveis e pontuais. “Até lá, uma boa hora para ver se o Fed caminha para uma nova estratégia será o discurso de Obama sobre a política econômica ao Congresso norte-americano, agendado para 21 de julho”.

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