B3 (B3SA3) divulga resultados neutros, enquanto analistas se dividem: ação já precifica melhora do mercado?

Os resultados no geral mostraram algumas tendências positivas, mas o catalisador deve ser melhora dos volumes de operação

Mitchel Diniz

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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A B3 (B3SA3), empresa controladora da Bolsa de Valores do Brasil, registrou no segundo trimestre de 2023 (2T23) um lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 1,052 bilhão, representando uma queda de 3,6%. Os resultados no geral foram considerados neutros para os analistas, mas com algumas tendências positivas.

A B3 também anunciou uma revisão para cima em sua orientação de despesas para 2023, que já era esperada em certa medida devido à aquisição da Neurotech (novas expectativas de R$ 1,04 bilhão a 1,1 bilhão contra R$ 0,98 bilhão a 1,05 bilhão anteriores).

“O que gostamos no trimestre foi o aumento na média de preço de negociação e a contenção de custos”, diz análise do Itaú BBA, escrita por Pedro Leduc, William Barranjard e Mateus Raffaelli. “Isso pavimenta caminho para um crescimento substancial de ganhos quando os volumes acelerarem no segundo semestre de 2023”, afirmam, apostando que as receitas de trading e pós-trading em equities vão continuar crescendo de maneira relevante na segunda metade do ano.

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Os analistas observam que o melhor controle de custos permitiu que a B3 impulsionasse sua margem Ebitda em dois pontos percentuais, para 73,5%, acima das previsões do  BBA. A equipe de análise diz ainda que a ação está sendo negociada a múltiplos atraentes, descontada de sua média histórica.

“Muito das notícias negativas ficou para trás e ainda que as receitas não sejam fantásticas, um melhor cenário adiante, com juros em queda, deve começar a influenciar mais a tese de investimento”, conclui o BBA. A casa tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para B3SA3, com preço-alvo de R$ 17 – potencial de valorização de 19,1% em relação à cotação de fechamento de ontem.

O Credit Suisse manteve avaliação neutra para o papel, após a divulgação do resultado, com preço-alvo de R$ 16. Na visão de Marcelo Telles, Daniel Vaz e Fernanda Sayão, os resultados operacionais da B3 vieram em linha com o esperado. Os analistas também destacaram os impactos positivos dos projetos de eficiência de custos da companhias, iniciados no final do ano passado.

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Porém, o time do Credit observa que o volume médio diário negociado (ADTV) do mês de agosto não tem mostrado uma alta relevante na comparação com julho, que sazonalmente, é de volumes mais baixos.

“Assin, avaliamos que a B3 está bem precificada no atual nível”, afirmam os analistas do banco. Contudo eles enxergam chances de um movimento altista, considerando uma potencial tendência de ganhos no mercado de capitais ao longo do segundo semestre de 2023 ou em 2024.

“Nenhuma novidade é uma boa notícia”, é o título da análise da XP sobre os resultados da B3 no segundo trimestre. A casa afirma continuar mantendo visão conservadora sobre o nome.

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“Em relação à receita, seus números vieram em linha com nossas estimativas. Do lado das despesas, no entanto, a empresa conseguiu reduzir custos para acomodar os maiores gastos com as empresas recentemente adquiridas”, observam Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre.

O time da XP espera que os resultados da B3 continuam pressionados por um crescimento moderado de ADTV e os recentes investimentos ligados à tecnologia (Neoway, Neurotech e Datastock), até que comecem a dar frutos.

“No entanto, reforçamos a nossa convicção de que o desempenho das ações B3SA3 será provavelmente mais impulsionado pelo fluxo de notícias sobre eventual concorrência e as atividades do mercado de capitais do que pelos resultados financeiros”, afirmam os analistas.

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A XP tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 13,60 para a ação.

Na visão do Bradesco BBI, o mercado deve ver os resultados da B3 como neutros para as ações, sem grandes surpresas na frente operacional.

“Em nossa visão, as ações da B3 devem continuar sendo fortemente impulsionadas pelas expectativas de maiores volumes daqui para frente, acima dos atuais níveis de R$ 25 bilhões ao dia, o que depende, em última análise, de novas surpresas no front econômico –ou seja, cortes de taxas de juros acima do esperado daqui para frente, atividades dos mercados de capitais se aquecendo e maiores fluxos para ações (aumento do apetite de risco dos investidores)”, aponta.

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O banco aponta que uma reavaliação das ações parece dependente de uma maior aceleração dos principais impulsionadores (volumes) na frente operacional. A recomendação para os ativos é outperform, com preço-alvo de R$ 17.

O mercado mostra divisão sobre as expectativas para as ações B3SA3, segundo compilação da Refinitiv: metade (7) recomenda compra e a outra metade (7) manutenção, com preço-alvo de R$ 14,90, ou potencial de valorização de 4,41% frente o fechamento da véspera.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados