Analistas se dividem sobre resultados da Azul no 2º tri; ações fecham em baixa de 1,35%

Itaú BBA reforça cenário incerto pela frente, com projeções mais modestas, enquanto o Bradesco BBI vê forte potencial de alta para as ações na B3

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Em meio ao avanço do calendário de vacinação contra a Covid-19 no Brasil e ajudada pelo efeito cambial, a Azul (AZUL4) registrou lucro líquido de R$ 1,2 bilhão no segundo trimestre, revertendo boa parte do prejuízo de R$ 1,6 bilhão sofrido um ano antes.

A receita líquida total cresceu quatro vezes no período, para R$ 1,7 bilhão, enquanto o total de custos e despesas operacionais subiu 72,1%, para R$ 2,1 bilhões.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou negativo em R$ 50,9 milhões, ante resultado negativo de R$ 324,3 milhões no mesmo período de 2020.

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Os números trimestrais foram interpretados de forma mista por analistas do mercado financeiro. Enquanto alguns seguem reforçando o cenário incerto pela frente, com projeções mais modestas apesar de destacarem a capacidade da companhia aérea, outros veem forte potencial de alta para as ações na B3.

Na Bolsa, a reação dos investidores foi negativa, com queda de até 3,8% dos papéis na mínima desta quinta-feira (12), a R$ 36,27. As ações AZUL4 encerraram o pregão com baixa de 1,35%, negociadas a R$ 37,19.

Em relatório, o Itaú BBA escreve que os dados operacionais divulgados anteriormente já tinham dado uma prévia do que era esperado, apontando dados afetados negativamente pela segunda onda da Covid-19, baixa sazonalidade no segundo trimestre, bem como aumento de custos na comparação trimestral.

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O time de análise destaca que a Azul tem uma frota diversificada e do tamanho certo, o que historicamente contribuiu para que a empresa tivesse um CASK (custo operacional dividido pelo total de assentos-quilômetro oferecidos) maior do que seus pares.

Os analistas destacam ainda que a empresa possui uma posição única na maioria das rotas que opera e uma ampla rede por meio de seus hubs.

“Acreditamos que esses atributos não apenas desempenharam um papel crucial no fortalecimento da empresa contra o cenário atual de incertezas, mas continuarão a ser as principais vantagens competitivas da Azul em um ambiente normalizado”, escrevem os analistas do Itaú BBA.

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Por ora, contudo, a avaliação do Itaú BBA é de que o valuation não está atrativo, com potencial limitado de alta. O banco manteve sua recomendação market perform (em linha com a média do mercado) e preço alvo de R$ 41 por ação.

O time ressalta, contudo, que pode vir a revisar as projeções para cima caso haja uma retomada mais rápida do que a esperada no tráfego de passageiros, por exemplo.

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Na avaliação do banco, a redução do segmento corporativo (que é o mais lucrativo) pode ser parcialmente ofuscada por um aumento no tráfego de lazer, ganho de eficiência, transformação de frota e dinâmica competitiva positiva (redução da capacidade da indústria, racionalidade da tarifa e menor sobreposição da rede), principalmente diante de um potencial de fusões e aquisições.

“Apesar das muitas medidas implementadas pela Azul para proteger sua liquidez e sua capacidade de enfrentar a crise até o momento, o cenário ainda incerto pela frente e sua recente queima de caixa repentina nos levam a acreditar que sua posição financeira deve continuar a ser monitorada”, conclui o Itaú BBA.

Mas há quem siga otimista

Na avaliação do Bradesco BBI, a cia aérea está reconstruindo com sucesso sua rede e aumentando gradualmente as tarifas aéreas. No segundo trimestre, a capacidade chegou a 75% dos níveis encontrados no mesmo período de 2019, enquanto os preços das passagens aéreas subiram 8,9% na base anual.

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“Esses dados confirmam nossa visão de que a vacinação contra a Covid-19 é fundamental para a Azul aumentar sua capacidade de crescimento e elevar os preços para recuperar margens”, escrevem os analistas.

O time de análise avalia ainda que os papéis estão sendo negociados com um potencial de alta atrativo, de 96%. O Bradesco BBI manteve sua recomendação outperform (acima da média do mercado) para os papéis da companhia aérea, com preço-alvo de R$ 74 para 2022.

“A Azul conseguiu aumentar os preços das passagens aéreas no segundo trimestre e seu compromisso de não sacrificar a lucratividade, enquanto se beneficia da recuperação da demanda relacionada à implementação da vacinação no segundo semestre, deve fortalecer o balanço da empresa”, escrevem.

O banco também espera que a Azul proponha um novo plano de aquisição da Latam Brasil assim que o grupo em recuperação judicial entregar seu plano de reestruturação.