BC irá reduzir a rolagem de swaps cambiais; mas o que isso significa para o dólar?

Em resumo, a ideia é que a quantidade de dólares no mercado será reduzida daqui para frente, o que tende a representar uma alta da moeda norte-americana ante o real

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Ainda antes de toda a agitação política da última semana, o mercado já estava atento aos movimentos do Banco Central em relação ao dólar. Isso porque muitos investidores estavam preocupados que a autoridade monetária poderia reduzir a rolagem dos chamados swaps cambiais. O que de fato ocorreu na última quinta-feira (17). Mas você sabe o que isso significa para o mercado de câmbio?

Em resumo, a ideia é que a quantidade de dólares no mercado será reduzida daqui para frente, o que tende a representar uma alta da moeda norte-americana ante o real. O swap cambial funciona como uma venda de dólar no mercado futuro e serve para dar “hedge” (ou proteção) para empresas e investidores, ajudando a evitar oscilações mais fortes das cotações.

Estes contratos têm o potencial de tentar impedir pressões de alta da moeda norte-americana no mercado à vista. Nos últimos meses, o BC vinha rolando todos os vencimentos de swaps cambiais no mercado de derivativos, ou seja, emitindo novos contratos na mesma proporção daqueles que estavam vencendo.

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Nesta sexta-feira (18), o dólar segue em queda mesmo com o BC tendo reduzido em mais de 60% o volume de swaps cambiais para hoje. O lote foi diminuído de 9.600 para 3.600. Caso mantenha o ritmo até o fim deste mês, a autoridade resgatará cerca de 75% do total, segundo a LCA Consultores.

A redução, segundo o BC, reflete o entendimento de que o atual ambiente internacional permite rever suas posições em swaps. Uma fonte da autoridade monetária disse à Reuters que a decisão foi tomada após o Federal Reserve, banco central norte-americano, mostrar-se mais “dovish” na quarta-feira.

Atualmente, o BC administra estoque correspondente a cerca de US$ 110 bilhões em swaps, que oferecem aos investidores proteção contra a alta do dólar, distribuídos em diversos vencimentos no primeiro dia útil de cada mês. A autoridade monetária diz que a atuação tem como objetivo oferecer proteção cambial aos agentes e moderar a volatilidade no câmbio. Alguns analistas, porém, criticam a estratégia, que tende a gerar custos para o BC quando a moeda norte-americana sobe.

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No ano passado, as operações custaram ao BC cerca de R$ 100 bilhões pelo critério de competência, segundo dados da própria autoridade monetária, contribuindo para elevar o déficit nominal e a dívida bruta do setor público. Na dívida líquida, o resultado negativo é mais do que compensado pela valorização das reservas internacionais — que tem impacto apenas contábil.

O BC rolou integralmente os últimos sete vencimentos e iniciou o mês de março indicando que faria o mesmo com os vencimentos de abril. No entanto, no dia 4 de março, o BC vendeu apenas parcialmente a oferta de swaps em leilão diário para rolagem, quando o dólar desabava frente ao real.

A atuação levantou dúvidas sobre as intenções do BC, com alguns analistas sugerindo que a autoridade monetária gostaria de estabelecer um piso para a divisa. No entanto, o BC voltou a vender a oferta integral de 9,6 mil contratos nos leilões seguintes, indicando que ainda poderia rolar integralmente o lote que vence em abril.

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Após registrar em 2015 a maior alta anual em 13 anos, o dólar mudou de direção neste ano e passou a recuar firmemente em relação ao real. O movimento foi influenciado pelos mercados externos, onde sinais de desaceleração econômica vêm alimentando expectativas de que a política monetária dos principais bancos centrais deve continuar expansionista.

Além disso, a perspectiva de que a presidente Dilma Rousseff seja afastada do governo, vem desempenhando papel importante na queda do dólar. Muitos investidores acreditam que a eventual mudança de governo ajudaria o país a recuperar sua credibilidade entre agentes financeiros, embora alguns ressaltem que as turbulências políticas alimentam as incertezas.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.