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SÃO PAULO – A Ata do Fomc (Federal Market Open Committee) será divulgada nesta quarta-feira (21), mas vem gerando tensão nos mercados acionários desde que a reunião do Comitê foi realizada, no final de julho.
A minuta ganha importância para os mercados, principalmente após as sinalizações, em maio deste ano, de que o Federal Reserve irá diminuir o ritmo do programa de títulos denominado Quantitative Easing 3, o que causou uma “debandada” de investidores dos países emergentes, com o fim do dinheiro barato.
Na última reunião, o Fed reduziu as projeções da economia, mas não sinalizou quando irá retirar o Quantitative Easing 3 e manteve a taxa de juros. Deste modo, a ata será especialmente importante para trazer mais indicações sobre o que pensam os integrantes do comitê sobre a continuidade do programa de flexibilização monetária.
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As indicações são de que o Federal Reserve tenha um discurso mais brando, conhecido pelo mercado como dovish. Porém, mesmo com todos os movimentos das últimas sessões, a minuta ainda pode balançar o mercado.
Alguns observadores acreditam que a autoridade monetária está pronta para diminuir o programa de compra de títulos no valor de US$ 85 bilhões mensais, enquanto outros discordam. Enquanto isso, o rendimento dos títulos já sinaliza os próximos passos do Fed: os Treasuries de 10 anos, tidos como referência, elevaram para 2,9%. “Os preços dos Treasury Bonds aparentemente já anteciparam boa parte do tapering”, destaca a LCA Consultores.
Os economistas da consultoria ressaltam ainda que, a julgar as recentes declarações de diretores do Fed e os indicadores da atividade econômica e inflação, as chances da autoridade monetária manter a sinalização do tapering do QE3 a partir de setembro são altas. Portanto, avaliam, a minuta devem ser hawkish – mais agressivas e incisivas na direção da diminuição do ritmo de compras – referente ao QE3.
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Por outro lado, aponta a LCA, os integrantes do Fed devem desvincular a diminuição do ritmo de compras do aumento da taxa básica de juros. Eles ressaltam ainda que alguma discussão em torno da redução da meta de desemprego de 6,5%, que serve de referencial para a política de juros, não pode ser descartada. “Em suma, quanto aos juros, o FED deve manter sua mensagem dovish”, afirmam os consultores.
Um outro fator que gera volatilidade ao mercado são os rumores de quem será o próximo presidente da autoridade monetária. Janet Yellen era tida como a favorita para o cargo, mas ela já não é vista como a sucessora clara desde que o nome do ex-secretário do Tesouro Larry Summers ganhou forças e é visto como a escolha preferida do presidente Barack Obama. Yellen adota uma linha mais parecida com a de Bernanke enquanto Summers tem uma postura que indica uma retirada mais imediata dos estímulos econômicos.
Dovish X Hawskish
O termo dovish é um neologismo inglês que deriva da palavra pombo em inglês (dove), que reflete uma postura de autoridades de mercado de taxas de juros mais baixas e uma postura mais tolerante com a inflação. Já o termo hawkish é o contrário, derivado do termo falcão em inglês (hawk) definindo os defensores de juros mais altos e de uma política de austeridade mais forte.