B3 deverá ter primeiro ETF quant de criptoativos do mundo

Gestora brasileira iVi Technologies prepara novo índice em parceria com a bolsa MIAX, de Miami, e promete ETF para o segundo trimestre

Paulo Alves

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A Bolsa brasileira poderá ser a pioneira dos fundos de índice (ETFs) de criptoativos com estratégia quantitativa. A gestora iVi Technologies, com sede em Belo Horizonte (MG), está em tratativas com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para listar, no segundo trimestre de 2023, um produto do tipo na B3.

O fundo irá espelhar um novo índice que deverá ser lançado até o mês de março, desenvolvido em parceria com a MIAX, bolsa de valores de Miami. Ao contrário de demais índices de cripto, o novo produto será calibrado mensalmente com ajuda de Inteligência Artificial e algoritmos com o objetivo de surfar movimentos de mais curto prazo em uma classe de ativos conhecidamente volátil – e, assim, maximizar os ganhos para o investidor.

Considerando as 10 principais criptomoedas do mercado, conta o CEO da iVi Technologies, Lendel Lucas, o iVi MIAX Quant buscará navegar o potencial novo ciclo de alta que se inicia em 2023, mas com a possibilidade de liquidar posições e comprar criptomoedas indexadas ao dólar, as chamadas stablecoins, em uma eventual baixa.

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Ao contrário de gestoras quant que fazem trades mais arriscados – inclusive na FTX – para entregar maiores retornos, a iVi recorre a algoritmos para automatizar o trabalho do gestor e mudar mais a cara da carteira a cada balanceamento. Um fundo da iVi aberto nos EUA há cerca de dois anos usando a mesma tecnologia costuma ter mudanças em 30% a 40% do portfólio a cada mês.

“Quando a gente fala ‘quant’, muita gente pensa naqueles high frequency trading (negociação de alta frequência), que são fundos robôs que ficam tradando o tempo todo. O nosso é um algoritmo de baixa frequência, que é bem mais alinhado com os fundos quant dos EUA e da Europa”, conta o CEO.

A ideia do fundo vem pelo menos desde 2017, mas foi adiada dada a pequena quantidade de altcoins de maior valor de mercado àquela altura. Hoje, a iVi sustenta que o amadurecimento do setor é capaz de alimentar o algoritmo com os dados necessários para aproveitar melhor as rápidas flutuações de mercado.

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Só neste começo de ano, o Bitcoin subiu quase 40%, apagando totalmente as perdas com a falência da FTX. No entanto, criptomoedas menores dispararam bem mais, algumas na cada dos 100%. Um fundo comum balanceado a cada três meses, explica Lucas, tem menor capacidade de capturar movimentos dessa ordem em um período tão curto.

Apostando na retomada do setor em 2023, a iVi espera realizar uma captação expressiva, na casa de R$ 1 bilhão até o final do ano.

Por ora, a gestora conversa com a CVM para entender melhor como estruturar um ETF com um desenho como esse. Por esse motivo, ainda está aberta também a possibilidade de o fundo investir em criptos no exterior ou diretamente no Brasil, aproveitando nova resolução da autarquia que, segundo o CEO, pode permitir obter ganho operacional no câmbio ao realizar captações e resgates.

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Os lançamentos do índice e do ETF no Brasil são também os primeiros passos da bolsa de Miami para brigar pelo protagonismo da Nasdaq na América Latina. Na área das criptos, a MIAX busca aproveitar a fama crescente da cidade da Flórida como “hub cripto” nos Estados Unidos após receber empresas de mineração e até o prefeito Francis Suárez passar a receber salário em Bitcoin.

“Eles querem ser mais reconhecidos na América Latina, para serem a porta de entrada nos EUA. Já são a maior bolsa privada dos EUA, estão crescendo bastante, e ainda estão com expectativa de [realizar um] um IPO (abertura de capital) em 2023. Eles queriam essa visibilidade no Brasil”, conta Lucas.

Paulo Alves

Editor de Criptomoedas