Apesar de acordo, economia dos EUA continua em apuros, diz Roubini

Próxima questão é sobre teto da dívida norte-americana, que pode ameaçar novamente a maior economia do mundo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O acordo de último hora para evitar o abismo fiscal, na última terça-feira (31), apenas mascara a perspectiva sombria de longo prazo para os Estados Unidos. É o que afirma o economista Nouriel Roubini e professor da Universidade de Nova York, conhecido pelas previsões econômicas pessimistas e por ter previsto a crise econômica em 2008, em artigo publicado pelo Financial Times nesta quinta-feira.

“Considerando a natureza do sistema político norte-americano, não vai demorar muito até haver outra crise”, afirmou o economista. Desta vez, as atenções se voltarão para as discussões sobre o teto da dívida norte-americano, que devem movimentar o Congresso nos próximos dois meses uma vez que, se nenhuma ação for tomada até março, serão iniciados cortes de US$ 110 bilhões nas despesas. 

Problemas estão apenas começando…
Desta forma, as discussões para chegar a um acordo sobre o “fiscal cliff” devem ser apenas o início, avalia o professor, acrescentando que “deve ser esperado uma grande batalha por direitos, bem como uma série de pequenas brigas por mais reformas fiscais”, resultando em um processo bastante “confuso” novamente.

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A questão crucial, avalia, será novamente o aumento de impostos. Enquanto o presidente Barack Obama vê um precedente para aumento a taxação sobre os mais ricos, os republicanos devem continuar argumentando que um corte de gastos é mais válido para fechar as contas nacionais.

Roubini ressalta que o ajuste fiscal se traduzirá como um peso para economia durante o ano, alertando que os EUA podem registrar uma forte desaceleração ainda este ano ou pior, se a zona do euro voltar a ser um vetor negativo para os mercados. Desta forma, avalia o economista, a vitória de Obama não foi muito significativa e que os próximos meses serão ainda mais cruciais para a economia. 

Além disso, o professor ressalta que os mercados financeiros ainda não estão preocupados com os déficits crescentes norte-americanos. “Ainda vai levar anos para os EUA enfrentar a realidade da sua situação fiscal (…) grandes déficits fiscais continuarão a ser a norma para os próximos anos, pelo menos, desde que o mercado de títulos permaneça estável, como acredito que deve acontecer”, disse Roubini. 

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Dentre os motivos para a tranquilidade dos mercados de títulos, Roubini ressalta o baixo custo de financiamento da dívida dos EUA, com taxas de juros baixas em meio ao crescimento econômico e a inflação também a níveis baixos. Além disso, está o comprometimento do Federal Reserve com os programas de estímulo e o fato da divisa norte-americana ser ainda a principal moeda global. Entretanto, apesar do momento atual ser favorável, “os mercados vão acordar”, conclui o economista. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.