Ibovespa ameniza queda e recua 14% após anúncio de estímulos do Fed; dólar sobe a R$ 4,84

Mercado tem um dia de pânico

Ricardo Bomfim

Ações em queda (Crédito: Shutterstock)
Ações em queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa reduz as perdas depois de chegar a cair quase 20% nesta quinta-feira (12). A amenização se deu após anúncio do Federal Reserve de que oferecerá mais de US$ 1 trilhão em liquidez ao mercado monetário através de duas operações de recompra reversa. A primeira operação acontece nesta quinta, com a oferta de US$ 500 bilhões em operações “repo”, ou de acordo de recompra. Na sexta, o Fed de NY oferece mais US$ 500 bilhões em operações em um mês. As bolsas americanas saíram de quedas de 9% para 6%.

Se o principal índice da B3 chegasse a cair 20% teria sido o terceiro circuit breaker só nesta quinta. A Bolsa abriu em forte queda e acionou o mecanismo perto das 10h30 (horário de Brasília), logo depois de reabrir, às 10h52, o Ibovespa caiu 15% e acionou o segundo circuit breaker. Se houver ainda queda de 20%, ocorrerá suspensão dos negócios por prazo a ser definido pela Bolsa. Nessa hipótese, a decisão deverá ser comunicada ao mercado. De qualquer forma, na última meia hora de pregão, as negociações acontecerão.

Às 14h48, o Ibovespa registrava queda de 14,49% a 72.831 pontos, após acionar mais dois circuit breaker hoje.

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Enquanto isso, o dólar comercial sobe 2,86% a R$ 4,853 na compra e a R$ 4,8556 na venda. O dólar futuro para abril sobe 1,05%, para R$ 4,866.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe 53 pontos-base a 6,13%, DI para janeiro de 2023 dispara 70 pontos-base a 7,10% e DI para janeiro de 2025 também sobe 70 pontos-base a 8,12%, acionando limite de negociação.

A queda de hoje acompanha o desempenho do MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), que despencou 16% no pré-market. Ontem, o ETF já teve um desempenho bem pior, fechando em queda de 13%, que o do principal índice da B3, por conta da derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro à ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) pelo Congresso. A fala do presidente americano, Donald Trump, só acionou ainda mais gatilhos de queda depois disso.

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Trump proibiu todos os voos entre a União Europeia e os EUA, à exceção do Reino Unido, para conter a pandemia de coronavírus, prejudicando ainda mais o comércio global. Os investidores ainda tinham esperança de que ele fosse anunciar estímulos, mas em vez disso, o presidente tomou uma decisão que deve piorar o desempenho das empresas no mundo todo.

O número de casos do coronavírus superou 125.000 um dia depois da declaração de pandemia feita ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O petróleo tem 2ª queda seguida e WTI chega a US$ 30 na mínima; metais têm baixa expressiva em Londres.

O Banco Central Europeu (BCE) aprovou novas medidas de estímulo para ajudar a economia da zona do euro em meio à pandemia de coronavírus, mas manteve as taxas de juros.

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A autoridade monetária informou que vai oferecer novos empréstimos aos bancos, oferecerá instrumentos de liquidez previamente acordados a taxas ainda mais favoráveis e aumentará temporariamente a compra de ativos.

Guedes pede apoio ao Congresso

Após governo ser derrotado na derrubada do veto sobre o BPC, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu nesta quarta-feira apoio para deputados e senadores para aprovação das reformas e uma revisão do orçamento da saúde para minimizar o impacto da pandemia do coronavírus na economia, informa o Valor.

Segundo ele, o efeito do coronavírus pode ser suave, provocando perda de PIB entre 0,1 e 0,5 ponto percentual. Se a pandemia tomar conta do Brasil e não houver reformas, pode chegar até 1%, teria alertado o ministro em reunião de emergência realizada nesta noite no Congresso; o encontro foi fechado, mas parlamentares divulgaram parte das falas, destaca o jornal.  Guedes teria dito que há espaço monetário, mas não fiscal e por isso haveria necessidade das reformas, enquanto ministro ressaltou a PEC Emergencial, a dos gatilhos da regra de ouro e do Pacto Federativo.

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Governo e Congresso avaliam R$ 5 bilhões para combater o coronavírus, disse o presidente da Câmara Rodrigo Maia em entrevista à imprensa após reunião com ministros como Guedes e Henrique Mandetta, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de parlamentares, na noite de quarta-feira. “Tenho certeza que governo e Congresso em conjunto vão organizar essa solução ainda essa semana”, disse Maia.

O governo olha com cuidado alguns setores, como aviação e serviços, mas nenhuma intervenção foi decidida, disse Maia. “Estamos abertos para, por exemplo, ajudar o governo na suplementação do orçamento emergencial para reforçar ações de combate ao vírus. Legislativo e Executivo vão definir medidas ainda esta semana”.

Noticiário corporativo 

A Petrobras comunicou na noite de ontem que atingiu recorde de produção no campo de Búzios, que fica no pré-sal da Bacia de Santos. Segundo a estatal, no dia 10 de março a produção no campo atingiu 640 mil barris diários de petróleo, ou 790 mil barris por equivalência (boe). Já a Vale informou na noite de ontem que reforçará a governança corporativa. A empresa anunciou a criação de um Comitê de Auditoria, que e reportará diretamente ao Conselho de Administração. A SLC Agrícola publicou balanço na noite de ontem.

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(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.