Após rebaixamento do Brasil fundos podem ter que vender ‘apenas’ US$ 1 bi, diz BofA

A projeção do banco é de que os fundos de índice passivos, carteiras que reproduzem os referenciais, poderiam ter que vender entre US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão em bônus

Estadão Conteúdo

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O Bank of America Merrill Lynch avalia que parte importante do ajuste dos investidores à perda da classificação grau de investimento do Brasil foi feita nos últimos meses e o movimento de venda de ativos não deve ser tão intenso agora. A projeção do banco é de que os fundos de índice passivos, carteiras que reproduzem os referenciais, poderiam ter que vender entre US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão em bônus soberanos brasileiros para ajustarem suas carteiras, de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira, 17.

Os estrategistas do BoFA, Jane Brauer e Sebastian Rondeau, afirmam que a maior parte dos fundos que investem em bônus do Brasil são ativos, ou seja, procuram movimentos para superar seus referenciais. E a maioria desses gestores já se antecipou ao corte do rating brasileiro, que era esperado há alguns meses, e foi reduzindo a exposição ao País. Parte importante dos fundos estava “underweight” em Brasil, ou seja, esperando retornos abaixo da média do mercado. Já os fundos passivos precisam reproduzir fielmente os referenciais e o ajuste é mais lento, por isso podem ocorrer agora as chamadas “vendas forçadas”, necessárias para a readequação dos portfólios.

Para os analistas do BoFA, a expectativa era de que a Moody’s cortasse a nota brasileira primeiro que a Fitch, o que deixa um novo rebaixamento do rating soberano apenas como uma questão de tempo. Com o corte da nota por duas agências, os bônus soberanos do Brasil deixam no fim do mês de fazer parte dos índices dos Estados Unidos e globais de países classificados como grau de investimento e os fundos passivos vão precisar se ajustar.

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A semana que antecede o Natal tem sido complicada para o Brasil, destacam os analistas do BoFA. Eles destacam, além do rebaixamento, os rumores da saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a redução da meta de superávit primário de 2016, para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), além do julgamento do rito do impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF).

A saída de Levy pode agravar ainda mais o cenário no Brasil, destaca o relatório. “Claramente não há no momento um substituto para o ministro.” Além disso, o processo de impeachment ajuda a aumentar a incerteza sobre o País e a continuidade do ajuste na economia. O aprofundamento da recessão, a maior do Brasil em décadas, continua dificultando o ajuste fiscal. A estrutura rígida de gastos e a queda da arrecadação vão tornar ainda mais difícil o governo alcançar um superávit primário, destacam os estrategistas.