Publicidade
SÃO PAULO – A crise financeira que assolou o sistema bancário norte-americano e a polêmica envolvendo a remuneração de executivos em Wall Street parece não ter inibido a política de pagamentos de bônus exorbitantes.
Segundo notícia veiculada pela CNN Money nesta quinta-feira (30), citando estudo realizado pelo Procurador-Geral de Nova York, Andrew Cuomo, a maioria dos bancos que receberam aporte financeiro do Tarp (Troubled Asset Relief Program) destinou a seus funcionários um valor de remuneração maior do que os ganhos acumulados durante 2008.
“Quando os bancos estão bem, seus empregados são bem pagos. Quando os bancos estão mal, seus empregados são bem pagos. E quando os bancos estão muito mal, eles são salvos pelos pagadores de impostos e seus empregados ainda são bem pagos”, conclui Cuomo, após o levantamento realizado.
Continua depois da publicidade
Explicando com exemplos
O procurador-geral justifica sua análise através de exemplos, como o caso do Citigroup, um dos bancos mais ajudados pelo governo, ao retirar em torno de US$ 45 bilhões dos fundos do Tarp. Em 2008, a instituição sofreu perdas de mais de US$ 27 bilhões. No entanto, destinou um valor estimado em US$ 5,3 bilhões aos seus funcionários, como forma de bonificação.
Outra instituição do país que foi alvo da análise foi o Goldman Sachs, que destinou aos seus empregados cerca de US$ 4,8 bilhões em bônus, apesar de ter reportado ganhos de apenas US$ 2,3 bilhões no exercício de 2008. A companhia coletou US$ 10 bilhões em capital do plano de ajuda do governo, valor já devolvido.
JPMorgan Chase e Morgan Stanley foram outras instituições financeiras que bonificaram seus colaboradores com um montante maior do que os ganhos acumulados no ano passado.
Continua depois da publicidade
Para Cuomo, cultura dos bancos é a culpada
Após a realização do estudo, Andrew Cuomo afirmou que existem vários fatores determinantes para explicar essa questão, destacando que a bonificação é uma operação já enraizada nas instituições, ou seja, os funcionários pensam que terão essa remuneração adicional independente da performance anual dos bancos.
Cuomo toma como exemplo o depoimento de um dos membros do alto escalão da Merrill Lynch, que reconheceu que as práticas de bonificação realizada pela companhia antes da fusão com o Bank of America já faziam parte da cultura da empresa, ocorrendo mesmo quando alguma divisão da companhia reportava significantes perdas.