SÃO PAULO – Olhando de maneira agregada, 2009 foi surpreendente para a bolsa brasileira como um todo. Mas cada caso é um caso. Há quem tenha ganhado dinheiro com as construtoras, que aproveitaram do empurrão do governo para se recuperar do tombo sofrido no ano passado. Há quem fez seu pé de meia com as tradicionais blue chips ou ao garimpar aquela small cap, e por aí vai.
No meio do forte desempenho das ações brasileiras em 2009, porém, algumas histórias se sobressaem. Dentre tantas, incluir o case de cada uma é tarefa ingrata. Para tal, o fórum da InfoMoney ajuda a completar a lista: confira!.
Fora isso, traçamos as cinco histórias surpreendentes que despontaram da memória da nossa redação. E como cada caso é um caso, a imparcialidade sugeriu separá-las por argumento:
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pelo volume, Brasil Ecodiesel
A ação da Brasil Ecodiesel sempre foi figurinha carimbada nos fóruns de mercado. No entanto, a então “pequena” da bolsa começou a participar dos noticiários com maior frequência este ano. Entre contratos de fornecimento com a Petrobras – diga-se de passagem, 98% atendidos no terceiro trimestre – e rumores de que pode passar a incorporar companhias em 2010 (ou quem sabe ser incorporada), a ação acumulou valorização de 150% este ano.
Por outro lado, o fator que mais chamou atenção foi o giro financeiro destas ações. No começo do ano, o histórico de cotações da ECOD3, pregão a pregão, aponta que seu volume diário não passava do intervalo entre R$ 400 mil e R$ 2 milhões nos dias mais movimentados. Nos últimos três meses deste ano, no entanto, é comum ver as ações da empresa girando mais de R$ 100 milhões por dia. Em 19 de outubro, por exemplo, a Ecodiesel marcou o terceiro maior giro do pregão, atrás somente dos papéis PNA da Vale e dos PN da Petrobras, com R$ 227,8 milhões. Vale ressaltar que era dia de vencimento de opções sobre ações.
Além da maior exposição pelo fluxo de notícias, algumas questões que circundam este incremento no volume de negócios são o baixo preço do papel, que circula em torno de R$ 1, e a grande participação dos investidores de varejo. “Com mais de 20.000 acionistas e uma participação dos investidores pessoas físicas em cerca de 50% do capital, a companhia não tem controlador”, trecho de destaque do balanço da empresa no terceiro trimestre. Para reforçar o argumento, cabe mencionar que o free float da companhia é de aproximadamente 99,5%.
pelo desempenho, as “X”
“X” são as ações do grupo de Eike Batista. Ironicamente, Eike inclui o X no final de cada empresa para caracterizar exatamente um sinal de “multiplicador”. Este ano provou que o perfil do investidor Eike agrada ao mercado. E que a multiplicação também é característica de suas ações.
Os papéis de suas principais empresas figuram entre os de melhor desempenho da bolsa brasileira. Para se ter uma ideia, o valor de mercado agregado das empresas de Eike em 2009 passou de R$ 17,5 bilhões para mais de R$ 63 bilhões.
Como exemplo principal, escolhemos a ação da mineradora MMX, que liderou os ganhos do Ibovespa no ano, com valorização de 345%.
pelo debut, Fleury
De fato, 2009 marcou o retorno dos IPOs, que haviam sumido da bolsa desde que a crise abateu os mercados. Como o critério aqui é o “surpreendente”, este quesito reserva atenção especial com a oferta do Laboratórios Fleury. Isto porque todo mundo já esperava o grande IPO da VisaNet (agora Cielo) havia muito tempo – no final das contas, a estreia da companhia de meios de pagamento cumpriu a promessa e lembrou dos debuts bombásticos de BM&F e Bovespa, até porque rendeu 11,80% em seu primeiro pregão.
Também teve o Santander Brasil, maior oferta do mundo em 2009. Por outro lado, este decepcionou quando falamos no esperado retorno ao acionista (as units caíram 3,74% no dia do IPO). Com seu jeito discreto, a empresa de diagnósticos Fleury ingressou na bolsa no finzinho do ano, captou R$ 630 milhões e, ao menos para quem participou da oferta, foi a que mais deu motivos para comemorar. A ação de melhor desempenho em sua estreia no ano de 2009, com alta de 14,06%.
pela recuperação, Tenda
O primeiro parágrafo da matéria mencionou o setor imobiliário. É inevitável que a recuperação da bolsa haveria de incluir o segmento; afinal, foi um dos que mais sofreram quando a crise desabrochou. Mas a forma com que a virada ocorreu, no entanto, é de se chamar atenção. O governo Lula honrou um traço histórico da economia brasileira: na hora de estimular a economia, o alvo é o setor de construção civil.
Com esta estratégia, consegue se atingir o efeito multiplicador de Keynes de baixo para cima – ou seja, por englobar mão de obra com menor grau de escolaridade e, supostamente, de menor renda. Estímulos pelo lado da demanda, como Minha Casa, Minha Vida, e da oferta, como redução da carga tributária sobre materiais de construção, carregaram as ações do setor de volta para cima e o colocou em evidência na comparação setorial. Entre elas, dá para destacar a Tenda, cujos papéis saíram de 2008 com baixa de nada menos que 88,68% e terminaram 2009 com valorização de 374%.
pela resistência, Positivo
O ano foi das fusões e aquisições. O que envolve gigantes como Brasil Foods, Fibria e por aí vai… Entre estes movimentos, alguns já eram preanunciados, como a aquisição da “eficiente” GVT por alguém e da promissora Positivo por algum rival internacional de olho no potencial do mercado brasileiro de microcomputadores.
Mas a Positivo resistiu às investidas, cujos rumores incluíam nomes de peso no setor como Acer, Lenovo e Hewlett Packard. No final das contas, a empresa ampliou gradativamente seu market share no cada vez mais promissor mercado doméstico.
Resultado: já responde por 23,3%* do mercado brasileiro de notebooks, sua ação subiu 231% em 2009 e segue alvo de potencial aquisição.
*dado do período entre julho e setembro de 2009