Anglo ou Xstrata? Para BlackRock, dinheiro ficará mesmo é no caixa da Vale

Instituição ressalta incertezas na demanda por minério de ferro e flexibilidade do balanço como justificativas para manutenção

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SÃO PAULO – Quando a Vale realizou a maior oferta pública de ações já vista no Brasil, cresciam inúmeras especulações acerca de qual destino o montante seguiria. Xstrata, Anglo American e Freeport-McMoRan eram alvos potenciais da mineradora brasileira, que nunca deixou de explicitar o desejo de consolidar.

Passado um ano da captação superior a R$ 19 bilhões, o previsto não se tornou concreto e a Vale continua com sua posição privilegiada no caixa, com liquidez em tempos de restrição no crédito. No entanto, dada a leve melhora na atividade econômica global, a novela de possíveis aquisições pela mineradora brasileira voltou à tona.

Anglo, Xstrata ou Freeport-McMoRan? Para a BlackRock, nenhuma das três. Conforme Will Landers, gerenciador da instituição na divisão latino-americana, uma possível compra da Vale seria arriscada neste momento, à medida que não se sabe com clareza qual será o impacto final da contração econômica global na demanda por minério de ferro.

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Incertezas e flexibilidade

“Ainda não estamos fora do cenário de contração, e uma transição desta magnitude traria diversas complicações”, completou o executivo da gerenciadora de fundos que, por ser o acionista majoritário da Bradespar, é um dos controladores da mineradora brasileira.

Além disso, Landers observa que “há um bom valor quando se mantém uma flexibilidade no seu balanço contábil”. Para efeitos de comparação, a Vale detém aproximadamente US$ 12,2 bilhões em seu caixa no final do primeiro trimestre, enquanto as rivais Rio Tinto e BHP Billiton possuíam US$ 1,18 bilhão e US$ 7,2 bilhões, respectivamente.

Peças raras, mas sem compradores

Em meio ao cenário, a Xstrata ofereceu £ 24 bilhões para unir-se com a Anglo American, visando criar uma mineradora para competir com o tripé composto por Vale, Rio Tinto e BHP Billiton. Contudo, a inglesa recusou o aporte da suíça, crescendo a expectativa de que haja uma oferta hostil para concretizar o negócio.

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À luz da tendência de consolidação corporativa, Xstrata e Anglo American aparecem como as últimas mineradoras diversificadas disponíveis para aquisição no mundo, como peças raras de xadrez num jogo ininterrupto. “Há poucas peças disponíveis no tabuleiro”, diz Nick Hatch, analista do ING Groep.

Em contrapartida, a dívida elevada da Rio Tinto e a baixa liquidez relativa da BHP Billiton não permitem aquisições num futuro próximo. Sem ver sua competitividade ameaçada por expansões orgânicas, dada a inércia das rivais, Roger Agnelli, CEO (Chief Executive Officer) da Vale, ressaltou que qualquer notícia de aquisição é pura “especulação do mercado”.

À procura da aquisição perfeita

Enquanto isso, mineradoras permanecem com a procura idílica – até epopéica – por ganhos de escala e de sinergia, maior diversificação de produtos e um portfólio com longa duração e baixo custo. Embora exista a ameaça chinesa, personificada através da procura incessante da Chinalco por recursos minerais, a posição da mineradora brasileira é privilegiada, seja pela sorte relativa no timing da oferta pública de ações (antes do auge da crise financeira), seja pela saúde de suas finanças.

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